Campus e Comunidade

Pitch Bootcamp@Técnico: dois dias memoráveis de conexão entre o talento e o mercado

Mais de 160 profissionais de empresas de diversos sectores marcaram presença em mais uma edição do programa.

“Hoje pode muito bem ser o primeiro dia do resto das vossas carreiras”, dizia Miguel Gonçalves, líder da Spark Agency, na abertura de mais uma edição do Pitch Bootcamp@Técnico, ciente de que, ano após ano, o evento continua a cumprir a sua missão: conectar o talento da escola com empresas e profissionais, assumindo-se como um espaço de aprendizagem e partilha onde os alunos e alguns recém-diplomados aprendem a valorizar- se enquanto candidatos a um emprego; desfrutando da oportunidade de aprenderem mais sobre si próprios, e descobrindo formas de agarrar os seus sonhos. A 1.ª edição deste semestre decorreu quinta e sexta-feira passadas, 7 e 8 de outubro, e o programa contou com mais de 80 participantes e 160 profissionais de 140 empresas dos mais variados sectores.

O primeiro dia do programa é dedicado a trabalhar a proposta de valor dos participantes, em torno de quatro pilares fundamentais de aproximação ao mercado: produto, o que vendes? (as competências de cada candidato); cliente, a quem vendes?; proposta de valor, como se constrói uma boa relação entre o produto e o cliente; e a comunicação, como garantir que se está a passar a mensagem de forma eficaz.  A aprendizagem vai muito para além de como melhorar um currículo, há toda uma dinâmica de autoconhecimento lançada aos participantes, que os ajuda a reviver todas experiências académicas, pessoais – e profissionais em alguns casos, enquanto valorizam a sua proposta de valor e percebem em que empresas irão sentir-se mais concretizados. “Vão ter que se expor para crescer, e quanto mais o fizerem mais vão crescer”, avisava Miguel Gonçalves.

A toda esta aprendizagem ainda é possível somar a oportunidade única de poder ouvir e questionar líderes icónicos de duas conceituadas empresas. João Bento, CEO dos CTT e antigo aluno do Técnico, e António Lagartixo, CEO/ Managing Partner da Deloitte Portugal, protagonizaram uma conversa cativante, repleta de lições, e cujo alinhamento ia sendo construído pelas perguntas dos participantes, e que encerraria o primeiro dia. As funções de um CEO, o poder subjacente ao cargo e o que é mais aliciante no mesmo, a importância dos valores na construção de uma carreira, a conjugação da vida pessoal com a vida profissional, as métricas para avaliar o sucesso, e o que podem ser fatores diferenciadores num currículo, foram alguns dos tópicos abordados.

De forma muito honesta e despretensiosa, os dois líderes foram partilharam os desafios que enfrentaram, deram a conhecer um pouco das suas rotinas, desconstruíram o “glamour” associado à posição que ocupam, frisaram a importância de gerar permanente relações de confiança, denotando-se em cada palavra a entrega que colocam naquilo que fazem. “O que hoje em dia mais me satisfaz no meu trabalho é olhar para trás e existirem evidências que o meu trabalho contribuiu para alguma coisa positiva e que muitas vezes as pessoas que trabalhavam connosco até julgavam que era inatingível. Um CEO tem que ser um inspirador, tem que ser alguém em que as pessoas confiam, mas ser desafiante ao mesmo tempo”, vincou António Lagartixo.

E porque os conselhos de quem já detém uma carreira de sucesso são sempre desejados, João Bento deixou o seu: “sejam exigentes convosco próprios, tenham brio, queiram ser apreciados porque se apreciam a vocês próprios, mantenham a ambição, mas sem ansiedades”, vincou o antigo aluno.

Aprender com grandes profissionais e explorar oportunidades profissionais

Para o segundo dia, estava marcado o derradeiro pitch às empresas para o qual os alunos levaram toda a aprendizagem adquirida no dia anterior. O “nervoso miudinho” era visível nas expressões dos participantes e ia sendo sossegado por Miguel Gonçalves. Aos profissionais, o líder da Spark fazia questão de confidenciar: “vão conhecer miúdos extraordinários, gente muito bonita, com muito alcance, muita ambição, muitas expectativas, alguns deles finalistas e à procura de uma oportunidade de trabalho”. “Sejam empáticos com eles, de uma forma cortês que os mova a querer melhorar, ajudem-nos a ver para além do obvio, a imaginar novas possibilidades para as suas carreiras, falem-lhe da realidade de forma dinâmica, transparente”, adiciona, em seguida.

Foi essa mesma disponibilidade que os alunos encontraram nas salas de Zoom, onde se deram a conhecer, elencando competências, as áreas em que gostariam de trabalhar, realçando aquilo que os pode distinguir numa empresa perante um grupo de jurados de diferentes empresas. Além de uma avaliação do desempenho individual dos alunos, a maioria dos profissionais faz questão de dar alguns conselhos que consideram poder fazer a diferença no futuro destes jovens.

“Qualquer tipo de experiência que nos permita contactar com realidades distintas da nossa vivência quotidiana será sempre benéfica, nem que seja apenas para expandir horizontes”, realça Ricardo Carreira, aluno do 3.º ano de Engenharia Aeroespacial. Por isso mesmo, não hesitou em inscrever-se no Pitch Bootcamp@Técnico, decidido a aprimorar as suas capacidades de comunicação, “mas também movido pela curiosidade de contactar com o ambiente empresarial”. Acabaria por ser “agradavelmente surpreendido por um evento repleto de pessoas bastante acessíveis, dispostas a dar um feedback rico e honesto, dedicadas a conciliar os interesses dos bootcampers com as necessidades e oportunidades das empresas que representavam”, e só isto revela qual o balanço que faz da experiência.

O aluno de Engenharia Aeroespacial não tem dificuldades em elencar os benefícios desta participação. “Ao longo dos dois dias de formação foi nos dada a conhecer toda uma mentalidade muito mais natural e flexível do mundo de trabalho, uma consciencialização coletiva do valor das nossas competências enquanto alunos do Técnico e a importância de as trabalharmos através do envolvimento em projetos paralelos que circunscrevam a nossa formação académica”, sublinha. Neste conjunto de aprendizagens destaca “uma noção acrescentada do valor que os projetos em que me tenho envolvido nos últimos anos representam, mas também com uma outra perspetiva acerca da disponibilidade dos recrutadores e dos departamentos de Recursos Humanos das empresas”.