Campus e Comunidade

“Portugal é hoje um país diferente daquele que seria se não houvesse Técnico”

A afirmação é do reitor da Universidade de Lisboa, mas a ideia que lhe está subjacente foi sendo reiterada nas diversas intervenções da Sessão Solene do Dia do Técnico.

110 anos. O número redondo incita a uma celebração especial, que no plano ideal reuniria toda a comunidade e amigos do Técnico. A pandemia limitou a amplitude e a lotação da celebração, mas não influenciou em nada a vontade de distinguir a excelência, lembrar a história e as gerações que a protagonizaram, de evocar a resiliência que faz parte da cultura do Técnico, de pensar e brindar o futuro. Foi assim, esta sexta-feira, 21 de maio, na sessão solene do Dia do Técnico que decorreu em formato híbrido.

Na abertura da cerimónia, o presidente do Técnico, professor Rogério Colaço, falou de superação, essa capacidade que define a comunidade do Técnico, tão decisiva para fazer face à pandemia, e que também nunca faltou nestes 110 anos de história. O docente começaria exatamente para lembrar que este foi um “tempo em que todos nós tivemos que nos superar” e por isso mesmo, e antes de tudo, manifestou o seu mais “sincero agradecimento a todos”. Apesar das dificuldades deste ano atípico, e ainda que capitalizando esforços no combate à pandemia, o professor Rogério Colaço salientava que “os projetos em curso continuaram, nomeadamente aqueles de maior importância estratégica para o Técnico”.

Depois de lembrar e citar Alfredo Bensaude e os pilares que orientaram a fundação da Escola, e que hoje volvidos 110 anos são ainda tão atuais, o professor Rogério Colaço afirmou que o Técnico “foi construído pelas dezenas de gerações que aqui passaram” ao longo desta história secular, uma tarefa que é perseguida, hoje em dia, por “mais de 15 mil pessoas – estudantes, investigadores, funcionários, técnicos e administrativos”. “Por isso, e apenas por isso, o Técnico não é, nunca foi, nem será uma instituição perfeita, porque a perfeição é um conceito individual, e o Técnico é, e sempre foi sobre o coletivo”, disse, salientando que é a superação “o que nos define enquanto instituição”. “O Técnico não é um conceito individual, não é de ninguém, nem é para ninguém, é de todos e por isso o Técnico é as pessoas, as pessoas que o constroem há 110 anos”, assegurou.

Enquanto membro da comunidade do Técnico há 68 anos, o Comissário das Comemorações do 110.º Aniversário, professor Ricardo Bayão Horta, destacou a enorme honra e um privilégio de assumir este papel. “O Técnico é um pilar estruturante do nosso país e é importante que se comemorem datas marcantes da sua vida pois, por um lado estas contribuem para consolidar a sua coesão interna e incrementam o orgulho e sentido de pertença de toda a comunidade à nossa instituição, e por outro lado permitem divulgar ao país o essencial da sua atividade científica e educativa”, declarou.

A cultura do Técnico é o foco destas celebrações, e o professor Ricardo Bayão Horta evidenciou o porquê de ser tão importante celebrá-la e ressaltar o seu impacto. “Ao longo destes 110 anos, sucessivas gerações desenvolveram e aprofundaram no Instituto Superior Técnico uma cultura educativa e de investigação científica de excelência, hoje reconhecida nacional e internacionalmente, e que se transformou numa via privilegiada e de contribuição para o desenvolvimento científico, económico e social do nosso país”, declarou.

