O professor Carlos Sousa Oliveira, docente jubilado do Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos (DECivil) foi galardoado pela Associação Europeia de Engenharia Sísmica( EAEE, na sigla em inglês) com o “Professor Nicholas Ambraseys Distinguished Lecture Award”. O galardão, atribuído a cada 2 anos, pretende reconhecer o elevado contributo e dedicação dos premiados para o avanço da Engenharia Sísmica Europeia.
Segundo o docente do Técnico, este reconhecimento por parte da EAEE deve-se à sua dedicação desde “os princípios dos anos 70 de século passado ao serviço da Sismologia e Engenharia Sísmica tanto a nível Nacional como internacional”. “Estes 50 anos pautaram-se: por uma permanente procura de soluções para a mitigação dos efeitos dos sismos, conhecendo melhor como ocorrem e atuam nas construções; pela participação constante em organismos nacionais e internacionais, nomeadamente trabalhando perto da Associação Europeia de Engenharia Sísmica que agora me confere este Prémio “Ambraseys; e promovendo a disseminação de conhecimentos e espalhando o interesse das gerações mais novas para o tão premente problema do risco sísmico”, acrescenta o professor Carlos Sousa Oliveira.
O Prémio “Ambraseys”, vai ser entregue durante a 37. ª Assembleia Europeia de Sismologia (ESC2021), que terá lugar no próximo dia 23 de setembro, sendo acompanhado pela KeyNote Lecture: “The main developments of Seismology and Earthquake Engineering since middle 1700´s and the new challenges for a sustainable society”.
Os interesses científicos do professor Carlos Sousa Oliveira envolvem as áreas da dinâmica estrutural, sismologia aplicada à engenharia sísmica, e teoria do risco associado à problemática dos desastres naturais com maior ênfase na parte sísmica. Foram inúmeras as contribuições ao longo dos anos para estes campos, “sendo de salientar os primeiros estudos sobre instrumentação de movimentos fortes; a participação nos primeiros trabalhos de Perigosidade Sísmica; a colaboração dada a propósito da rede SMART-1, que pela primeira vez analisou “arrays” de estações próximas”, salienta o próprio.
O docente contribuiu também para o desenvolvimento dos primeiros simuladores de cenários de impacto sísmico de onde resultou o conceito de disrupção associado a fenómenos de interdependências entre diversas redes de abastecimento, tendo também um papel ativo no incentivo à procura “de novas tecnologias ‘low cost’ para registar sismos e assim poder monitorizar mais locais; bem como para o desenvolvimento de Sistemas de Alarme Precoce”, como acrescenta o docente.
Marca também a sua notável carreira o constante interesse no estudo da sismicidade histórica desenvolvendo vários back-studies para melhor compreender a sismicidade de dado local e as suas implicações na evolução das Escalas Sísmicas, tópico que será objeto principal da KeyNote associada à entrega do galardão. “E o sempre permanente interesse pela caraterização dinâmica por ensaios in-situ dos mais variados tipos de estruturas de Engenharia Civil, o que deu origem a um enorme espólio de informação”, complementa o professor Carlos Sousa Oliveira.
O professor jubilado do Técnico tem vasta obra científica com publicações em diversas revistas Internacionais, sendo associate editor da revista de grande prestígio na área da Engenharia Sísmica Europeia, Bulletin of Earthquake Engineering. Foi também chairman da 15.ª Conferência Mundial de Engenharia Sísmica, em 2012, que reuniu em Lisboa para cima de 3500 especialistas.
Acresce a tudo isto as inúmeras colaborações com muitas instituições e organizações nacionais e internacionais, ultimamente muito dedicado quer à intervenção política virada para a mitigação dos riscos, quer à disseminação de conhecimentos.
Em reconhecimento de todo este percurso, a Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES) criou o Prémio “Carlos Sousa Oliveira” que é atribuído, de dois em dois anos, aos autores do melhor artigo publicado na área.
