Correm estudantes escada acima e escada abaixo no Pavilhão de Informática I do campus Alameda do Instituto Superior Técnico durante um fim-de-semana. Cada um deles agarra um molho de balões cheios de hélio com diferentes cores, alguns dos quais ficam à porta, aguardando pacientemente junto ao teto o regresso do seu ‘dono’ quando o seu destino não é aquela sala.
Estamos numa eliminatória do International Collegiate Programming Contest – Southwestern Europe Regional Contest (ICPC-SWERC), competição internacional de programação que o Técnico acolheu a 30 de novembro e 1 de dezembro, recebendo participantes nacionais e de países como Espanha, Itália, Suíça e Israel. O evento contou com a participação de 141 equipas e decorreu em simultâneo em três locais diferentes – no Técnico, em Lyon (França) e em Pisa (Itália).
Dado o sinal de partida, à medida que resolviam cada um dos 14 problemas propostos, as equipas recebiam um balão com uma cor associada a esse problema, ficando com a mesa de trabalho progressivamente mais decorada e colorida com o avançar da prova. Os exercícios propostos, centrados em lendas e mitos de várias culturas, desafiavam os participantes a desenvolver algoritmos para desenhar fortalezas medievais, interpretar ruínas de um teatro grego ou até decifrar as regras de um jogo de tabuleiro de 2000 a.C. com base num artefacto arqueológico. O objetivo foi garantir a aprovação para a fase europeia do ICPC, a decorrer entre 28 de fevereiro e 2 de março do próximo ano.
“Essencialmente, os estudantes têm de ter capacidades muito boas de resolução de problemas”, explica Alexandre Francisco, professor do Técnico, vice-presidente para as Tecnologias Digitais e co-diretor do evento. Essas capacidades passam por “ler o problema, identificá-lo, pensar nas soluções e algoritmos que conhecem, resolver o problema de um ponto de vista formal e matemático, implementar a solução, submetê-la e vê-la aprovada”. O docente destacou que o envolvimento do Técnico com eventos desta dimensão demonstra “capacidade de organização [para] este tipo de logística, recebendo equipas de vários países e organizando espaços para o efeito, com capacidade informática” para o decorrer da prova.
Rita Almeida, aluna do mestrado em Matemática Aplicada e Computação do Técnico, participa pela segunda vez na competição, tendo estado em França por ocasião da edição do ano passado. “É para nos divertirmos – vamos ver como corre. O que era para preparar já está feito”, partilha, otimista. A sua equipa, RUNTIMERROR, fez muitas sessões de treino resolvendo problemas de provas anteriores. Na mesma sala, para “apoio moral” (segundo os próprios), uma equipa contava com o suporte de Rigatoni, um pacote de massa com óculos escuros, cachecol e gorro que observava de forma aprovadora o trabalho dos três estudantes do Israel Institute of Technology que o batizaram.
Horas depois, já no Centro de Congressos do campus Alameda e aguardado a chegada dos resultados finais, Lola Navarro e Mencía Marzal partilham a prestação das suas equipas (Skibidi Onii-chans e Club Universitario de Natación Equidistante a Filipinas, respetivamente), ambas da CUNEF Universidad de Madrid. “Aprendemos muitas coisas e gostei muito da experiência; quero repeti-la nos próximos anos”, afirmou Lola Navarro. Mencía Marzal conta que, enquanto estudantes de segundo ano, “o evento foi desafiante”. “Correu muito bem; aprendemos muito”, resumiu.
Enquanto o software desenvolvido pelo Técnico avaliava as respostas submetidas pelos estudantes, o posicionamento das equipas na tabela classificativa (projetado no ecrã) era atualizado em tempo real. Sempre que uma equipa obtinha a confirmação de mais uma resposta certa, simbolizado por um bloco de cor verde, o Centro de Congressos irrompia num rugido de festa e aplausos pela conquista de qualquer equipa alheia, confirmando a mensagem que muitos participantes partilharam ao longo dos dois dias – mais ainda do que para ganhar, estes estudantes vieram para se divertir.