Dezenas de mesas preenchiam o átrio do Pavilhão Central do Instituto Superior Técnico na tarde de terça-feira, com todos os tampos ocupados por um cubo mágico. Em cada uma delas, um estudante de doutoramento do Técnico explicava a dois representantes de empresas a ideia por detrás da sua tese ou projeto, num período máximo de dois minutos. Em troca, recebia oito minutos de comentários dos profissionais empresariais, um feedback com o intuito de apoiar e aconselhar os estudantes nos seus projetos. E os cubos mágicos repousando em cima de cada uma das mesas? “São para quebrar o gelo”, explica uma assistente do evento, “mas ainda não vi ninguém a recorrer a eles”. Um sinal de que os estudantes do Técnico trazem ideias seguras, talvez.
Decorre o segundo dia de atividades do PhD Open Days, o evento cuja nona edição se realizou entre os dias 27 e 29 de novembro. Os estudantes de doutoramento do Técnico foram convidados a participar em iniciativas como workshops de escrita científica e comunicação, exposições de pósteres, oportunidades de interação com representantes de empresas e palestras de alumni de doutoramento entretanto integrados no mercado de trabalho, entre outras dinâmicas inseridas no programa do evento.
Navigating the Job Market: A Step-by-Step Plan (‘Navegando o Mercado de Trabalho: Um Plano Passo-a-Passo’), a atividade acima descrita, foi o momento favorito de André Torcato. “Como não houve preparação, foi tudo muito honesto”, explica o aluno do Programa Doutoral em Física do Técnico, referindo-se ao diálogo com os representantes das empresas. Relativamente ao PhD Open Days como um todo, o estudante elogiou o evento, comentando que “foi feito um bom balanço entre mostrar pessoas importantes de dentro e de fora da academia”. No caso destas últimas, o evento reuniu “pessoas de muitos sítios – não apenas de empresas tecnológicas – e em vários pontos nas suas jornadas”.
André fazia este balanço no fim do último dia do evento, após a palestra Out of the Box Session: “Leadership Profiles” (‘Sessões Fora da Caixa: Perfis de Liderança’) que encerrava o programa. O primeiro dia, contudo, fora preenchido por vários workshops que visavam transmitir competências úteis a um estudante de doutoramento. Luís M. Correia, professor do Técnico que conduziu um desses workshops (focado em como fazer uma apresentação), considera que o PhD Open Days “é uma excelente iniciativa e uma boa maneira de abordar assuntos como a comunicação ou aspetos mais específicos das teses”. O docente defende que questões como “escrita de tese, empreendedorismo e gestão de projeto são competências que qualquer pessoa deve ter – e seguramente em engenharia”.
À saída de outro workshop, desta vez dedicado às vantagens decorrentes da prática de comunicação de ciência, Catarina Bernardo mostra-se satisfeita com a programação do PhD Open Days. A aluna do Programa Doutoral em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores considera que as apresentações a que assistira até então tinham sido “bastante esclarecedoras” e que “os oradores conseguiram chegar muito bem ao público”. Revelou-se ainda curiosa com os pitches que viriam a ser feitos mais tarde – breves apresentações de projetos levadas a cabo por duas dezenas de estudantes de doutoramento, numa competição cujo primeiro lugar acabou atribuído a Maria Carolina Sequeira, aluna da área de Engenharia Química.
A par de todas estas atividades, o PhD Open Days serviu ainda de palco para a divulgação da Escola Doutoral (IST PhD School), uma iniciativa que procurará criar espaços para estudantes de doutoramento com o intuito de construir uma comunidade entre estes. Num primeiro anúncio, Rogério Colaço, presidente do Técnico, explicou que estes estudantes “são muitos, mas ainda um pouco isolados em bolhas”. Nesse sentido, a Escola Doutoral servirá como “um espaço para juntar pessoas, partilhar ideias e discussões”, pretendendo-se reforçar os elos entre a Escola, a sociedade e a comunidade investigadora à escala mundial.