Campus e Comunidade

Pitch Bootcamp@Técnico: a ponte entre o talento e o mercado

O trabalho feito ao longo dos dois dias do evento é inesgotável e sempre realçado pelos próprios alunos que conseguem a cada segundo ter uma perceção mais real do valor que os carateriza.

O PitchBootcamp@Técnico é acima de tudo sobre valor. O valor que existe e não é totalmente percecionado por quem o detém, a proposta de valor que a SparkAgency – responsável pelo programa- ajuda a formular, e a procura de valor que as empresas identificam nos estudantes da Escola e vêm explorar. É também sobre talento: o que existe, mas é preciso aprender a contar; o que se adivinha, mas se quer conhecer melhor. Naquela que foi a 12.ª edição do evento nada disto foi exceção, e durante dois dias- 27 e 28 de setembro –, por entre muito trabalho e muitos sonhos de futuro, os cerca de 120 alunos afinaram ferramentas de procura de trabalho e definiram estratégias de abordagem ao mercado, mas acima de tudo afinaram a capacidade de mostrar o potencial que os caracteriza.

O primeiro dia do evento foi dedicado essencialmente a uma análise do percurso individual dos participantes, maximizando-se à devida escala a experiência que os diferencia dos demais.  Evocando a máxima de Sócrates – “Conhece-te a ti mesmo” -, não permitindo desvalorizações nem arrogâncias, ajudando a construir a consciência do engenho e lembrando a importância da ética e do rigor, Miguel Gonçalves – líder da SparkAgency –consegue resultados incríveis nos participantes.  Através de palavras certeiras e de desafiantes exercícios consegue atenuar receios e inseguranças, certificando capacidades menos óbvias e características repletas de impacto no mercado. Os post-its coloridos com que os próprios preenchem os placards são a forma de os fazer lembrar das caraterísticas que os tornam “únicos no mercado de trabalho”, de os desafiar a expor isso da forma mais justa e criativa possível. “Vocês têm uma mais-valia gigante: estudaram no Técnico. Um ativo gigante que não nos deve tornar arrogantes, mas que não devem desvalorizar nunca”, sublinhava, a determinada altura, Miguel Gonçalves.

Como vem sendo habitual, um dos momentos altos do primeiro dia voltou a ser o painel das “Lessons Learned”, onde os alunos têm oportunidade de perceber os resultados do trabalho árduo pela experiência e a audácia dos oradores convidados. Desta vez os protagonistas do painel foram Rui Teixeira da EDP, João Alves da EY e José Luís Teixeira da Jerónimo Martins, todos a ocupar posições de liderança nas respetivas empresas. Sem rodeios ou meias medidas, os convidados partilharam os seus percursos, apontaram os desafios que se impõem aos profissionais dos dias de hoje e de amanhã, e desdobraram-se em conselhos – mesmo que não quisessem que assim fossem encarados. No meio de relatos intensos de carreiras construídas com muito trabalho e sede de aprendizagem, abordaram-se assuntos como a indústria 4.0, a automatização, as exigências da liderança, e a necessidade do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. “Em tudo aquilo que faço coloco o melhor que consigo. Não porque acho que sou o mais esperto, apenas porque penso que se tentar ser sempre o melhor provavelmente vou conseguir”, afirmava Rui Teixeira. “Tenho uma premissa base na minha vida:  todos os dias vou-me enganar em algo. A nossa firma cresceu imenso nos últimos anos porque perdemos o medo de errar”, realçava João Alves em resposta ao medo de falhar que lhe chegava camuflado nas perguntas dos estudantes.  Para José Luís Teixeira o que faz a diferença “independentemente do caminho, é a vontade de querer aprender mais. Aprender é cada vez mais um ato que se quer contínuo”.

No final do primeiro dia as expressões revelam a convicção da aprendizagem e o receio do que estava por vir. O trabalho feito trouxe algum destemor, agitou expectativas, lançou as pistas, mas ainda é preciso descobrir o caminho que estreitará distâncias com o mundo empresarial.

Beatriz Barata é aluna do 5.º ano de Engenharia Química, e com o aproximar do fim do curso começa a perceber a necessidade de perceber “o que tenho para oferecer às empresas e o que é que elas procuram. Saber como posso fazer esse match”. Os amigos deram-lhe as melhores referências em relação à experiência e até ao momento não podia estar mais satisfeita. “Ao longo deste primeiro dia aprendi a ter mais confiança naquilo que sei e aprendi a dar mais valor às competências que adquiri fora do Técnico”, confessa a aluna. Também no 5.º ano- mas do curso de Engenharia Biológica-  e à procura de luzes para o futuro, estão Beatriz Carvalho e Madalena Beatriz. “Acho que estas conversas, e os conselhos que nos passam, podem ajudar-me a encontrar boas ideias para os desafios que se seguem”, declara Beatriz Carvalho. “Este primeiro dia foi essencial para perceber o que temos e que nos diferencia dos outros”, frisa por sua vez Madalena Beatriz. “Aquilo que muitas vezes falta aos alunos do Técnico é esta capacidade de mostrar aquilo que valemos e acho que o Pitch Bootcamp nos põe à prova nesse sentido e nos ajuda a aproveitar o melhor de nós”, acrescenta ainda.

André Alves, aluno do 2.º ano de Engenharia Informática e de Computadores, é um dos mais jovens participantes desta edição. Inscreveu-se ciente da importância de “começar este caminho de conhecimento do mercado de trabalho o mais cedo possível”.  “Além disso, começar desde já a ter uma perspetiva de futuro, irá ajudar-me a ter motivação não só para o curso, mas também a enriquecer o meu currículo”, adiciona ainda. Ao longo do dia foram vários os conselhos que reteve – muitos foram os que fez questão de apontar – e não tem dúvidas em salientar a importância desta aprendizagem: “Tudo o que ouvi e todos os exercícios têm-me ajudado imenso. Aprendemos a dar o devido valor ao nosso percurso, aos detalhes que falam sobre nós e nos diferenciam, seja elas académicas ou não”, evidencia ainda o aluno de Engenharia Informática. Para o dia seguinte confessa-se ligeiramente ansioso, mas acima de tudo desejoso de aprender, porque para ele é a isso que estes dois dias se resumem “uma oportunidade de aprender e crescer”.

O segundo dia do programa colocou os participantes em contacto com representantes de várias empresas. Durante uns minutos os estudantes tiveram oportunidade de apresentar perspetivas de carreira, ambições e as valências que os diferenciam, perante o olhar atento de profissionais de vários setores.  Ao pitch sucedem-se os conselhos preciosos de quem sabe o preço do sucesso e o trabalho que lhe está associado. Conscientes do peso dos seus comentários, os seus emissores robustecem-nos com a franqueza, os elogios saudáveis e as dicas de futuro que julgam ser mais ajustáveis a determinadas ambições. Entre uma e outra troca de contactos ou de perspetivas de carreira estava cumprido um dos objetivos do Pitch Bootcamp.