As duas cadeiras que habitualmente configuram a sessão das Alumni E. Stories foram, desta vez, ocupadas por Daniel Vila Boa, CEO da Chilltime e Rui Maia, um dos fundadores da Xpand IT. O formato, por si só muito pouco formal, destas sessões de partilha entre antigos alunos empreendedores e atuais alunos, tem vindo a cativar cada vez mais participantes, como o comprovou a ocupação de todos os lugares da Sala Q01, na passada quarta-feira, 6 de dezembro.
A conversa, sem guião, começou exatamente no princípio de tudo. Um passado comum que, apesar de ter sido vivido em anos diferentes, teve algumas semelhanças. Daniel e Rui, antigos alunos de Engenharia Informática e de Computadores, vieram para o Técnico saciar a sua sede de conhecimento. De cá levaram, além da “capacidade de trabalho que a escola exigia e que temos que ir desenvolvendo”, um misto entre “competição e o companheirismo” que lhes deu ensinamentos para o futuro. O trajeto dotou-os, e são unânimes nessa ideia, “muitas ferramentas, para prosseguimos ou desenvolvermos o nosso espírito empreendedor”, afirmava Rui Maia, acompanhado de uma expressão de concordância de Daniel Vila Boa.
Por falar em empreendedorismo, foi na forma como este caminho se colocou aos dois alumni que surgem as diferenças nas histórias. Quando o CEO da Chilltime chegou ao Técnico era já um jovem empreendedor, que aproveitou “todo o conteúdo que aprendia nas aulas” para aplicar em novos projetos. Daniel Vila Boa foi o autor de uma das maiores redes sociais nacionais – a NetJovens, e foi exatamente o sucesso deste projeto que o fez enveredar por este percurso profissional. “E pronto foi mais ou menos assim que me tornei empreendedor: as oportunidades que apareciam e que eu aproveitava empurraram-me para tal”, confessa Daniel Vila Boa.
Com Rui Maia as coisas foram ligeiramente diferentes. A necessidade de resolução de um problema que se colocava a uma grande empresa bateu à sua porta e de mais três colegas do Técnico, eles abriram e souberam aproveitá-la. Passaram 15 anos desde então, e a Xpand IT tem vindo a somar clientes, notoriedade e soluções de mercado. “O começo foi uma forma de conseguirmos capital, de nos lançarmos para o mercado, foi o impulso para chegarmos a novas ideias”, relembra o alumnus. De quatro, a empresa passou para um capital humano que hoje ronda as 200 pessoas, como partilhou Rui Maia, num tom que lhe desvenda o orgulho.
Os relatos dos dois alumni iam demonstrando como percursos distintos podem resultar igualmente no sucesso. Daniel Vila Boa viu os seus projetos iniciais estagnarem, mas retirou daí toda uma aprendizagem e um estímulo para ir mais longe. “Em 2009 disse para mim mesmo que ia criar um projeto que não tivesse nada a ver com publicidade, que tivesse um caráter internacional, e que ligasse duas áreas que gosto muito: as redes sociais e os jogos. E assim foi desde o primeiro dia”, relatou o alumnus. Foram dessas certezas que nasceu a Chilltime. “Eu aceito o caos como um estado natural, os momentos baixos como parte do sucesso, e nos momentos bons não me deixo levar pelo êxtase”, assinalou a determinada altura, descrevendo o conjunto de sensações que podem advir desta vida de empreendedor.
O percurso estável e ascendente da Xpand-it foi o resultado de “muito foco em diversos aspetos e tecnologias”, como frisou Rui Maia. “Acho que está aí o segredo do nosso sucesso, isso e termos delineado sempre como nosso objetivo levar sempre algo diferente para as organizações”, acrescentou. Assim de degrau em degrau e desafio após desafio “fomos percebendo ao longo dos anos que gostamos de criar produtos e que somos bons a fazê-lo”, declarou o fundador da Xpand IT.
No meio de tudo isto ambos revelaram o que lhes foi essencial: a vontade de arriscar e a certeza que não se podiam deixar estagnar. Depois, é ir carregando as baterias da “paciência, da perseverança, da capacidade de trabalhar no duro”. “São poucas as coisas onde o resultado se vê imediatamente”, frisava Daniel Vila Boa, e “o mais importante é vocês sentirem que todos os dias estão a aprender”. “É preciso ter vontade de fazer, e sobretudo sentirmos que somos capazes de resolver algo, e depois adicionamos a isto um bocadinho de sorte e a escolha do momento oportuno para nos lançarmos”, declarava de seguida Rui Maia. E sobre a “sorte” o CEO da Chiiltime também tinha algo a dizer: “valorizamos muito na nossa empresa a postura positiva das pessoas, porque quando nos consideramos pessoas com sorte, olhamos para a vida com outros olhos, e vemos certas coisas como oportunidades, agarrando-as”.
A determinada altura, o CEO da Chilltime reiterava a importância de “durante o caminho ler histórias de pessoas que vingaram, ouvir experiências, porque mesmo que não seja agora, há um dia na vossa vida que vão perceber que aquilo que ouviram ou leram faz todo o sentido na vossa vida”. Com certeza, será exatamente assim que os participantes desta segunda edição das Alumni E. Stories, se sentirão daqui a uns anos.