“Preciso de mais folhas!” – o pedido ergueu-se sobre o burburinho de fundo e o som constante dos lápis sobre o papel. Em redor, calculadoras, folhas de rascunho e fórmulas ocupavam as mesas, e o ar concentrado misturava-se com a excitação de quem procurava resolver o problema seguinte. No dia 7 de novembro, o Técnico Innovation Center powered by Fidelidade acolheu mais de 350 estudantes de todo o país para a 1.ª edição em Portugal do Náboj Física. O Instituto Superior Técnico, através do Departamento de Física, associou-se à organização desta iniciativa que põe à prova o raciocínio rápido e o trabalho em equipa.
Repartidos em equipas de cinco elementos, os estudantes competiram em duas categorias – Júnior e Sénior – e tiveram 120 minutos para resolver 40 problemas. À medida que o relógio avançava, o burburinho crescia, a correria à mesa dos corretores intensificava-se e os professores acompanhavam atentos, dando as últimas orientações: “Mantenham-se focados!”, ouvia-se entre uma troca de folhas e um cálculo refeito.
Antes do início da prova, o presidente do Técnico, Rogério Colaço, dirigiu-se aos participantes com uma mensagem de motivação. “Muitos de vocês levantaram-se às cinco da manhã para estar aqui, e são a prova de que o esforço vale a pena”, afirmou. “Depois de 35 anos como professor, continua a emocionar-me ver esta vontade de aprender. Isto só é possível graças aos professores que vos orientam e vos ensinam a olhar para as disciplinas de outra forma. Num desejo talvez utópico, espero que todos ganhem no fim deste dia”.
Entre as dezenas de equipas presentes, a Escola Secundária José Afonso, de Loures, competiu na categoria Sénior, com o exame nacional de física no horizonte. “Este ano temos exame, por isso esta competição é uma boa preparação”, explicou Santiago, do 11.º ano, enquanto revia os cálculos com os colegas. “Para o ano estamos cá outra vez”, garantiu.
Vindas de Guimarães, as estudantes Margarida e Maria, da Escola Secundária Martins Sarmento, estrearam-se no Náboj. “Tentámos organizar-nos logo desde o início e resolver o máximo que conseguimos”. À volta da mesa, o grupo alternava entre a concentração silenciosa e as trocas rápidas de ideias, acompanhando o ritmo do desafio.
Também o Colégio Moderno, com uma equipa do 9.º ano, participou motivado pelo gosto da disciplina. “Gosto de perceber como as coisas funcionam e a física explica muito do que vemos à nossa volta”, contou um dos estudantes. Sobre a estratégia seguida, a equipa destacou que o “trabalho em equipa ajudou a desbloquear alguns problemas mais difíceis”.
Já o colégio St. Peter’s International School, de Palmela, regressou ao Técnico depois de ter participado no Náboj de Matemática, em março. “É uma competição muito completa, faz-nos pensar de forma diferente e gerir bem o tempo”, partilhou Guilherme, que ambiciona voltar ao Técnico no futuro, já matriculado na Licenciatura em Engenharia Física Tecnológica.
Durante duas horas, a concentração manteve-se ininterrupta. Nos minutos finais, os sons da sala ganharam intensidade: folhas a serem trocadas, explicações apressadas e passos rápidos em direção à mesa dos corretores. Quando o tempo terminou, o ambiente transformou-se em aplausos e sorrisos, sinal do esforço partilhado.
No final da tarde, foram anunciadas as escolas vencedoras a nível nacional. Na categoria Júnior, a Escola Salesianos do Estoril conquistou o 1.º lugar, seguido do Colégio de São José Ramalhão, de Sintra, em segundo, e da Escola Secundária Infanta D. Maria, em terceiro. Já na categoria Sénior, o Colégio Efanor alcançou a vitória, seguida da Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, e da Escola Secundária Martins Sarmento. As melhores equipas nacionais alcançaram a 110.ª posição na categoria Júnior e a 63.ª posição na categoria Sénior, a nível global.
O Náboj de Física realizou-se simultaneamente em vários países – Áustria, Chéquia, Eslováquia, Espanha, Hungria, Polónia, Portugal, e Ucrânia – permitindo que os participantes comparassem o seu desempenho com o de equipas de diferentes contextos. Desde 2015, esta vertente internacional tem constituído uma oportunidade para os estudantes medirem os seus conhecimentos e capacidades em contexto comparativo, mantendo o foco na avaliação local e na promoção do trabalho em equipa.