Fez a licenciatura em Engenharia Mecânica e o mestrado em Gestão de Tecnologia e Políticas de Engenharia no Técnico. Hoje, o engenheiro João Taborda é diretor de relações externas na Embraer, uma das maiores construtoras de aeronaves no mundo. “Fiz trabalho de engenharia durante oito meses, mas desde cedo comecei a perceber que gostava era de ir para as empresas, criar ligações entre as empresas e as universidades”, explica. “Comecei desde cedo uma atividade mais virada para fora, de gestor ou promotor da tecnologia, para tentar ver o que se faz nas universidades que possa ajudar as empresas.”
“Na Embraer começámos a ter alguma relação com o Técnico por via dos projetos de I&D, e depois acabámos por formalizar um protocolo com a escola”, assume, lembrando que as prioridades têm que ser atividades que conjuguem “o papel, as motivações e a função” das duas instituições.
“A função do Técnico é preparar as pessoas, e isso é uma coisa que o Técnico faz como muito poucas universidades. Além disso, há um grande interesse em desenvolver atividades nos seus grupos de investigação que se aproximem da realidade de indústria. A nós interessa-nos ter pessoas preparadas que já conhecem a empresa.” Além disso, a Embraer fomenta também as colaborações ao nível de I&D, e de políticas públicas, através de vários projetos conjuntos e candidaturas a programas comunitários.
Para o professor Manuel Freitas, docente do departamento de Engenharia Mecânica que está, há alguns alunos, ligado a esta colaboração, a relação entre o Técnico e a Embraer é natural: “A Embraer é o maior construtor mundial depois da Boeing e da Airbus, e o Técnico tem o melhor curso de Engenharia Mecânica e o melhor, e praticamente único, curso de Engenharia Aeroespacial do país. As mais-valias para ambos os lados são imensas”.
Desde que a empresa venceu a privatização da OGMA, em 2005, e instalou duas fábricas em Évora, “ganhou alguma visibilidade” em Portugal, explica João Taborda. Hoje, essas unidades fabris no Alentejo são consideradas “centros de excelência” dentro da Embraer: “Concentramos tecnologia única dentro do grupo em Évora, e portanto temos que manter uma geração de conhecimento local, onde o Técnico é absolutamente incontornável”, afirma. Não são só, no entanto, as parcerias em projetos de I&D e o recrutamento de graduados do Técnico que a Embraer oferece à comunidade escolar. Como diz João Taborda, “as portas da Embraer estão abertas para que os alunos visitem, circulem e tenham muito contacto com a empresa para que sintam o que pode ser a sua vida profissional futura”.
Isso quer dizer, por exemplo, que a Embraer pode oferecer estágios a alunos do Técnico, ou ainda que colabora em teses de mestrado. “As teses de mestrado têm uma grande vantagem”, já que, considera o engenheiro, “ajudam a criar especialistas”. “Quando faz uma tese de mestrado, o aluno já mergulhou num tema e deu passos suficientes para ser especialista, e isso interessa-nos bastante.”
“Uma tese de mestrado sobre uma tecnologia que nós, à partida, possamos identificar como de interesse para nós posiciona muito bem a pessoa para começar a ser um especialista e, naturalmente, para vir a trabalhar connosco nessa tecnologia”, afirma. Já os estágios “são considerados caso a caso”, explica João Taborda. “Nós gostamos muito que a pessoa que faz um estágio fique connosco. O conselho que daria a alguém que quer fazer um estágio na Embraer é que apareça com vontade não só de o fazer, mas de tentar ficar.”
Quanto a recrutamento, João Taborda assume que “a força que o nome do Técnico tem hoje” ajuda na altura de escolher novas pessoas. “Há boas referências, quem vem do Técnico corresponde e acrescenta valor à empresa, e quando as coisas correm bem não há grande razão para mudar”, acrescenta, lembrando, no entanto, que “não é uma escolha, acontece naturalmente”.
Para o futuro, o diretor de relações externas da multinacional afirma que os maiores objetivos passam por continuar a colaborar em projetos de I&D, sobretudo agora num momento em que a Embraer está a instalar um “centro de engenharia” em Évora, uma opinião partilhada pelo professor Manuel Freitas, que considera que “a existência de mais projetos de investigação seria o ideal”. João Taborda confirma que “à medida que o centro crescer, vamos querer desenvolver cada vez mais projetos e o Técnico vai naturalmente surgir”, e acrescenta que continuarão a contar com o Técnico “para as necessidades de recrutamento”.
“O Técnico é, hoje, uma escola estruturada como eu nunca vi em 25 anos, a querer aproximar-se das empresas, a querer ajudar na ligação com o mundo empresarial e a cumprir cada vez melhor o seu papel de preparar os alunos. Toda a gente ganha com isso, sobretudo os alunos que são quem mais conta aqui.”