O ano de 2020 encerrou da melhor forma para a Pleez, a startup que está dar cartas no mundo da restauração através de uma plataforma que permite melhorar a experiência do cliente e facilitar a gestão das equipas internas. A startup 100% portuguesa, que conta com dois alumni do Técnico na sua equipa de fundadores, conseguiu entrar no programa de aceleração APX, promovido pela Porsche e pelo grupo editorial alemão Axel Springer. A Pleez é a primeira startup portuguesa a conseguir integrar este programa e consegue assim um investimento de 50 mil euros em troca de 5% do capital, passando a estar avaliada em 1 milhão de euros.
Diogo Santos e Castro, antigo aluno de Engenharia Eletrónica e cofundador da empresa, garante que este é “um marco bastante importante na empresa. “Foi a primeira validação com maior relevo, de que estávamos no bom caminho. O know-how que aportam e o acompanhamento têm sido fenomenais”, acrescenta. A equipa está focada em “aproveitar ao máximo a rede de contactos a que nos podem dar acesso, nos mercados europeus para podermos expandir a nossa solução internacionalmente”, tal como salienta o antigo aluno do Técnico.
Uma solução tecnológica que permite agilizar os pedidos e restringir os contactos nos restaurantes
O episódio que está na génese da empresa é muito comum: um grupo de amigos junta-se para almoçar, mas estão todos com alguma pressa para irem para uma reunião e por isso a refeição teria de ser muito rápida. O grupo de jovens acabaria confrontado com o oposto disso: além da demora do menu, foi longo o tempo de espera na realização do pedido, na chegada do café, e até no pedido da conta.
O tempo despendido acabaria por inspirar o grupo de jovens a criar esta startup de sucesso. “Nesse momento, entendemos que havia uma oportunidade de simplificar e tornar mais eficiente o serviço nos restaurantes”, relembra Diogo Santos e Castro. “Assim surge a Pleez, com a missão de facilitar a comunicação entre clientes e restaurante através da digitalização do canal horeca”, conta Vasco Sampaio, antigo aluno de Engenharia Mecânica e também cofundador. “Nessa altura, a digitalização do canal era uma necessidade que, entretanto, se transformou numa obrigação com a COVID-19”, recorda o alumnus.
A ideia inicial passava por fazer a digitalização do serviço através da colocação de tablets nas mesas que estavam conectados com um computador central. Com a chegada da pandemia, a equipa detetou novamente uma oportunidade de fazer a diferença, e adaptou a solução às necessidades do momento e dos clientes. “O nosso produto já se justificava antes, mas nesta altura torna-se ainda mais importante uma vez que confere total controlo ao cliente para consultar o menu e realizar pedidos sempre que quiser sem ter de chamar o empregado utilizando o seu dispositivo móvel”, realça Diogo Santos e Castro. “Um processo simples que gera um serviço mais rápido e contribui para a segurança e confiança no espaço, já que promove o distanciamento social, evita a partilha de ementas e a troca de dinheiro ou manuseamento de TPAs [Terminais de Pagamento Automático]”, evidencia, de seguida, o aluno.
Para além da aplicação que passou a poder ser utilizada no smartphone de cada cliente, cumprindo-se o distanciamento social e reduzindo os contactos, a equipa foi também criando novos módulos “com base no que os nossos clientes nos pediam como funcionalidades de Click & Collect ou Delivery”, refere Vasco Sampaio.
A chegada ao mercado aconteceu a 18 de maio de 2020, data em que o Governo autorizou a reabertura da restauração após o primeiro confinamento, e não podia ter corrido melhor. “O mercado reagiu muito bem inicialmente. Em apenas 3 meses angariamos 150 clientes! Não se sabia como ia ser a saída do confinamento e havia muita predisposição a soluções que ajudassem a atravessar este período mais complicado”, partilha Diogo Santos e Castro. “E se em junho o landscape de menus digitais ainda era escasso, em setembro tornou-se difícil encontrar um restaurante em Lisboa que ainda não tivesse um”, denota ainda.
A startup conta hoje em dia com mais de 240 restaurantes na sua carteira de clientes. De acordo com Vasco Sampaio, “a Pleez tornou-se uma ferramenta de vendas para os restaurantes que lhes permite aumentar as vendas”. Além de permitir aumentar o consumo médio por cliente – a facilidade de pedir e a forma apelativa como o menu é comunicado, potenciam um aumento do consumo”, a plataforma permite aumentar a rotatividade das mesas – pedidos mais rápidos traduzem-se em refeições mais curtas, portanto cada mesa pode servir mais clientes. Tudo isto sem exigir qualquer investimento inicial para o restaurante. A Pleez apresenta também várias modalidades de negócio permitindo ao restaurante escolher o pacote que melhor se ajusta às suas necessidades e objetivos.
Para os clientes, a grande vantagem é a facilidade com que podem realizar os pedidos: basta consultar o menu digital do espaço onde estiver e pedir o que quiser da ementa sem ser preciso esperar para ser atendido, e claro minimizando ao máximo os contactos- tal como nos exige a pandemia.
“Queremos ser a próxima grande startup portuguesa e isso só se consegue com muita dedicação e foco”
Vasco Sampaio acredita que o distingue a Pleez de muitas startups, e faz a diferença em todo o processo: é a proximidade em relação aos clientes. “Começámos a desenvolver o projeto na rua, junto dos clientes: tanto na fase de conceção de ideia, como também no lançamento do produto”,vinca. “É bastante duro, mas é também o caminho mais rápido para validar as ideias. Para além disso, temos uma equipa incansável e muito focada nos objetivos. Queremos ser a próxima grande startup portuguesa e isso só se consegue com muita dedicação e foco”, adiciona o antigo aluno.
Para Vasco Sampaio e Diogo Santos e Castro o conhecimento que adquiriram no Técnico tem sido “absolutamente indispensável” nesta aventura do empreendedorismo. “Ao nível mais técnico, os skills analíticos que adquirimos são fulcrais para desenvolver o produto. Por outro lado, a resiliência para acabar até as tarefas mais duras, dentro dos prazos, e a capacidade de discernir o que importa do que não importa, são provavelmente as características mais importantes para levar o barco e, que sem o Técnico, não as teríamos adquirido”, declara Diogo Santos e Castro. “Deu-nos ainda acesso a uma rede de contactos privilegiada. Foi com a ajuda de professores do Técnico que se abriram as portas para fundos de investimento e contactos muito do mundo das startups”, complementa Vasco Sampaio.
Quando se fala de futuro e dos desejos inevitáveis que o novo ano incita a projetar, os dois antigos alunos lembram que “criar uma empresa durante uma pandemia, não permite fazer planos a longo prazo, sem que estes sejam alterados constantemente”. Ainda assim, garantem que o objetivo central é “consolidar o produto e traçar uma visão sólida da empresa para os próximos 2 anos, que inclui a intenção de internacionalizar para uma nova geografia”, declara Diogo Santos e Castro. “Os mercados mais prováveis são: o alemão, dado termos acesso a uma rede de contactos muito boa, ou o espanhol pela proximidade”, remata Vasco Sampaio.