Campus e Comunidade

No Dia Internacional da Mulher a mobilidade profissional foi tema de debate no Técnico

O debate contou com as presenças na plateia das Embaixadoras da Suécia, Países Baixos, Irlanda e Costa do Marfim

No Dia Internacional da Mulher e no âmbito da Presidência Francesa do Conselho da União Europeia decorreu esta terça-feira, dia 8 de março 2022, no Técnico o debate “Mobilidade profissional das mulheres na Europa: oportunidades e desafios”.

No arranque da sessão, o jornalista e moderador, João Maia Abreu começou por se referir aos “desafios que as mulheres enfrentam na mobilidade profissional”, realçando que existe “uma discrepância real entre homens e mulheres” nesta matéria.

Na intervenção inicial do debate o Presidente do Técnico, professor Rogério Colaço, começou por referir o voto das mulheres como sendo “normal em tantos países, mas não em todos”. De seguida, fez uma breve apresentação do grupo Gender Balance@Técnico e concluiu afirmando que “a única coisa que a sociedade não pode desperdiçar é o talento”.

Florence Mangin, Embaixadora de França em Portugal, começou a sua intervenção com uma breve nota sobre a guerra na Ucrânia, referindo-se à “agressão infundada da Rússia”. A Embaixadora falou sobre a progressão na igualdade entre homens e mulheres para concluir que a “União Europeia não é apenas um mercado único, mas sim um conjunto de valores”. Florence Mangin interveio ainda sobre um conjunto de iniciativas que visam o aumento de mulheres nos conselhos de administração das empresas e pela igualdade salarial, afirmando que um dos grandes objetivos da Presidência Francesa da União Europeia é, precisamente, “a construção de uma Europa mais igualitária”.

A representante do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, Marica Ferri, iniciou a sua intervenção falando sobre o seu percurso profissional e a sua experiência enquanto mulher em instituições internacionais, para concluir que “na maior parte das famílias é a mulher que renuncia à sua carreira em detrimento da do marido”, não tendo sido este o seu caso.

Outra das intervenientes no debate, a professora Dominique Epiphane, do Centre National de la Recherche Scientifique, apresentou algumas conclusões do seu estudo sobre casos de sucesso de mulheres na área da Finança, realizado em França, Suécia, Suíça e Reino Unido. Para a investigadora, “a licença de parentalidade devia ter a mesma duração, obrigatória, que a licença de maternidade tem”. A respeito da presença de mulheres nos conselhos de administração de empresas, Dominique Epiphane defende que “deviam existir cotas para mulheres”.

O impacto da COVID-19 no Ensino foi o tema da investigação conduzida pela professora Virgínia Ferreira, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, através do qual a investigadora concluiu que “as mulheres na Academia têm uma sobrecarga devido ao acumular do trabalho doméstico”. “Predomina ainda a ideia de que no casal a prioridade é o sucesso do homem”, foi outra das conclusões a que a professora da Universidade de Coimbra chegou através do estudo realizado. Uma das conclusões mais marcantes do trabalho realizado por Virgínia Ferreira é a “desigualdade entre homens e mulheres nas carreiras de topo na Academia”, o que levou a académica a defender a necessidade de “políticas públicas neste domínio”, bem como a “obrigatoriedade de certas medidas e punição por incumprimento das mesmas”.

A representante do Técnico no debate, professora Beatriz Silva, cocoordenadora do Gender Balance@Técnico, começou por apresentar o trabalho desenvolvido pelo Grupo. Entre as várias iniciativas, referiu-se ao Prémio Maria de Lourdes Pintasilgo e à adoção da medida de pós-parentalidade introduzida pelo Técnico. Concordando com a professora Virgínia Ferreira, Beatriz Silva defendeu também que “existe um afunilamento na carreira académica”, no que respeita a lugares de topo de carreira.

No encerramento da sessão, a Chefe da Representação da Comissão Europeia em Portugal, Sofia Moreira de Sousa, concluiu que “este foi um debate muito interessante”, orgulhando-se de “pertencer a uma União que é líder mundial na promoção dos direitos das mulheres”. Sofia Moreira de Sousa referiu-se ainda às políticas de igualdade na União Europeia e à violência de género, afirmando que “só mudanças de mentalidade não chegam, são precisas políticas públicas para alcançar a igualdade”. Também, à semelhança da Embaixadora Francesa, a Chefe da Representação da Comissão Europeia em Portugal, falou sobre a guerra na Ucrânia afirmando estar “solidária” com as mulheres russas que protestam.