A everis foi fundada em Portugal em 1999. A política de responsabilidade social corporativa já era aplicada nessa altura?
Sim, desde o início que temos alguma coisa. Só que na fase inicial fazíamos o que se fazia na altura: pintar paredes, arranjar jardins…
E porquê ter essa preocupação desde cedo?
Acho que faz parte das grandes companhias devolver à sociedade parte do que a sociedade nos deu. A sociedade não aceita que uma grande companhia não tenha um papel social. As empresas têm que ser vistas pelo mercado como entidades sérias e, além disso, é importante que os nossos colaboradores vejam a everis como uma empresa de que se podem orgulhar.
Ainda continuam a pintar paredes?
Pintar paredes era muito divertido mas deixava tudo sujo. Hoje temos várias coisas, como uma fundação que tem atuado na área do talento, do empreendedorismo, da inovação. Depois temos uma área da responsabilidade social em que ajudamos o terceiro setor, a economia social, a encontrar formas de gestão que permitam ter melhor grau de eficiência. É uma área em que estamos muito interessados. Além disso, fazemos projetos de consultoria: deixámos de pintar paredes, mas fazemos o que sabemos.
E as colaborações com o Técnico?
Essas são no âmbito da Fundação Everis.
Em 2012 houve a assinatura de um protocolo de colaboração entre a everis e o Técnico. A colaboração já vinha de trás?
Temos relações com o Técnico desde o início, porque 40 porcento dos nossos colaboradores vieram do Técnico. Acho que é um dos motivos do nosso êxito: gente com formação muito forte. Já colaborávamos com o Técnico antes disso, e esse protocolo tem que ver com o talento, colaborámos com o Técnico no sentido de tentar transformar algumas patentes e áreas de investigação em negócios, com serviços de consultoria. Foi um trabalho muito interessante.
Esse protocolo terminou, entretanto…
Esse acabou, mas a colaboração tem-se estendido para outras áreas. Na altura, olhámos para quatro patentes e analisámos o valor e a forma como as poderíamos ajudar a ter mercado. Neste trabalho detetou-se que alguma coisa poderia ter corrido melhor se tivesse havido maior interlocução com os stakeholders ou com o mercado, numa fase mais precoce.
Daí participarem na iniciativa iLLP@Técnico (Innovation Lean LaunchPad), um programa de aceleração?
Sim. O objetivo é fazer com que haja contacto com o mercado mais cedo. Isto faz-se através da i-deals, uma empresa do grupo que tem como objetivo exatamente isto: fomentar a troca entre quem investiga e o mercado.
Neste momento é essa a colaboração fundamental com o Técnico?
O Lean LaunchPad mantém-se para o próximo ano. Tivemos uma edição 2014-15 e teremos uma edição 2015-16. Contamos manter estas colaborações com o Técnico.
E os resultados desta parceria?
Os nossos colaboradores saberem que temos uma relação com a casa onde estudaram é importante. E é importante que os alunos do Técnico referenciem a Everis como uma empresa que se preocupa e tenta ajudar.
Têm outras formas de promoção da inovação e empreendedorismo?
Temos um prémio internacional de empreendedorismo… Já vamos na 14.ª edição. Curiosamente, as duas últimas empresas portuguesas vencedoras foram spin-offs do Técnico: a Cell2B e a HeartGenetics. São empresas de ciências da vida, não são empresas de engenharia pura. Acho que este é um indicador muito interessante do que se está a passar no Técnico.