A ideia nasceu no bar do departamento de engenharia civil do Instituto Superior Técnico, enquanto idealizavam a melhor maneira de serem bem-sucedidos numa das vertentes da cadeira de empreendedorismo. Antes de tudo queriam criar algo que os ajudasse a salvar vidas. Talvez o facto de dois deles praticarem desportos aquáticos os tenha orientado no sentido do SeaMe, o projeto que estão a desenvolver e cujo elemento essencial é um pequeno dispositivo simples e prático que agilizará o processo de salvamento marítimo.
O João Vieira, o Francisco Salgado, o Alexandre Vieira e o José Dias são os idealizadores e os mais convictos defensores das potencialidades e da utilidade do SeaMe. “Depois da ideia surgir fomos construindo, melhorando o projeto, e apostando cada vez mais no seu potencial”, conta João Vieira. Foi com essa convicção que concorreram em novembro ao concurso de inovação da seguradora Ageas, arrecadando um segundo lugar por entre 34 candidaturas. Seguiu-se a entrada direta para o StartUP Voucher, um programa direcionado para jovens, e que procura dinamizar o desenvolvimento de projetos empresariais na sua fase inicial. Apesar destas duas recentes vitórias¸ que lhes irá fornecer algum apoio financeiro, técnico e também a orientação de mentores, ainda a crista da onda desejada ainda está por chegar: “Queremos alcançar a internacionalização, claro”, afirmam os alunos de engenharia eletrotécnica e de computadores.
Em pleno alto mar, o pequeno dispositivo permite o lançamento de “um alerta que pode ser reencaminhado para os serviços nacionais de socorro ou qualquer que seja o contacto de emergência do utilizador”, explica Alexandre Vieira. “O alerta é praticamente imediato. O nosso dispositivo vem acelerar o tempo de socorro”, acrescenta João Vieira. Constituída por um GPS, um Módulo de Comunicação SigFox e um processador, a pulseira permite através de um simples toque ativar os contactos de emergência que cada utilizador terá como predefinidos, numa aplicação criada para o efeito.
Mais de 85 entrevistas foram realizadas durante todo o processo de delineação do projeto, passando por entidades de socorro até comuns futuros utilizadores. “A ideia foi progredindo consoante as necessidades das pessoas. O que nos faz ter vontade de levar isto para a frente é o interesse mostrado não só pelas autoridades de socorro, mas também das pessoas que estão expostas aos riscos marítimos”, reitera João Vieira.
O Técnico foi o lugar certo para este projeto surgir, aliás, “se não estivéssemos aqui, se não nos tivessem lançado este desafio, se os professores não nos tivessem incentivado como fizeram, provavelmente o projeto não passaria de uma boa ideia”, conta João Vieira. Segue-se uma fase de prototipagem. As intenções de o melhorar já passaram à prática: “agora estamos a miniaturizá-lo para conseguirmos produzir várias unidades e podermos fazer um teste piloto com o ISN, um teste mais abrangente e com pessoas envolvidas, num dia comum de praia”. Idealmente, e dentro de pouco tempo, o SeaMe deve congregar-se numa pequena e funcional pulseira que pode salvar uma vida: “É algo útil que vai causar impacto”, frisa Alexandre, e a expressão dos colegas denunciava a concordância geral.