Campus e Comunidade

Técnico recebe mais de dois mil visitantes no Dia Aberto 2024

Evento mostrou o Técnico à comunidade através de palestras, experiências, uma feira de ciência e visitas guiadas a laboratórios, entre outras atividades.

Ainda o relógio não chegara às 10 horas da manhã e já várias pessoas aguardavam para dar entrada no Dia Aberto do Instituto Superior Técnico, o evento de entrada gratuita que propôs à comunidade mais de 100 atividades ligadas à Escola. Até às 17 horas, os mais de dois mil visitantes do campus Alameda tiveram a oportunidade de participar em palestras, sessões de esclarecimento com estudantes do Técnico, visitas guiadas, experiências interativas e uma feira de ciência onde cerca de 40 projetos de investigação estiveram em exposição.

Contando com a colaboração de Departamentos, Unidades de Investigação e Núcleos de Estudantes do Técnico, o Dia Aberto apresentou a diversidade  em diversos ramos da engenharia, ciência, tecnologia e arquitetura. Numa das bancas da feira de ciência que preenchia o Salão Nobre, por exemplo, viam-se desenhos de diversas personagens de animação em placas de petri cobertas de bactérias – não é todos os dias que se encontra uma colónia de Escherichia coli disposta em forma de Porquinha Peppa. Mais ao lado, os visitantes podiam observar ao microscópio as ‘estruturas com bolinhas’ que compõem o bolor que ataca comummente os alimentos lá em casa, bem como segurar numa garrafa contendo cerveja produzida com águas residuais tratadas, tornadas próprias para consumo.

Ainda na mesma sala, uma estrutura feita com varetas de plástico oscilava por cima de uma placa, simulando a resposta de um edifício à ocorrência de um sismo. Na mesa ao lado, gobelés cheios de água borbulhavam em resposta à passagem de uma corrente elétrica, demonstrando o princípio na base da produção do hidrogénio, a eletrólise. Mais à frente, um grupo de amigos entrelaçava-se e rodava em torno de um par de cordas que todos seguravam, criando e desfazendo vários tipos de nós que representavam números (com cada movimento do grupo a equivaler a uma operação aritmética). Para espanto de todos, ao executarem um movimento que obrigou o resultado da conta a dar zero, a ‘calculadora’ feita de cordas atadas devolveu o valor previsto ao desfazer todos os nós sem esforço.

Sofia achou o feito “incrível”. A estudante do 12.º ano oriunda de Braga veio na companhia de João Pedro para “conhecer o ambiente” da faculdade. Gosta de ciência, mas confessa-se mais inclinada para um percurso em artes ou humanidades, facto que não a demoveu de frequentar o Dia Aberto. “Mesmo que não seja sobre [uma área] que queremos, acho que é importante ouvir experiências de outros alunos”, explicou, afirmando depois que acabou por “divertir-[se] bastante”. Destacou o choque que apanhou durante uma atividade sobre eletricidade estática. “Foi giro”, riu-se. Acrescentou ainda que vê o Técnico como uma faculdade “bastante boa, incluindo a nível internacional”.

O sentimento é ecoado por João Pedro, que há alguns anos que ambiciona ser programador. “Sendo um estudante de Braga, também me interessava mudar um pouco o meu ambiente social e gostei muito da oportunidade de conversar com estudantes de cá”, explica. “Falei com uma aluna de Engenharia Informática logo à entrada e isso foi muito bom para convencer-me de que vir para cá é o ideal”, complementou, convicto de que “ouvir o testemunho dos estudantes de forma direta e na própria instituição é algo que faz toda a diferença – vir ao Dia Aberto faz toda a diferença”.

 

Para além da feira de ciência, há tudo o resto

A programação do evento incluiu também conversas sobre o impacto do ChatGPT na sociedade e sobre exploração espacial (esta última com particular nota ao ISTSat-1 do Técnico, que se destaca como o primeiro satélite universitário totalmente desenvolvido e fabricado em Portugal), conduzidas por Luisa Coheur e João Paulo Monteiro.

Enquanto aguardava o início de uma destas palestras, Catarina Cruz observava do primeiro piso do Pavilhão Central as dezenas de pessoas que participavam nas atividades no átrio abaixo – as sessões de esclarecimento em que estudantes do Técnico descreveram as suas experiências e os seus cursos. “Fico contente e admirada com o quão focados alguns estudantes [de Secundário na audiência] parecem estar”, revela. “Se calhar estão muito mais abertos do que estariam na minha geração a este tipo de iniciativas, para decidirem melhor o seu futuro profissional”, teorizou. Quanto a si, veio ao Dia Aberto do Técnico por achar “interessante ver a aplicabilidade de coisas que parecem estar distantes de nós”. “São áreas que se materializam em coisas concretas no nosso dia a dia, por isso esta ligação entre ciência e comunidade é o mais importante para minimizar o distanciamento que existe [entre as duas]”, adiantou.

No piso térreo, Tomás, Leonor e Sofia aguardam entre duas sessões de esclarecimento. O grupo de amigos do 12.º ano explica o que os trouxe ao Técnico. Segundo Tomás, que está interessado em Engenharia Biomédica, “é uma faculdade com alta empregabilidade, que dá uma boa preparação para o mundo do trabalho”. Leonor, por sua vez interessada em Engenharia Aeroespacial, destaca que os três amigos querem começar os estudos em engenharia, sendo esta “uma faculdade muito conhecida [nessa área]”.

Lá fora, à frente da fachada principal do Pavilhão Central, vários estudantes do Técnico seguravam cartazes, sinalizando os pontos de encontro para as visitas guiadas a laboratórios da Escola. Numa destas visitas, os participantes viram um jato de espuma vermelha ser ejetado de um balão de Erlenmeyer, depois de uma reação para produzir uma substância semelhante a ‘pasta de dentes de elefante’. Puderam ainda observar as propriedades refrigerantes do azoto líquido (armazenado a cerca de 200ºC negativos), formando ‘copos’ feitos de gelo e estilhaçando folhas previamente mergulhadas na substância como se estas fossem feitas de vidro.

Lara já conhecia alguns dos laboratórios que acolheram visitantes no Dia Aberto, uma vez que participou nas atividades do Verão na ULisboa. Com um pai e um irmão que frequentaram o Técnico, a aluna do 12.º ano de escolaridade confessa “gost[ar] muito do Técnico” e que a Escola tem “imenso prestígio”. Madalena, uma amiga com quem veio, quis conhecer as pessoas e instalações da faculdade, inscrevendo-se em visitas ligadas à área da física.

Até os mais novos tiveram atividades dedicadas a si. Na sala C9, fez-se ‘Ciência dos Pequeninos’, com jogos que puseram as crianças a pensar sobre o que é a ciência, a fazer slime e a desenhar os cientistas como os veem (o Silvestre, de 6 anos, desenhou um cientista-robô). Talvez no futuro alguns destes pequenos visitantes venham a percorrer estes corredores outra vez, a caminho de se tornarem os engenheiros e cientistas que desenharam anos antes, neste Dia Aberto.

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