O presidente da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST), Francisco Santos, usou o tempo da sua intervenção para agradecer à Escola em nome das gerações de alunos que por aqui passaram, dando voz ao orgulho de ser parte desta “história que serve como um alicerce para um legado de rigor e excelência que se tem propagado pelas várias vertentes da nossa vida e da nossa sociedade”. Como representante dos estudantes, e o único aluno na sala, soube lembrar e bem o empenho que estes colocam quer no trajeto na Escola, quer posteriormente quando conquistam o mundo com as suas múltiplas competências. “Tenho a certeza que nos próximos 110 anos continuaremos a ser uma referência a nível nacional e internacional, um exemplo de que o ensino superior pode e deve ser de um motor para a transformação económica, social e tecnológica que o nosso país precisa, de como o ensino superior é acima de tudo um investimento no presente e no futuro da nossa sociedade e não apenas mais um gasto”, disse.

A homenagem à Excelência

Quem conhece os traços desta cerimónia do Dia do Técnico, sabe que grande parte do alinhamento é dedicado a distinguir a excelência. Este ano, faltaram os aplausos, faltam as fotografias com todos os protagonistas, mas não faltaram alternativas, e todos os momentos de reconhecimento do mérito se cumpriram. A ovação não se ouviu, mas com certeza existiu.

Daniel Santos, gestor de Edifício do campus do Taguspark, foi este ano o funcionário não docente homenageado e foi com emoção que declarou que os 14 anos ao serviço do Técnico “foram os melhores anos da minha vida profissional”.  Acentuando o quão gratificante é a sensação de se sentir parte do processo de crescimento dos alunos com quem lida de perto no campus, Daniel dos Santos garantiu que não se imagina a trabalhar em outro local que não no Técnico, “e espero poder continuar aqui por uns quantos anos, assumindo sempre o compromisso de dar o meu melhor a esta casa que tanto me tem dado”, rematou.

A honra com que recebe a distinção de “Professor Distinto” transpareceu em todas as palavras proferidas pelo professor Paulo Ferrão. Foi exatamente pelo privilégio da distinção que começou, antes de falar do Mundo, aquele que o Técnico lhe deu, e que através da docência, da sua investigação, e no exercício do serviço público também foi dando ao Técnico. Nesta história feita de reciprocidade e recheada de mérito, foram inúmeros os contributos do docente na investigação, na projeção do nome do Técnico além-fronteiras, no apoio ao ecossistema empresarial e também do exercício de várias funções a nível nacional e internacional. Mas de tudo isto, para o professor distinto o que mais importa “serão sempre as pessoas – os alunos, os colegas e a sociedade que se enriquece enquanto fazemos mundo”, destacou. Por isso, confessou que quando há alguns dias soube que “com o apoio de tantos vós” lhe tinha sido atribuída esta distinção ficou comovido.  “Pensei em todo este mundo, pois no seu sentido mais profundo: sou Técnico, e ser Técnico é ser mundo”, concluiu.

A pandemia voltou a impedir a entrega em mãos dos diplomas dos docentes excelentes, mas a alternativa manteve o simbolismo do momento. Depois de um vídeo com mensagens de todos os presidentes de Departamento, o nome de cada um dos docentes excelentes foi sendo enunciado ao mesmo tempo que as suas fotografias eram projetadas.

Depois de receberem a distinção das mãos do reitor da Universidade de Lisboa (ULisboa), professor António Cruz Serra, do presidente do Técnico e da presidente do Conselho Pedagógico, professora Teresa Peña, os professores Nuno Santos e Nuno Roma distinguidos com o Prémio Técnico Excelência no Ensino no 1º e 2º ciclo, respetivamente, expressariam em palavras o significado deste reconhecimento ainda a expressão de orgulho que carregavam falasse por eles.

O gosto por ensinar e a entrega que colocam na partilha de conhecimentos com os seus alunos foi evidente nos discursos dos dois docentes, que são também alumni da Escola, e que não esqueceram por isso o reconhecimento da marca da Escola na sua formação e mais tarde nas suas carreiras.  “Reconheço hoje que esta cultura de excelência e os grandes professores que tive imprimiram no meu coração o fascínio por Engenharia Informática e um forte desejo de o comunicar aos meus alunos”, assumiu o professor Nuno Santos. “Recebo este prémio com modéstia e humildade de não ter feito mais do que tudo aquilo que entendo ser o melhor de entregar enquanto professor em prol dos meus alunos, não esquecendo nunca que um dia também já fui aluno desta casa”, vincou o professor Nuno Roma.

