O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e antigo aluno do Instituto Superior Técnico, António Guterres, foi a figura escolhida por unanimidade para receber o Prémio Universidade de Coimbra 2022, por se destacar “na defesa de valores, como a paz, solidariedade social e desenvolvimento”. O anúncio foi feito durante a manhã desta quinta-feira, pelo professor Luís Neves, vice-reitor da Universidade de Coimbra(UC) numa conferência de imprensa que decorreu na Sala do Senado da Reitoria.

“O premiado este ano é uma personalidade com um percurso ímpar ao nível nacional e internacional, onde se tem destacado na defesa de valores, como a paz, solidariedade social e o desenvolvimento”, disse o professor Luís Neves.  “No domínio da paz e da solidariedade social, gostaríamos de destacar o apoio aos refugiados, a luta contra a fome e a pobreza, e também contra as desigualdades que persistem a nível mundial”, acrescentou.

O vice-reitor destacou também o papel ativo de António Guterres ao nível do desenvolvimento, “na implementação dos objetivos de desenvolvimento sustentável da agenda 2030 das Nações Unidas”.

O reitor da Universidade de Coimbra e presidente do júri deste prémio, professor Amílcar Falcão, não pôde marcar presença na conferência de imprensa por questões de saúde,  mas fez questão de deixar o seu testemunho, frisando que António Guterres é uma “figura excecional, de alcance mundial”, lembrando que “nos cargos de relevo nacional e internacional que tem desempenhado, ergue permanentemente a voz na defesa da sustentabilidade e da promoção da igualdade, causas nas quais a Universidade de Coimbra também está particularmente empenhada”.

Também a Presidente da Fundação Santander Portugal e vice-presidente do Júri, Inês Oom de Sousa, vinca que “enquanto Secretário-Geral das Nações Unidas, o engenheiro António Guterres chama a atenção para a necessidade de uma solidariedade global e da criação de uma nova mentalidade que transcende nações, religiões e territórios”.

O galardão será entregue a 1 de março, na sessão solene comemorativa do 732.º aniversário da UC.

Instituído em 2004, o Prémio UC distingue anualmente uma personalidade de nacionalidade portuguesa “de inequívoco valor percebido na sua área profissional – das áreas da cultura, da economia e gestão e/ou ciência e inovação – que se distinguiu no ano transato de forma inequívoca no apoio incondicional ao desenvolvimento das pessoas, das famílias, das empresas e das comunidades, apoiando um crescimento inclusivo e sustentável de sociedade”. O galardão tem um valor pecuniário associado de valor de 25 mil euros (10 mil euros para o vencedor e 15 mil euros para a atribuição de uma Bolsa de Investigação Santander para apoiar o desenvolvimento de trabalho numa área a definir pelo premiado).

António Guterres lidera a ONU desde 2017, tendo sido escolhido por unanimidade pelo Conselho de Segurança e reconduzido em 2021. Antes disso, tinha sido Alto-Comissário para os Refugiados entre 2005 e 2015.

Entre 1995 e 2002, foi primeiro-ministro de Portugal, assumindo a defesa da independência de Timor-Leste. O antigo aluno do Técnico foi ainda membro do Conselho de Estado Português, entre 1991 e 2002, e deputado da Assembleia da República durante 17 anos, tendo sido eleito pela primeira vez em 1976. Na Assembleia da República foi responsável por pastas como Economia, Finanças, Planeamento, Administração Territorial e Ambiente.

Enquanto presidente do Conselho Europeu, em 2000, foi responsável pela adoção da Agenda de Lisboa e um dos responsáveis pela primeira Cimeira União Europeia-África. Entre 1981 e 1983 foi membro da Assembleia Parlamentar do Conselho Europeu, no qual presidiu ao Comité para a Demografia, Migração e Refugiados.

Depois de se licenciar em Engenharia Eletrotécnica no Técnico em 1971, com uma classificação final de 19 valores, o engenheiro António Guterres assumiu a posição de assistente da disciplina de Teoria de Sistemas e Sinais. Mais tarde, em 2003/2004, voltou à sua alma mater como professor catedrático convidado e “foi responsável pela criação das cadeiras de Seminário de Desenvolvimento Sustentável e Seminário sobre Inovação, numa altura em que estes assuntos apenas começavam a entrar no léxico comum, contribuindo de forma decisiva para trazer estes temas para a agenda de investigação e desenvolvimento.