O projeto “Com ânimo, sem pânico”, criado por um grupo de alunos do Técnico, venceu a segunda fase do Prémio Santander Uni Covid-19. O “Com ânimo, sem pânico”, é uma plataforma digital desenvolvida por um grupo de alunos do segundo ano de Engenharia Química e de Matemática Aplicada que reúne estudantes universitários que se voluntariam para dar explicações a alunos de secundário. A equipa do Técnico recebeu uma bolsa no valor de 2.000 euros que decidiu doar à Casa da Infância e Juventude de Castelo Branco (CIJE), sob a forma de material informático.
Para a equipa vencedora um dos fatores que pode ter cativado o júri do concurso é esta ligação do projeto à educação, que tal como refere Catarina Grou Gonçalves, porta-voz da equipa e uma das fundadoras do projeto, “foi um dos setores mais afetados pela pandemia, tornando-se assim um ramo que necessitava imenso de soluções para conseguir ultrapassar esta fase”. Além disto, o grupo de alunos do Técnico acredita que “o facto de ser um projeto à base de voluntariado que une todos os jovens do país” e a capacidade de a equipa erguer “a iniciativa num curto espaço de tempo e sem recurso a apoios financeiros nem parcerias” poderão também ter destacado este projeto dos restantes a concurso.
O prémio veio servir de motivação ao grupo de alunos do Técnico, que o considera como “um reconhecimento do potencial do projeto”, servindo também para “mudar a nossa perspetiva mostrando que a bondade da nossa geração não tem limites e a nossa melhor arma é, sem dúvida, o nosso conhecimento”, sublinha Catarina Grou Gonçalves. “Nunca imaginámos que o projeto tomasse esta dimensão e é com muito orgulho que o consideramos o nosso legado da quarentena”, confessa ainda a aluna.
A escolha da CIJE como destinatário desta bolsa está diretamente relacionada com a ligação do grupo de alunos à cidade de Castelo Branco. “Foi a pensar em servir a comunidade desta cidade que o projeto nasceu, cresceu e alargou-se rapidamente para todo o país”, explica Catarina Grou Gonçalves. “A CIJE é uma das instituições mais antigas da cidade albergando, neste momento, 38 crianças/ jovens dos 6 aos 21 anos em regime de internato, que frequentam estabelecimentos de ensino na comunidade: ensino básico, secundário e cursos de formação profissional”, refere a aluna do Técnico. Com esta doação, a equipa pretende “estimular a vontade do regresso às aulas que, para já, ainda está a ser equacionado sob a forma de aulas presenciais em combinação com aulas à distância”. “Uma coisa é certa, os equipamentos informáticos são fundamentais no apoio ao estudo nos dias que correm”, vinca a fundadora do projeto.
Na base deste projeto esteve sempre a entreajuda e o apoio aos jovens. “Inicialmente, quando o formámos, tínhamos bem claro o objetivo de dar prioridade aos alunos mais carenciados, mas perante as centenas de inscrições que recebemos, tornou-se impossível fazer disso um critério”, partilha Catarina Grou Gonçalves. Este donativo à CIJE acaba também por ser uma forma de a equipa “conseguir honrar o nosso propósito”.
Desde a sua criação, o projeto “Com ânimo, sem pânico” não tem parado de crescer e conta já com 200 alunos do secundário e 330 do ensino universitário. “Apesar de continuarmos a ter inscrições a frequência das mesmas diminuiu, como era de esperar. Com a época de exames à porta para os alunos do ensino superior é sempre mais difícil conciliar tudo, mas todos têm encarado este projeto como um desafio e uma forma de ajudar a comunidade partilhando os seus conhecimentos”, evidencia Catarina Grou Gonçalves. Quanto ao futuro, a porta-voz da equipa afirma que o mesmo “dependerá das verdadeiras pessoas que são a alma do projeto: os alunos”.
O Prémio Santander Uni Covid-19 desdobra-se em 3 etapas, e os projetos são avaliados de acordo com os seguintes parâmetros: qualidade das candidaturas, relevância da intervenção e inovação na resposta a situações relacionadas com o contexto atual; capacidade de implementação do projeto a curto prazo; potencial de replicabilidade; relação com a Instituição de Ensino Superior e grau de envolvimento dos alunos universitários. Além dos alunos do Técnico, foram distinguidos projetos da Universidade da Madeira, do Instituto Politécnico de Castelo Branco, e IADE – Universidade Europeia.
Com o lema ‘Tira as tuas ideias de quarentena’, este prémio foi uma das respostas do Banco Santander à situação de emergência provocada pela atual crise, de modo a realçar e apoiar as iniciativas com impacto social que os jovens universitários e outros membros da comunidade académica têm realizado neste contexto adverso imposto pela pandemia.