Presidente da República e reitor na ULisboa enaltecem o impacto do Técnico no panorama nacional 

Declarando o orgulho que sente por pertencer à comunidade da Escola, por “aquilo que fizemos durante estes 110 anos, na centena de milhar de estudantes que por aqui passaram, e naquilo que valeu para o país a formação que demos a esses alunos”, o professor António Cruz Serra partilhou a sua “certeza absoluta” de que “Portugal é hoje um país diferente daquele que seria se não houvesse Técnico”.

Com a frontalidade que o caracteriza, o professor António Cruz Serra não deixou de abordar as dificuldades enfrentadas no último ano e agradeceu o trabalho da comunidade académica do Técnico na resposta e adaptação à situação pandémica.  Ainda assim, o reitor da ULisboa sente que “não fizemos o trabalho como devia ser feito”, dadas as diferenças tão difíceis de colmatar entre o que é possível transmitir no ensino à distância e no presencial, aproveitando a oportunidade para pedir desculpa aos estudantes por tudo aquilo de que foram privados ao longo destes semestres. “Não tenho dúvida que aprendemos muitas coisas que vão ficar, e se calhar faremos algumas coisas melhor no nosso trabalho por aquilo que passamos durante este ano”, disse.

Também o presidente da República, professor Marcelo Rebelo de Sousa, fez questão de prestar homenagem à instituição, através de um vídeo. O presidente referiu-se à fundação do Técnico como uma “das criações da República, e que apontou muito para além das universidades existentes e do paradigma do modelo universitário até então vigente”. “O Técnico foi uma peça fundamental nessa mudança, pela visão prospetiva do seu fundador, e depois pelo salto que deu convertendo a Engenharia e os engenheiros em grandes protagonistas da vida nacional”, frisou em seguida. Ao falar do corpo docente, da investigação, da organização institucional, da capacidade de liderança, e dos alunos da Escola, o presidente da República não se coibiu de repetir a palavra excelência.

Lembrando que teve o prazer de testemunhar de perto tudo isto, fazendo parte do grupo de trabalho que elaborou os estatutos do Instituto, o chefe de Estado realçou a “visão global e globalizante” do Técnico, mas também a interdisciplinaridade, “a ligação que desde sempre teve ao tecido empresarial” e a “e a capacidade de reinvenção que ultrapassa os limites da massa crítica enorme dos estudantes, enorme dos docentes, para atingir novos domínios do conhecimento” que caracteriza a Escola.

Ainda que ausente do evento presencial, a comunidade do Técnico não esteve afastada da celebração, e ao longo da cerimónia foram várias as mensagens de alumni, docentes e membros da rede de parceiros que foram sendo divulgadas, pintando a cerimónia com o orgulho que é transversal a todos os elementos “desta grande família”. A Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, e o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, juntaram-se ao coro de felicitações ao Técnico também através de vídeo.

Ainda no decorrer do evento, a comunidade pôde conhecer através de um trailer uma das iniciativas que assinala a celebração destes 110 anos, o podcast “110 histórias, 110 objetos”.

Posteriormente foi apresentado o livro “Ideias sobre Ciência, Tecnologia e Ensino Superior pela Comunidade do Instituto Superior Técnico.

Os festejos do 110.º aniversário não se cingiram a estes dois momentos. No final do dia foi transmitido um Concerto da Orquestra da Ópera na Academia e na Cidade, com direção de Artur Pinho Maria, e Nuno Silva, clarinete, que pode ser revisto no canal de Youtube do Técnico. Até dia 4 de junho, a comunidade pode ainda visitar a exposição do Museu Faraday que conta com trabalhos do fotógrafo Augusto Conceição Silva e da artista plástica Rita Sousa Vieira. 

Galeria de Fotografias da cerimónia