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KIC InnoEnergy Highway, um programa para a área da energia

Falámos com Renato Braz, Business Creation Manager em Portugal, para conhecer o trabalho da KIC InnoEnergy junto do ecossistema empreendedor

O que é a Kic InnoEnergy?
A KIC InnoEnergy é uma empresa europeia cujo objetivo é estimular a inovação e o empreendedorismo no setor na energia e tecnologias limpas, que consideramos uma área vital para a sociedade.

Em que áreas atuam?
Começamos na fonte do conhecimento, as Universidades, onde temos mestrados e doutoramentos em parceria com Universidades de topo em toda a Europa. Depois temos uma fase de aproximação ao mercado em que apoiamos o desenvolvimento de tecnologias e inovações através do que chamamos projetos de inovação: projetos necessariamente em consórcio internacional, onde está o investigador e a empresa que será a comercializadora da tecnologia e que vai apoiar o seu desenvolvimento até chegar ao mercado. Na ponta final deste percurso temos a área de criação de negócio, onde o que fazemos é apoiar startups a desenvolver-se, através de um programa de aceleração, o KIC InnoEnergy Highway.

Quais as diferenças do KIC InnoEnergy Highway para outros programas?
É um programa exclusivamente dedicado à área da energia e investimos capital semente nos projetos para um desenvolvimento inicial dos projetos. Além disso, temos um foco muito grande: encontrar o primeiro cliente.

A dimensão europeia da KIC também é uma vantagem…
Sim, essa dimensão europeia é completamente basilar no que fazemos. Assim como o é o foco na questão da energia, como é o foco na questão do primeiro cliente – procurar um cliente para o projeto, que esteja disposto a pagar e que depois alavanque o crescimento. Acho que a questão do capital semente também é interessante: atuamos numa fase onde conseguimos financiar projetos que as capitais de risco ainda não consideram.

Como fazem isso?
Trabalhamos com o promotor e com uma rede de mentores que trabalha regularmente com os promotores no sentido de traçar um mapa de atividades, com os objetivos claramente identificados e as atividades necessárias para os atingir. Depois, o que fazemos é financiar diretamente os recursos necessários para que essas atividades existam, de uma forma muito gradual.

Em Portugal, começaram a apoiar empresas em 2014…
Na realidade já estava disponível através do nosso escritório em Espanha, que também tinha o mandato de cobrir Portugal, mas não era um foco. Em 2014 começámos a trabalhar com a RVE.Sol e a ISGreen, e nesse ano também entrou a ProDrone.

Hoje já apoiam quatro startups.
Sim, com a entrada da IonSeed. Infelizmente ainda nenhuma do Técnico.

É fácil ser-se empreendedor na área da energia e tecnologias limpas?
Não é fácil ser-se empreendedor em área nenhuma, mas cada vez menos assistimos ao panorama tradicional em que a energia é só para as grandes empresas. O problema é enorme e vão ser pequenas disrupções tecnológicas em diferentes áreas que vão fazer com que consigamos evoluir no sentido certo. Por exemplo, é muito complicado estar a pensar numa nova maneira de gerar energias renováveis, mas como são indústrias e tecnologias relativamente recentes há muito que se pode fazer para aumentar a sua competitividade.

A inovação que a KIC procura desde a sua criação não pode, então, dissociar-se do empreendedorismo?
As grandes empresas são uma parte inquestionavelmente importante do puzzle, mas não são a única. Se calhar precisamos de reforçar as competências de outra espécie de empreendedores, independentes, mais ágeis, para complementar o trabalho que as grandes empresas fazem e assim conseguir vencer este desafio que é enorme.

Perspetivas para o futuro da KIC em Portugal?
Queremos começar a ter um impacto mais visível, porque começámos em 2012 e isto é um trabalho que demora tempo a começar a arrancar: ainda há muita gente que não nos conhece e há muitos empreendedores que não nos conhecem.