De onde vêm as crises financeiras? Como resolvê-las? Para que serve a regulação? É necessária? Estas e outras questões foram discutidas em mais uma aula de Engenharia, Decisão e Políticas Públicas, unidade curricular do Instituto Superior Técnico que contou com Inês Drumond, vice-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), para conduzir a sessão de 27 de novembro.
A anatomia do setor financeiro esteve em análise – a oradora começou por explicar a forma como bancos, mercado de capitais (do qual a CMVM é reguladora) e seguros e fundos de pensões compõem o tecido de que é formado o setor. “Pelos riscos que acarreta”, é um setor “extremamente regulado” que tem de cumprir regras “bem pesadas”, explicou.
No passado recente, destacou dois pontos de interesse que abordou como casos de estudo: a crise de 2007/2008, que começou nos EUA e deveu-se a “falhas óbvias na regulação do setor bancário”, e a crise das dívidas soberanas, relacionada com as preocupações dos mercados relativamente à sustentabilidade da dívida pública grega, que depois alastraram para outros países. “O setor financeiro está muito baseado na confiança – daí a importância da regulação para assegurá-la”, recordou a convidada. Foram também apresentados os mecanismos de supervisão e regulação financeira criados após estas crises, postos em contraste com os que existiam antes.
Num parêntesis criado por uma dúvida colocada por um aluno, Inês Drumond distinguiu entre tipos de criptoativos e explicou que uma fração considerável destes passará a ser regulada a partir de janeiro de 2025. A esta dúvida, seguiram-se muitas outras colocadas pelos estudantes na audiência, aproveitando a oportunidade para explorar diferentes vertentes do setor financeiro.
Inserida na tipologia de ‘Humanidades, Artes e Ciências Sociais’, a unidade curricular de Engenharia, Decisão e Políticas Públicas procura desenvolver o sentido crítico de estudantes sobre como a engenharia e os sistemas de apoio à decisão – incluindo avaliação de risco, análise de dados, análise de decisão, análise estatística, otimização, modelação participativa, comunicação e planeamento por cenários – podem contribuir para uma melhoria na análise e decisão política em contexto real.
A esta aula, antecederam-se já sessões com Ana Fontoura Gouveia, antiga secretária de Estado da Energia e do Clima, Adalberto Campos Fernandes, antigo ministro da Saúde e António Leitão Amaro, atual ministro da Presidência, e Alexandra Leitão, antiga Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública.