Campus e Comunidade

Políticas públicas em torno da energia e do clima discutidas em aula do Técnico

Ana Fontoura Gouveia, antiga Secretária de Estado da Energia e do Clima, conduziu a sessão.

“Políticas Energéticas e do Clima” – o título da apresentação puxou logo pela curiosidade dos estudantes de Engenharia, Decisão e Políticas Públicas que preencheram o Auditório Abreu Faro, no campus Alameda, durante a tarde de 23 de outubro. A unidade curricular oferecida pelo Departamento de Engenharia e Gestão do Instituto Superior Técnico convidou Ana Fontoura Gouveia, secretária de Estado da Energia e do Clima entre 2023 e 2024, a ministrar uma palestra (tendo já contado com outra sessão conduzida por Adalberto Campos Fernandes, antigo ministro da Saúde).

Trabalhando há cerca de 20 anos em políticas públicas, Ana Fontoura Gouveia frisou a necessidade de evitar que o debate em torno destas se transforme “em algo dogmático, onde há um ‘certo’ e um errado’”. Em vez disso, e recorrendo a exemplos práticos como a Ultra Low Emission Zone londrina (zona onde veículos mais poluidores são sujeitos a taxas), mostrou como é necessário identificar vantagens e desvantagens durante a tomada de decisões.

Outro exemplo surgiu na discussão em torno do encerramento de centrais de produção de energia elétrica a partir da queima de carvão. Sendo conhecido o impacto negativo que o funcionamento dessas instalações tem no ambiente, Ana Fontoura Gouveia mencionou o caso da Polónia, onde o fecho dessas centrais poria em risco a subsistência de muitas famílias.

A investigadora sublinhou a necessidade de garantir que as políticas públicas sejam capazes de salvaguardar os interesses ambientais e, ao mesmo tempo, garantir o funcionamento da economia, o que exige trabalho contínuo e o envolvimento de múltiplos atores. “Não vamos acertar à primeira, por muito que tenhamos discutido com especialistas, com associações, com a administração pública…”, relembrou.

“Foi bom poder mudar de ares e não ter sempre economistas no público à minha frente”, brincou no fim da aula. Confiante nas capacidades dos estudantes do Técnico, deixou-lhes um convite – “se quiserem experimentar e fazer coisas diferentes nas áreas de políticas públicas, precisamos de cabeças com espírito crítico e pensamento organizado”.

Inserida na tipologia de ‘Humanidades, Artes e Ciências Sociais’, a unidade curricular de Engenharia, Decisão e Políticas Públicas procura desenvolver o sentido crítico de estudantes sobre como a engenharia e os sistemas de apoio à decisão – incluindo avaliação de risco, análise de dados, análise de decisão, análise estatística, otimização, modelação participativa, comunicação e planeamento por cenários – podem contribuir para uma melhoria na análise e decisão política em contexto real.