Campus e Comunidade

Projeto de inovação desenvolvido por alunos da escola conquista pódio do Prémio Oeiras Valley

O trabalho desenvolvido pelos estudantes de mestrado do Técnico conquistou o 2.º lugar do Prémio Oeiras Valley.

A forma como a recolha de resíduos é executada não tem evoluído muito nos últimos anos, e o sistema não varia muito de município para município, e é até portador de várias ineficiências nomeadamente nas grandes cidades. Numa altura em que se ouve falar tanto de transformar as cidades, tal como as conhecemos, em ecossistemas digitais, rumo às denominadas smart cities, porque não colocar também a tecnologia ao serviço deste setor? Foi mesmo essa a ideia de uma equipa de alunos do Técnico que viu o valor do seu trabalho ser reconhecida pelos jurados do Prémio Oeiras Valley, arrecadando o 2.ºlugar da competição.

André Fabião, Afonso Gusmão, Diogo Oliveira, alunos do Mestrado em Engenharia Mecânica, Gonçalo Teixeira, estudante do mestrado em Engenharia Física Tecnológica e Luísa Nogueira, aluna do mestrado de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores são as mentes por detrás deste projeto vencedor e congratulam-se pelo reconhecimento recebido.  “Ficámos muito orgulhosos com esta distinção, não só porque veio valorizar e validar a qualidade do nosso projeto por um júri especializado, como também porque nos permitiu a divulgação do nosso produto”, afirma Luísa Nogueira. “Por outro lado, foi uma motivação acrescida para dar continuidade ao seu desenvolvimento, bem como o prémio que recebemos que nos irá ajudar a concretizá-lo”, adiciona a aluna.

Focado na digitalização das operações de recolha de lixo nas cidades, o projeto Wavean pretende usar a tecnologia para melhorar este setor que, como sublinha Luísa Nogueira, “apresenta uma gestão muito insatisfatória”. De acordo com a aluna trazer a inovação para estes processos “é uma necessidade urgente, não só porque possibilita uma enorme poupança de recursos económicos, como apresenta vantagens ambientais”. “Em particular, referimo-nos quer ao aumento de eficiência do processo de recolha, como à poupança de combustível e redução das emissões de dióxido de carbono associadas, alcançadas com a otimização das rotas de recolha”, explica a porta-voz da equipa.

Para melhor resolver o problema da ineficiência do processo de recolha de lixo, a equipa de alunos do Técnico reuniu com várias Câmaras Municipais. “Foi através destes contactos que tomámos conhecimento da complexidade da gestão desta atividade, onde uma das principais falhas identificadas se refere à desadequação da resposta face às necessidades reais de recolha de lixo”, partilha Luísa Nogueira. “Uma gestão da operação de recolha mais eficiente exige a obtenção de dados reais, uma necessidade tanto maior, quanto maior for a área urbana” aponta a aluna.

Para proceder a esta fulcral recolha de dados,  as soluções tecnológicas atualmente disponíveis no mercado baseiam-se em “dispositivos colocados em todos os contentores de recolha, o que nas grandes cidades se torna economicamente incomportável”, explica a aluna do Técnico.  O projeto Wavean traz para o mercado uma solução inovadora para esta problemática, propondo que a recolha de dados se faça diretamente no camião o que automaticamente se refletirá numa redução dos custos.

A equipa de alunos do Técnico decidiu concorrer à 1.ª edição do Prémio Oeiras Valley não só porque gosta de desafios, mas também porque viram na mesma uma “oportunidade de colocar em prática os nossos conhecimentos na resolução de um problema complexo”. “Por outro lado, foi também vantajoso porque nos permitiu divulgar a nossa ideia e obter fundos para o desenvolvimento do produto”, declara a aluna do Técnico.

Relativamente aos fatores que contribuíram para esta distinção, o grupo de estudantes acredita que o projeto se destacou pelo seu o carácter inovador  e pelo facto de “objetivar a resolução de um problema urgente e comum a diversas cidades”. “Outro ponto forte assentou no facto de sermos uma equipa multidisciplinar com capacidade abrangente para enfrentar os múltiplos desafios tecnológicos que a questão engloba”, adiciona a porta-voz.

O professor António Alves de Campos foi o mentor de todo o projeto, e Luísa Nogueira, faz questão de realçar a importância do seu apoio no trabalho realizado: “foi também uma mais-valia na exploração de toda a componente de negócios necessária, contribuindo para uma exposição integrada e estruturada da ideia da startup”. O papel de orientação dos docentes não é esquecido pela organização do Prémio Oeiras Valley e por isso mesmo, além da equipa que recebeu 3.000 euros, também o professor é contemplado com um prémio no valor de 2.000 euros. “No entanto, como o professor António faz parte da equipa, decidimos que o valor total do prémio será investido no desenvolvimento futuro do projeto”, revela Luísa Nogueira.

A criação de uma startup em torno do projeto será o próximo passo a dar pela equipa. “Por um lado, queremos dar início à construção do protótipo físico do sensor IoT a ser implementado na traseira dos camiões, que irá permitir medir em tempo real a quantidade de lixo recolhida. Por outro, e paralelamente, pretendemos estabelecer parcerias com entidades municipais, onde a integração de novas funcionalidades ao produto é realizada de forma gradual”, adianta a aluna do Técnico.

Também outro projeto “made in Técnico”, o DETU – Degrau Elevatório para Transportes Urbanos ficou entre os 10 finalistas deste concurso. O degrau elevatório para transportes urbanos, criado por uma equipa de alunos do Técnico numa unidade curricular de Engenharia e Gestão Industrial, arrecadou o quarto lugar, recebendo uma menção honrosa, e prosseguindo para a segunda fase do concurso que permite aos projetos terem acesso a um programa de mentoria por  parte das empresas presentes no Oeiras Valley.