Campus e Comunidade

O impacto da vigilância epidemiológica em águas residuais

O microbiólogo e docente da University of Washington, o professor Scott Meschke, foi o orador de mais uma palestra American Corner@IST.

O investigador do Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico (LAIST), Ricardo Santos, responsável pela abertura do evento, assegurava desde logo o interesse da palestra, não só pelo tema em foco, mas sobretudo pelo orador convidado: o microbiólogo e docente da University of Washington, o professor Scott Meschke. O evento, organizado pelo American Corner@IST, em colaboração com o LAIST, realizou-se através da plataforma Zoom, na última sexta-feira, 9 de julho e de facto as expectativas criadas rapidamente se cumpriam.

A palestra contou com a moderação da professora Joan B. Rose, especialista em Microbiologia da Água, Qualidade da Água e Segurança da Saúde Pública, docente da Michigan State University e vencedora do Stockholm Water Prize, considerado o Nobel da Água. Além de apresentar o orador e o seu percurso, a especialista fez questão de salientar o trabalho que tem sido feito por esta comunidade ao longo dos tempos, e recentemente na monitorização do SARS-CoV-2.

A palavra seria depois passada ao professor Scott Meschke que depois de uma breve visão geral sobre a epidemiologia em águas residuais, deu a conhecer algum do trabalho feito na vigilância da circulação de poliomielite (polio), febre tifoide e, agora, o SARS-CoV-2. Assim como a atualidade o exige, foi neste último tópico que o microbiólogo mais se demorou, evidenciando a potencialidade deste instrumento e o caminho que ainda poderá ser feito.

Antes de avançar para a exploração de todo o trabalho desenvolvido, e para os menos entendidos na área, o orador explicava que a vigilância ambiental “é basicamente a amostragem e análise de águas residuais e águas de superfície impactadas por vírus, bactérias e outros alvos microbiológicos. “Fazemo-lo por uma variedade de razões: por vezes estamos a tentar julgar a exposição das pessoas, e por vezes estamos a tentar julgar realmente o que circula dentro de uma população”, complementou.

De acordo com o orador, “podemos utilizar as águas residuais como uma grande amostra composta da população. Por isso estamos a utilizá-las como meio para tentar compreender a circulação da doença numa comunidade que pode não ser evidente através da deteção clínica ou pode dar-nos informações adicionais em relação às que são fornecidas pela vigilância clínica”, complementou.

Acerca da forma como a vigilância ambiental pode auxiliar na resposta das entidades de saúde, o microbiólogo evidenciou, entre outros: a capacidade de deteção precoce da introdução e reincidência do vírus SARS-CoV-2 numa comunidade; o rastreamento da eliminação do vírus numa população e avaliação do risco de endemicidade e sazonalidade; orientações sobre os esforços de relaxamento ou de pressão das medidas; a caraterização da prevalência populacional; e o acompanhamento da evolução viral.

O orador fez depois um ponto da situação de onde a comunidade de investigadores desta área se encontra neste momento e do que ainda é necessário fazer, evidenciando a necessidade de otimização e uniformização do método.