Bárbara Fonseca, Carolina Claro, Francisco Gomes e João Aires Neves foram os vencedores do Prémio Universidades Trienal de Lisboa Millennium BCP que integrou a 5.ª edição da Trienal de Arquitetura de Lisboa. A equipa de alunos do Técnico distinguiu-se das demais em competição com o trabalho “An Inverted Spectator”.
“A oportunidade de participar surge através dos docentes da unidade curricular Projeto IV – os professores Ricardo Gordon Pedro Sousa e Pedro Domingos -, que decidiram adotar o concurso enquanto enunciado de projeto do segundo semestre do 4.º ano”, começa por explicar Bárbara Fonseca, em nome do grupo. Lançado o desafio, seguir-se-ia a constituição da equipa e posteriormente o trabalho árduo para marcar a diferença no concurso.
O repto lançado pela Trienal de Arquitetura de Lisboa era muito claro, como explica Francisco Gomes: “de que maneira pode, a natureza racional da construção, incorporar uma forma de beleza natural”. “No fundo, o desafio lançado era o de pensar uma solução arquitetónica que valorizasse a prática de uma racionalidade construtiva como base do pensamento e desenho, capaz de unir todos os elementos e partes do projeto de forma a alcançar um sistema orgânico compreensível e partilhável por todos”, aprofunda ainda o aluno. O objetivo do concurso passava por conceber um Centro Comunitário e Interpretativo, tendo em conta a dimensão metropolitana, específica da condição futura da freguesia de Marvila. O palco escolhido para o concurso foi o centro de Marvila com vista para a zona ribeirinha e para a parte antiga deste bairro. Para a equipa também o local escolhido foi uma espécie de “provocação”. “É um pedaço de cidade fragmentado que via neste desafio a oportunidade de reconexão desta comunidade”, explica Carolina Claro, em consonância com o resto da equipa.
“A procura por uma atmosfera livre, fácil, orgânica e racionalmente organizada por uma repetição de elementos construídos” foi a base para o desenho do “ An Inverted Spectator”, o projeto que acabaria por vencer o concurso. “Inverted resulta do formalismo do desenho exigido. Uma axonometria “invertida” – vista de baixo – que, sendo o desenho final a entregar, acabou por se tornar o elemento que sustentou e descodificou uma série de decisões tomadas ao longo de todo o projeto”, evidencia João Aires Neves. “Spectator somos todos nós, os que habitariam aquele espaço, o próprio lugar e a cidade. Espetadores de todo este sistema/estrutura que, em determinados momentos, desempenha também o papel de espetador relativamente aos seus elementos”, complementa o aluno, em representação do grupo de trabalho. Para a equipa do Técnico foi sempre “muito claro” que a resposta para o desafio lançado pelo concurso estava “na necessidade de articular, através deste novo elemento, experiências passadas daquele lugar com uma visão consciente para o futuro”.
Questionados sobre o que terá captado a atenção do júri para estes, João Aires Neves sublinha, em nome da equipa vencedora, que o fator diferenciador terá passado pela sensibilização do trabalho apresentado “para o ciclo normal da Natureza, através do desenho de espaços de práticas agrícolas dos quais o edifício é suporte e de uma vinha que reorganiza um tecido urbano perdido, estabelece o elemento tempo definidor da arquitetura deste espaço constantemente mutável”. “O sistema edifício/natureza como dois elementos que se servem mutuamente ao longo de toda a intervenção confirmam a nossa definição de racionalidade construtiva”, adiciona Bárbara Fonseca.
Visivelmente felizes com o trabalho desenvolvido, e com a vitória na qual o mesmo se refletiu, a equipa de alunos frisa a importância desta participação em concursos e de toda a bagagem que com daí advêm. Carolina Claro partilha o sentimento do grupo em torno das mais-valias da “prática da disciplina de forma coletiva articulando diversas abordagens e diferentes maneiras de pensar de forma a alcançar uma linguagem comum própria, válida e coesa”.
Além da equipa vencedora, houve mais sete projetos “made in” Técnico, selecionados pelo júri, num total de doze finalistas. A equipa classifica essa representação da escola como uma “conquista notável” para a nossa escola. “Acreditamos muito na qualidade dos professores e no futuro dos alunos”, fez questão de frisar Francisco Gomes, sendo o porta-voz de uma ideia partilhada por toda a sua equipa.