O ritmo do Web Summit é frenético, uma correria entre o conhecimento, a inovação e o empreendedorismo onde se aprende sempre, mesmo que por vezes saiba a pouco. Entre palestras, pitchs, painéis de debate ou conversas que facilmente passam do formato informal a diálogos de negócio é fácil ficar fascinado e difícil não ter sede de mais. No meio de toda esta agitação e tentando encurtar distâncias entre os vários pavilhões nos quatro dias do evento, de 6 a 9 de novembro, foi muito simples esbarrar em alunos, funcionários, professores, empreendedores e alumni do Técnico. As motivações que os levaram até lá nunca divergiam muito e as expectativas eram altas tal como evento o exigia.
“Vão todos conhecer pessoas incríveis. Sentados à vossa volta estão brilhantes empreendedores de todo o mundo”, afirmou Paddy Cosgrave, fundador do Web Summit na cerimónia de abertura do evento. E foi isso mesmo que se sentiu, que se ouviu nos testemunhos, ou que as expressões de entusiasmo denunciaram. Maria Dias foi uma das muitas alunas que venceram o concurso da Área de Transferência de Tecnologia, ganhando um bilhete para evento. A notícia apanhou-a de surpresa e num misto de medo e alegria, rapidamente decidiu o que seria prioritário na sua agenda. “Acho que como aluna é muito interessante, é muito bom ver pessoas que já estão no nível em que eu quero estar quando sair do Técnico”, frisa a aluna de Engenharia Informática. Não se vê a ser empreendedora, mas “tenho conseguido percecionar muitas das saídas profissionais que me esperam e se me enquadro nas mesmas ou não”, acrescenta. Não fica muito tempo à conversa “porque apesar das muitas coisas que já vi ainda tenho tanto para ver,mesmo que o primeiro dia esteja quase a acabar”, finaliza Maria antes de colocar de novo a expressão curiosa e de rumar a mais uma banca.
Não só pelos corredores do recinto se encontravam membros da comunidade do Técnico, sendo vários os alumni que ganharam o merecido protagonismo e subiram aos palcos. Desde os mais conhecidos como o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres e o Comissário Europeu da Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, que se fizeram ouvir e deram que falar na Altice Arena, até Vasco Pedro, cofundador e CEO da Unbabel, e Manuela Ferro, vice-presidente do World Bank que brilharam em outros locais, tornou-se sempre engraçado ver atuais alunos a admirarem os que já passaram pela escola que agora é deles.
Por entre as 2.100 startups de todo o mundo que participaram no evento houve umas dezenas com ADN do Técnico. Desde projetos inovadores na área do diagnóstico de cancro, até plataformas que auxiliam a detetar precocemente ciber-ataques, passando por ideias de novas redes sociais, havia alunos e antigos alunos do Técnico nos vários setores em que se subdividiam as bancas de startups. A Snapcity é uma das que compõem o lote de ideias, o mesmo que foi sofrendo alterações ao longo dos vários dias do evento. Fundada por dois antigos alunos do Técnico – Manuel Figueiredo e André Dias, que, entretanto, já recrutaram para equipa três atuais alunos de Engenharia Informática da escola – Miguel Amaral, Jorge Veiga e J. André Dias- a start-up baseia-se numa aplicação que liga turistas a habitantes de uma cidade, com benefícios mútuos. A aplicação disponível apenas para android venceu este ano o World Summit Award na área de Turismo, e tem vindo a alargar o leque de cidades que integra. A presença no Web Summit é para os jovens empreendedores uma forma de estabelecer contactos úteis, encontrar clientes, promover o trabalho desenvolvido, mas também para aprender e saber como evoluir. “Pode-se fazer negócio em qualquer momento ou lugar aqui. Ontem estavamos a almoçar e abordaram-nos para falar de negócios”, conta o aluno do Técnico.
Não precisamos ficar muito tempo no mesmo local, para vislumbrar vários episódios de troca de contactos e cartões, que servem na maioria das vezes como os primeiros passos para negócios de milhões. A verdade é que mesmo que queiramos não conseguimos ficar muito tempo no mesmo sítio, o Web Summit tem um íman de inovação que nos arrasta inquietantemente em busca da novidade, a que vem de mãos dadas com a fascinante sabedoria de quem sobre ela fala. “Há sempre mais alguma coisa para ver”, dizia Maria Dias no primeiro dia, mas no último e ao fechar das portas ainda era essa a sensação que dominava a maioria.