Durante uma visita a um dos laboratórios do piso térreo da Torre Norte, no campus Alameda do Instituto Superior Técnico, o grupo de participantes não acreditava no que os seus olhos viam – um cubo metálico rodopiava no ar, sem qualquer apoio, apenas com uma camada de ar a separá-lo do íman que repousava no tampo da mesa. Os olhos arregalaram-se ainda mais ao verem o cubo manter-se a flutuar, mesmo quando o professor que fazia a demonstração pegou no íman e o elevou no ar, rodando-o. O cubo manteve a sua posição, como que pendurado do teto por um fio invisível.
Não foi um truque de magia, como terão pensado alguns dos presentes, mas sim uma demonstração das propriedades de materiais supercondutores – um dos muitos exemplos da ciência estudada no Técnico, que, a 5 de abril, foi mostrada a mais de 2700 visitantes curiosos no Dia Aberto. A iniciativa juntou estudantes, professores, investigadores e funcionários da Escola na dinamização de atividades como visitas a laboratórios, conversas com cientistas, apresentações de cursos, centros de investigação e núcleos de estudantes, jogos experimentais e palestras.
Faltava mais de uma hora para a abertura de portas, mas Pedro Silva já fazia questão de estar no terreno para preparar a banca de atividades do Projecto de Sustentabilidade Energética Móvel (PSEM). Vice-coordenador deste núcleo de estudantes, o aluno da Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial diz ter vindo ao Dia Aberto para mostrar “a importância dos núcleos de estudantes para o Técnico, fazendo a ponte entre o ensino e o mercado profissional”. Não é a primeira vez que comparece no evento – já está habituado a acolher pais, filhos, amigos, futuros estudantes e os mais variados grupos. “Uma excelente iniciativa”, resume, antes de fazer uma última verificação ao veículo elétrico que estaria exposição no Átrio Central, durante o evento.
Foi no seio do Dia Aberto que Miguel ficou a saber que, dentro do Pavilhão de Minas do Técnico, há um museu cheio de rochas, minerais e fósseis, com uma das paredes decorada com um crânio de elefante, uma mandíbula de hipopótamo e um longo chifre, e outra com um osso carbonizado outrora pertencente a um animal de grande porte. Enquanto o rapaz de 11 anos percorria uma das salas do museu Décio Thadeu, entre vitrinas recheadas de gnaisses e calcários, gessos e moscovites, anfibolitos e magnetites, uma aluna do Técnico segurava uma lanterna de luz ultravioleta, aguardando a melhor altura para mostrar ao jovem o brilho fluorescente de alguns dos exemplares do espólio do museu.
“Queria vir para esta engenharia”, partilha Joana Simão enquanto rodava a lanterna nas mãos, referindo-se à Licenciatura em Engenharia de Minas e Recursos Energéticos que agora frequenta, fruto de ter participado no Dia Aberto de 2024. Depois de ter explorado “visitas na área da física e da engenharia mecânica” nessa edição, Joana teve também recomendações da parte de colegas do ramo de minas e recursos energéticos. “É engraçado” ser agora a sua vez de estar nessa posição, comenta, partilhando a sua experiência de curso com os visitantes.
Ainda em fase de decisão quanto ao curso que pretendem frequentar, Sara e Sofia tiveram uma surpresa no Dia Aberto – por volta da hora de almoço, foram recebidas à entrada de um laboratório por Bob, um robot que, depois de uma breve conversa, as encaminhou até a uma sala de estar improvisada, perante os olhares divertidos de outros visitantes. Feita a demonstração das potencialidades de anfitrião de Bob (e confortavelmente instaladas no sofá que o robot lhes indicara), as duas estudantes do 12.º ano de escolaridade explicaram que vieram com um grupo de amigos “conhecer a Escola” que alguns querem frequentar. “Como sabemos, o Técnico é uma escola muito prestigiada – temos emprego garantido quando saímos daqui”, afirmou Sara, enquanto que Sofia deixou a recomendação de participar no Dia Aberto “a outras pessoas curiosas, sobretudo na área das ciências”.
Cheio de curiosos acerca de conhecimento científico estava o Salão Nobre do Técnico que, por essa altura, fervilhava com atividades de diferentes centros de investigação associados à Escola. Desde tecnologias para a preservação de estragos em património de museus durante sismos até jogos de tabuleiro envolvendo fenómenos quânticos, aqui encontrou-se um pouco de tudo.
Diogo Rodrigues, que terminou recentemente o Mestrado em Engenharia Química, está prestes a começar uma bolsa de investigação e explicou o funcionamento de um dispositivo que borbulhava na mesa ao seu lado, albergando um conjunto de bactérias que produzem bioplásticos sustentáveis com aproveitamento tecnológico (de que era exemplo um par de piões ali pousado, produzido nesse material). Participar no Dia Aberto é, para si, “bastante importante para praticar a parte da comunicação”, algo que considera valioso não só “no ambiente académico”, mas também “para a evolução enquanto pessoa”. À semelhança de Joana Simão, também veio ao Dia Aberto quando ainda não era aluno do Técnico. Já tinha uma boa ideia daquilo que gostaria de fazer, mas o evento ajudou-o a fazer uma escolha mais informada, contactando com estudantes das suas áreas de interesse.
As atividades do evento não deixaram os mais novos de parte. A sala C9 do Pavilhão Central acolheu os mais pequenos com pinturas, dinâmicas com óculos de realidade virtual e demonstrações de reações químicas que faziam copos de plástico jorrar espumas coloridas, semelhantes a “pasta de dentes para elefantes”. A agenda do Dia Aberto teve em conta todas as idades, tanto assim que uma família belga que gozava as suas férias em Lisboa deu por si com vontade de conhecer a Escola a meio do seu passeio de fim-de-semana pela capital. Mãe e filhos interessados em matemática para um lado, pai e filho curiosos com laboratórios para o outro, encontraram-se novamente no Pavilhão Central e daí seguem para um gelado nas redondezas – foram cinco de outros muitos participantes que saíram do campus Alameda com um interesse redobrado por aquilo que se faz na maior escola de engenharia, arquitetura, ciência e tecnologia do país.
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