Na ‘Ilha do TIC’, o ambiente é de concentração e partilha. Entre folhas de exercícios e conversas sussurradas, estudantes do primeiro ano do Instituto Superior Técnico ocupam as mesas do espaço, aproveitando o apoio prestado em sessões de estudo de matemática. A iniciativa ´Sala de Estudo de Matemática’, lançada no início do semestre, pretende reforçar o estudo independente e incentivar o trabalho colaborativo entre estudantes e monitores do Técnico, tendo como missão estrutural apoiar os estudantes nas disciplinas de base que marcam o início do percurso académico: Cálculo Diferencial e Integral I, II, III e Álgebra Linear.
Localizado no Técnico Innovation Center empowered by Fidelidade, o espaço que acolhe a ‘sala de estudo’ resulta de uma reorganização do apoio prestado em anos anteriores. “Tínhamos estas salas de estudo divididas por cursos e espaços diferentes, o que tornava o processo confuso. Pedimos apoio ao Conselho de Gestão e ao Conselho Pedagógico [do Técnico] para centralizar a iniciativa num local que os alunos já utilizam e reconhecem”, explica Pedro dos Santos, docente do Técnico e coordenador da iniciativa.
O modelo acompanha uma tendência já presente noutras universidades. “É um tipo de iniciativa comum em várias instituições, sobretudo nos Estados Unidos e também na Europa. Tem mostrado ser uma boa forma de apoiar os alunos na transição para o ensino superior, ajudando-os a estruturar o estudo e a desenvolver autonomia”, acrescenta.
As ‘Salas de Estudo de Matemática’ funcionam em vários espaços dos campi do Técnico, decorrendo em horários regulares ao longo da semana, com duas a três sessões por dia, consoante a disciplina. A orientação é assegurada por monitores – estudantes do Técnico de anos mais avançados e docentes auxiliares das respetivas unidades curriculares – que acompanham o estudo autónomo e ajudam a resolver exercícios, de quem os procura. “Aqui o aluno pode vir mesmo sem ter começado a estudar a matéria da semana. Os monitores sabem em que ponto está cada turma e ajudam a direcionar o estudo e a resolver exercícios”, acrescenta Pedro dos Santos.
Entre esses monitores está Diogo Mendes, estudante do primeiro ano do Mestrado em Matemática Aplicada e Computação. “É um apoio bastante importante, porque os alunos têm pouco tempo de aulas práticas e de esclarecimento de dúvidas. Aqui há espaço e tempo para aprender entre colegas, num ambiente mais descontraído, e sempre com o acompanhamento dos monitores”, descreve. Diogo salienta que o interesse tem vindo a aumentar, com as sessões da tarde a reunir regularmente mais de 50 estudantes interessados.
A componente opcional de avaliação – que permite aos alunos melhorar a nota final ao resolver semanalmente um exercício presencial – tem sido uma das motivações adicionais para a participação. Júlia Drentje, estudante da Licenciatura em Engenharia Biológica do Técnico, admite que esse foi um dos fatores que a trouxe. “Venho por causa do desafio semanal de cálculo. Se acertarmos quatro perguntas durante as oito semanas, recebemos um valor a mais na disciplina. É uma mais-valia, porque praticamos, percebemos melhor a matéria e ainda somos beneficiados por isso”.
Para a estudante, o valor do espaço vai além da avaliação. “O apoio de colegas mais velhos ou mesmo o trabalho em grupo faz diferença. Muitas vezes estou aqui e encontro amigos de outros anos que me ajudam a perceber a matéria – isso é incrível”.
Também Rafael Domingues, do primeiro ano de Licenciatura em Engenharia Electrotécnica e Computadores do Técnico, reconhece o impacto do espaço no seu percurso inicial: “Vim porque sabia que ia ajudar na cadeira de Cálculo, para melhorar e afinar as bases”. Ao seu lado, o colega Manuel Cordeiro, destaca o papel das sessões na adaptação à vida académica: “O ritmo é muito diferente, mas estas sessões ajudam bastante. São uma ajuda para ultrapassar os primeiros obstáculos”. O grupo frequenta o espaço uma a duas vezes por semana com a promessa de continuar, especialmente à medida que se aproxima a fase de avaliação.
Pensado para apoiar as ‘disciplinas horizontais’ do 1.º ano das licenciatura do Técnico, o espaço de estudo afirma-se como um reforço significativo ao estudo independente dos estudantes da Escola. “Ter a orientação de monitores ajuda-nos a perceber a matéria com mais clareza e a organizar melhor o nosso estudo”, remata Luís Rodrigues, também estudante em Engenharia Electrotécnica e Computadores.
Com centenas de presenças semanais e “resultados preliminares que apontam para melhorias significativas no desempenho dos participantes”, Pedro dos Santos antecipa uma evolução da iniciativa: “Queremos que este espaço seja o primeiro passo para uma academia de estudo do Técnico, que reúna diferentes departamentos e ofereça apoio estruturado a várias disciplinas transversais”. Esta visão, sublinha, enquadra-se na estratégia do Técnico de promover ambientes de aprendizagem colaborativos e de valorização do estudo autónomo.