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Proteção e segurança radiológica: Formação no Técnico eleva resposta a incidentes com matérias perigosas

Técnico capacitou operacionais de primeira linha no CTN para responder a emergências radiológicas com maior segurança e eficácia.

O Campus Tecnológico e Nuclear (CTN) do Instituto Superior Técnico, em Loures, acolheu uma formação intensiva em proteção e segurança radiológica, destinada a profissionais de primeira intervenção em cenários de emergências radiológicas e a pessoal recém-chegado aos laboratórios do CTN. Organizada pelo Laboratório de Proteção e Segurança Radiológica (LPSR), entre 7 e 10 de julho, a ação teve como objetivo principal fortalecer a capacidade de resposta operacional de bombeiros e sapadores em situações envolvendo matérias radioativas (matérias perigosas classe 7).

Os módulos teóricos e práticos abordaram os princípios da proteção radiológica, avaliação de riscos, tipos de radiação, equipamentos geradores de radiação, operação de equipamentos de medição e procedimentos de atuação em emergências radiológicas.

“Há ainda uma literacia reduzida entre as forças de intervenção nesta área específica”, alerta Alfredo Baptista, Coordenador do Núcleo Operacional de Proteção Radiológica do LPSR. “Formações como esta são cruciais para colmatar lacunas críticas e garantir uma resposta eficaz”, acrescenta.

A utilização adequada dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e a importância da comunicação com operacionais de primeira linha em incidentes com materiais radioativos foram aspetos amplamente destacados ao longo da formação.

Os conteúdos programáticos refletiram práticas reais do CTN, incluindo o manuseamento de fontes seladas e não seladas, e o uso de equipamentos emissores de radiação ionizante. A realização de simulações práticas com monitores de radiação e EPI permitiu aos formandos aplicar, em contexto simulado, os conhecimentos adquiridos — uma componente que foi particularmente valorizada.

João Alves, Diretor-Adjunto do LPSR, sublinha que “foi verificado uma grande recetividade e interesse nestas matérias por parte dos participantes, embora os níveis de conhecimento prévio fossem bastante diversos”.

A formação contou com a participação dos Bombeiros Voluntários de Sacavém, do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, além de novos trabalhadores do CTN.
Sob orientação de uma equipa multidisciplinar de especialistas — incluindo técnicos e investigadores do LPSR, do Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares e do Departamento de Engenharia e Ciências Nucleares do Técnico, Alfredo Baptista, Augusto Oliveira, Isabel Paiva, João Alves, Maria de Lurdes Gano, Mário Reis e Octávia Monteiro Gil, bem como uma convidada especializada em direito nuclear, Maria Manuel Meruje, lideraram os diversos módulos.

Apesar de Portugal não dispor de centrais nucleares, existem diversas fontes de risco radiológico distribuídas pelo território: desde unidades hospitalares com fontes de alta atividade, até à indústria — como a gamagrafia ou o transporte de materiais radioativos. O próprio CTN, com múltiplas instalações e equipamentos emissores de radiação, exige planos de emergência robustos e preparados.

A ação formativa integra um protocolo mais amplo de colaboração entre o CTN do Técnico e entidades de socorro, como o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa e os Bombeiros Voluntários de Sacavém. Este protocolo prevê o desenvolvimento contínuo de treinos, ações conjuntas e simulacros, com vista ao reforço da resposta nacional a acidentes radiológicos.

“Os primeiros a chegar e os últimos a sair” — é assim que Alfredo Baptista descreve os profissionais de emergência que intervêm nestes contextos. No entanto, a escassez de equipamento específico e a ausência de formação especializada continuam a limitar a atuação plena destes operacionais. “Mais do que conhecer os riscos, é fundamental saber agir de acordo com os procedimentos de segurança”, reforça.