Campus e Comunidade

A avaliação dos riscos psicossociais e as medidas que dela resultam deixam uma certeza: “o Técnico preocupa-se”

Os resultados desta avaliação assim como algumas medidas já adotadas para prevenir e mitigar os riscos psicossociais foram divulgados numa sessão esta quarta-feira.

“O Técnico é uma comunidade e como tal, e independentemente das circunstâncias difíceis que vivemos, preocupa-se com as condições de todos aqueles que a constituem”. A frase do presidente do Técnico, professor Rogério Colaço, resumiria e bem o fundamento da sessão que aconteceu na manhã desta quarta-feira, 28 de abril. Tendo como objetivo central a apresentação dos resultados da avaliação dos Riscos Psicossociais (RPS) e das medidas adotadas face aos mesmos, o evento assinalaria o Dia Nacional de Prevenção e Segurança no Trabalho 2021 da melhor forma. É que além de um momento de partilha que reuniu mais de uma centena de trabalhadores, a sessão foi também uma oportunidade para pensar um futuro que “conta com todos” na promoção de um ambiente psicossocial mais saudável.

O presidente do Técnico salientaria que esta sessão e os resultados nela apresentados permitem não só fazer “um retrato daquilo que são as condições de trabalho”, apontando “aquilo que podemos melhorar”, e refletindo uma preocupação constante da direção: “olhar para a Escola enquanto comunidade, fazendo tudo aquilo que é possível para garantir o bem-estar de todos, sabendo que desse bem-estar resulta a nossa eficiência e a nossa força”.

Coube à coordenadora da Comissão para a Avaliação dos Riscos Psicossociais (CARP-T), doutora Isabel Gonçalves, a apresentação dos resultados da avaliação dos Riscos Psicossociais (RPS). Lembrando todo o processo que permitiu o apuramento destes indicadores, a psicóloga declarou que a elevada taxa de resposta ao questionário (68%) revela por si só “a disponibilidade, a confiança e vontade das pessoas de se fazerem ouvir”. Após enumerar os fatores favoráveis e moderados identificados, a coordenadora da CARP-T debruçar-se-ia sobre os fatores de risco severo e que estão relacionados com: as exigências cognitivas, o ritmo de trabalho, situações relacionadas com justiça e respeito, apoio social de superiores, exigências emocionais e possibilidade de exercer influência no trabalho.

Perante estes resultados, a CARP-T propôs um conjunto de medidas, destacando-se  de entre estas  algumas que assumem uma prioridade mais elevada, tais como:  a divulgação dos resultados da avaliação; criação de uma página dedicada à promoção do bem-estar dos trabalhadores; o estabelecimento de um protocolo de colaboração com uma equipa externa ao Técnico que intervenha ao nível da prevenção secundária e terciária; a otimização da comunicação interna dirigida aos trabalhadores; o desenvolvimento de um código de conduta; a construção de um manual de procedimentos para situações de emergência psicológica; o recrutamento de um psicólogo do trabalho e das organizações; a implementação de sistemas de Coaching e Mentoring para lideranças e/ou trabalhadores; e ainda a planificação de formação para trabalhadores e lideranças.

A doutora Isabel Gonçalves apontou algumas ideias a reter perante estes resultados e de entre “os dados mais preocupantes” destacou as percentagens que indiciam alguma fadiga mental, sendo que “50% dos trabalhadores dizerem que estão deprimidos, 64% revelarem problemas em dormir, e 74% estarem em burnout”. “Pelo lado mais positivo podemos destacar que os trabalhadores vestem mesmo a camisola e sentem que a Escola lhes oferece boas possibilidades de desenvolvimento”, referiu, ainda, a coordenadora da CARP-T.

