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Projetos do Técnico na área da defesa estiveram em exposição no Centro de Experimentação Operacional da Marinha

Estudantes e investigadores da Escola contaram com uma visita do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que autografou o rocket Baltasar.

O estouro foi tão súbito e intenso que assustou os presentes, deixando-os em silêncio durante alguns segundos a tentar compreender o que ocorrera. Tinham visto o drone a descolar, a voar várias dezenas de metros e a pairar sobre um areal ali próximo, mas não tiveram tempo de concluir que o pequeno objeto que o veículo acabara de largar era uma carga de teste para uma demonstração. Agora, a mancha de fuligem na praia era tudo o que restava do explosivo, enquanto o drone regressava à base, aterrando serenamente no mesmo sítio de onde descolara.

Foi uma das inúmeras demonstrações de protótipos de defesa que tiveram lugar no Centro de Experimentação Operacional da Marinha, em Tróia, a 16 de abril, por ocasião de uma visita do primeiro-ministro, Luís Montenegro, às quais o Instituto Superior Técnico se juntou na figura de alguns dos seus centros de investigação e Núcleos de Estudantes. Drones que descolam, voam e aterram sozinhos, veículos marinhos autónomos que fazem o reconhecimento do fundo do mar e navios, submarinos e outras embarcações foram alguns dos dispositivos em exposição, a que se somaram equipamentos apresentados por investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR-Lisboa) e do Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares (C2TN), e ainda estudantes do Técnico Solar Boat (TSB) e do Núcleo de Estudantes de Engenharia Aeroespacial do Técnico (AeroTéc).

De há dois anos para cá, “o Técnico [tem] apost[ado] estrategicamente na investigação e desenvolvimento na área da defesa”, partilha Rogério Colaço, num compasso de espera enquanto os presentes aguardavam a chegada do primeiro-ministro, que atracaria na base militar minutos depois. O presidente da Escola destaca que, desde essa altura, “o Técnico passou a ser um parceiro bastante importante para as nossas Forças Armadas e também para as nossas Academias, no esforço de desenvolvimento da tecnologia de defesa do nosso país”.

 Exemplo disso é a variedade de protótipos que os estudantes, investigadores e professores do Técnico levaram para Tróia naquela chuvosa tarde. O SP-01, do Técnico Solar Boat, por exemplo, é um veículo marinho capaz de navegar sozinho, estando equipado com bateria e painéis solares, conforme descreve André Carvalho. O aluno do primeiro ano do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores recordou que, durante testes realizados naquela mesma base de Tróia, em 2024, a embarcação foi capaz de puxar um colega até à costa, numa missão de busca e salvamento que simulava um naufrágio.

Luís Sebastião, investigador do ISR-Lisboa, fez uma descrição dos dois veículos marítimos que iria apresentar minutos mais tarde a Luís Montenegro. Um deles é capaz de atingir os mil metros de profundidade e tem como objetivo monitorizar os níveis de radioatividade no mar. “É uma coisa que está muito pouco mapeada; sabe-se muito pouco ainda e há poucas ferramentas para fazer esse tipo de mapa”, comenta o investigador, acrescentando uma curiosidade – o projeto em que o veículo se insere tem o nome Radioactivity Monitoring in Ocean Ecosystems, resultando no acrónimo RAMONES, porque o investigador principal da iniciativa é fã da banda.

O “ensaio geral” antes da chegada do primeiro-ministro continuou. Professor e investigador do C2TN, António Gonçalves apresentou um dos resultados do projeto FRIENDS, uma colaboração entre essa unidade de investigação, o Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN) e a Academia da Força Aérea. Trata-se de um detetor de radiações incorporado num drone para descobrir material radioativo remotamente em, por exemplo, contentores de zonas portuárias. O equipamento tem também algoritmos de inteligência artificial para conseguir mapear um local autonomamente, garantindo a segurança dos operadores envolvidos, e contou com o envolvimento de estudantes de mestrado e doutoramento do Técnico na sua criação.

O primeiro-ministro elogiou o trabalho desenvolvido por todas as equipas ali representadas, mas o momento mais peculiar da visita viria a revelar-se quando um dos estudantes do AeroTéc, ao apresentar o rocket Baltasar em exposição, convidou Luís Montenegro a deixar uma assinatura no dispositivo, a meros centímetros de uma rubrica que o Presidente da República, Marcelo de Rebelo de Sousa, rabiscara numa outra ocasião. A par do rocket, este núcleo de estudantes apresentou ainda um veículo aéreo não tripulado de asa fixa, com utilizações na monitorização florestal para a deteção de incêndios e apoio ao resgate em situação de emergência.

“Para os núcleos de estudantes, a colaboração que temos aqui em Tróia, no CEOM, tem criado um conjunto de oportunidades de testagem de equipamentos”, explicaria Rogério Colaço, recordando que aquela é uma Zona Livre Tecnológica, “onde os estudantes têm meios de testagem e de experimentação que não são fáceis de encontrar noutros locais”.

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