Para os participantes da Web Summit esta terça-feira, 5 de novembro, começou bem cedo, e a capacidade de fazer networking também madrugou como bem demonstravam as muitas conversas que se estabeleciam nos transportes públicos, nas ruas que dão acesso à FIL ou até nas filas de espera para entrar. Caminhava-se a passos largos para o segundo dia do maior evento de tecnologia do planeta, considerado pela organização o verdadeiro primeiro dia dos trabalhos. Rever os últimos detalhes dos stands, alinhar estratégias de abordagem, procurar as bancas dos atuais ou potenciais parceiros, preencher a agenda com as palestras a não falhar ou apenas escolher por onde começar a viagem pelo mundo da inovação são apenas algumas das missões a prosseguir logo pela manhã. Uma coisa era garantida a todos: diversidade e conhecimento não faltariam.
De café na mão, o destino matinal preferido era quase sempre o Altice Arena, o palco que acolhe alguns dos mais importantes momentos e oradores do evento, ainda sem a confusão dos milhares dos corredores. Pelo caminho, a paragem inevitável para contemplar alguns dos stands mais originais. À chegada saltam à vista as cores, o entusiasmo e as selfies que se tiram com o palco como fundo. Ainda não são nove da manhã, e metade da plateia já está cheia. O motivo era o painel “Breakout Startups” onde, claro encontraríamos um alumnus Técnico. Nuno Fonseca, co-fundador e CEO da Sound Particles, foi um dos empreendedores que subiu a palco para apresentar de forma breve a ideia disruptiva por detrás desta startup.
“A computação gráfica foi provavelmente a maior revolução que aconteceu na indústria nos últimos anos”, começava por salientar o antigo aluno do Técnico e CEO da Sound Particles. Recorrendo a uma demonstração áudio, o empreendedor mostrava as potencialidades do software 3D que traz o “poder da computação gráfica para o som” e referia que o mesmo já é usado em Hollywood, em filmes como “Aquaman” e“ Wonder Woman”.
Salientando que o software da Sound Particles “não se destinam apenas ao cinema e à televisão, havendo empresas de videojogos bem conhecidas a usá-lo para criar sons épicos nos seus jogos”, salientava a determinada altura o alumnus do Técnico. “Então, de Portugal para o resto do mundo, dou-vos as boas vindas ao fantástico mundo da Sound Particles”, concluía o CEO da startup, aplaudido de forma entusiástica pela plateia.
Mas se são muitas as mensagens importantes passadas nos palcos centrais da Web Summit, há também quem use os corredores para passar recados importantíssimos. É o caso de quatro alunas do Técnico: Inês Duarte, aluna de Matemática Aplicada e Computação, Clara Marto, aluna de Engenharia Mecânica, e Catarina Custódio e Catarina Gomez, ambas alunas de Engenharia e Gestão Industrial. O projeto tem como objetivo promover a discussão e contacto entre alunas do Ensino Secundário e Superior, mostrando o que significa estudar STEM (Science, Technology, Engineering, Maths) e tentando contribuir para o aumento da quantidade de raparigas que estudam estas áreas. Na Web Summit, estas alunas pretendem além de apoiar a Accenture- que é uma das investidoras do projeto-, querem promover o projeto e arranjar novos contactos. “Queremos chegar a empresas que estejam interessadas nos nossos projetos e queiram investir”, sublinha Catarina Custódio. “Queremos expandir-nos internacionalmente, mas ainda estamos a avaliar opções. Já temos algumas oportunidades de ir a outros países dar a conhecer o nosso projeto a escolas lá fora”, afirma ainda. Além deste trabalho que vão fazendo com muita simpatia por todo o recinto, as antigas alunas confessam que “a Web Summit é também uma boa maneira de conhecer mulheres inspiradoras”.
Quisemos saber quais as primeiras impressões e sensações na chegada ao esplêndido e diverso recinto da Web Summit do grupo de alunas, nem todas estreantes nestas andanças. “Eu só tinha tido acesso ao palco do Altice Arena numa edição anterior e fiquei extremamente surpreendida com a dimensão. É um mundo completamente diferente, com pessoas super interessadas e disponíveis, inspiradoras e que querem expandir os seus contactos”, partilhava Clara Marto. “A minha reação foi literalmente ‘Uau’”, confessa Catarina Custódio. Este evento é sem dúvida uma forma de percebermos o leque de oportunidades que temos. Estamos a estudar engenharia, mas no futuro podemos fazer tantas coisas, e aqui conseguimos perceber isso”, vinca, por sua vez, Clara Marto.
Ao longo do dia foi exatamente o futuro que esteve em cima da mesa. Falou-se do 5G, dos carros voadores, do Brexit, a importância do desporto, e claro em cada esquina falou-se e mostrou-se tecnologia. O aviso do que esperava os participantes estava, aliás, logo à entrada num dos cartazes do corredor de acesso: “A Web Summit é onde o futuro vai nascer”. Ao fim de apenas umas horas é impossível não concordar.