Por um ambiente de trabalho mais seguro e saudável

Antes de expor o conjunto de “boas práticas” implementadas pelo Conselho de Gestão (CG) e que resultaram desta avaliação e do processo de reflexão que se seguiu, a vice-presidente do Técnico para a Gestão Administrativa, professora Helena Geirinhas, fez questão de destacar o trabalho desenvolvido pela CARP-T, classificando-o como “idóneo, muito relevante e inovador para o Técnico”.

Tal como a docente evidenciou, além de aceites pelo CG, algumas das 10 medidas sugeridas pela CARP-T já se tornaram em iniciativas ou recursos de que os trabalhadores e os serviços podem usufruir. “Uma das principais ações do CG foi a elaboração de um regulamento do provedor para os técnicos e administrativos do Técnico”, afirmou a vice-presidente, destacando também a criação do Núcleo de Formação e Desenvolvimento (NFD) e de um plano de formação já em execução.

Está também já em desenvolvimento um protocolo com a Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL) que permitirá “a intervenção ao nível secundário e terciário em alguns serviços do Técnico”, como explicou a docente. “Uma das ações que vamos certamente implementar a muito curto prazo é o estabelecimento de um conjunto de normas, princípios que poderemos designar como cultura do Técnico”, garantia a professora Helena Geirinhas.

Segunda a vice-presidente do Técnico este é um programa de ação global cuja implementação será assente no diálogo, “procurando sempre o envolvimento e o empenho de todos os trabalhadores”, “pois são estes os fatores essenciais para a implementação e são eles que aumentam a probabilidade de sucesso na redução dos riscos psicossociais”.

Professor Telmo Baptista: “Quando uma organização se preocupa com o bem-estar e a saúde dos seus trabalhadores está no bom caminho”

A importância de todo o percurso trilhado ate agora seria sublinhada pelo professor Telmo Baptista, diretor da FPUL que começou por afirmar que “quando uma organização se preocupa com o bem-estar e a saúde dos seus trabalhadores está no bom caminho”.

Para o diretor da FPUL a elevada taxa de respostas registada e que considera pouco comum tem um “bom significado e permite um diagnóstico com mais precisão”, vincando que este trabalho “pode e deve ser entendido com um trabalho da comunidade”. Elogiando a implementação desta série de medidas pelo Técnico, o diretor da FPUL denotou que podem juntar-se a estas algumas iniciativas “diferenciadas em função das necessidades, mediante as pessoas ou serviços”. É neste domínio que a colaboração com a Faculdade de Psicologia assentará, e tal como o professor Telmo Baptista sublinhou, a instituição “está disponível para colaborar com o Técnico no desenvolvimento de planos de intervenção mais específicos”, a pontando alguns dos domínios em torno dos quais estes podem incidir. “Este é um contributo baseado em Ciência com investigação sólida por trás e que é também o resultado de muitas práticas que são conhecidas e daquilo que é um trabalho de continuidade”, disse. “Nada disto se faz sem o trabalho e o envolvimento das pessoas”, rematou.

A sessão contou ainda com a intervenção do professor Luís Castro que apresentou a proposta já aprovada pelo CG do Regulamento do Provedor dos Trabalhadores Técnicos e Administrativos, e do doutor Rui Mendes, diretor da DRH, que demonstrou como a formação, o desenvolvimento e a avaliação dos trabalhadores do Técnico têm sido pensadas e priorizadas, refletindo-se em inúmeras iniciativas, muitas já a decorrer e outras a lançar em breve.

Houve ainda tempo para um momento de perguntas e respostas que permitiu esclarecer algumas dúvidas em torno da questão dos RPS e das ações a desenvolver. Realçando algo que foi sendo mostrado ao longo da sessão, o doutor Nuno Pedroso lembrou, ao encerrar o evento, que o “Técnico se preocupa”, alertando que este é “um trabalho contínuo” e que “conta com todos”. “Da parte da Escola, e do Conselho de Gestão em particular existe o compromisso, e continuaremos empenhados na mitigação dos riscos psicossociais em toda a comunidade, fazendo tudo aquilo que é possível ser feito”, colmatou.