O Instituto Superior Técnico, assinou no início de março um protocolo com o CERN – a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, onde está localizado o maior laboratório de física de partículas do mundo. Este acordo de cooperação permitirá a engenheiros e cientistas do Técnico que trabalhem nas áreas das tecnologias de informação e comunicação ocupar posições como membros associados do CERN. Poderão assim colaborar nas tecnologias que estão agora a ser desenvolvidas para as próximas experiências de altas energias, permitindo uma intensificação das relações entre as duas entidades neste campo.
Ao longo dos últimos anos, vários investigadores do Técnico de outras áreas, como a Física de altas energias, a instrumentação e a computação em grid têm estado intensamente envolvidos em experiências no CERN, como a experiência CMS e a experiência ATLAS que, em 2012, permitiram garantir a evidência conclusiva do Bosão de Higgs.
André David é um deles. Depois de concluir a licenciatura em Engenharia Física Tecnológica no Técnico rumou à Suíça e está, desde 2001, no CERN, onde trabalha precisamente na experiência CMS como “research physicist”. É, por isso, a pessoa indicada para falar sobre o trabalho que se faz e pode fazer na organização. “O CERN não é uma instituição que faça a Física: existe para que a Física seja feita. Põe à disposição os aceleradores, as instalações, os gabinetes e permite que alguns de nós trabalhem como físicos experimentais.”
Outros – a maioria dos que se encontram a trabalhar no CERN – desempenham funções fundamentais para o desenvolvimento destas atividades científicas e do dia-a-dia na organização, como é caso de João Silva, ex-aluno de Engenharia Informática e de Computadores e hoje membro do grupo de Advanced Information Systems no CERN.
“Sou diretamente responsável por um sistema (…) transversal a todas as áreas da organização, designado EDH (Eletronic Document Handling)”, explica, por email. “O EDH é parte integrante do dia-a-dia dos membros da comunidade no CERN (…). Devido aos altos níveis de rotatividade de pessoal e ao elevado número de cientistas convidados [aqueles a quem o CERN permite que “façam a Física”, como diz André David], é de capital importância a existência de uma solução eficiente e integrada para a gestão dos processos administrativos que permita aos utilizadores realizarem tarefas rotineiras de forma simples e transparente. Permitimos assim que os engenheiros e cientistas do CERN se foquem na sua atividade central, a investigação fundamental.”
Foi precisamente para consolidar a cooperação nesta área das tecnologias de informação e comunicação, que inclui também o software de controlo dos aceleradores, o controlo industrial, bases de dados ou sistemas operativos, por exemplo, que o novo acordo entrou agora em vigor.
Como resume João Silva, “ainda que nem todos os colaboradores do CERN estejam diretamente envolvidos nas experiências de investigação, é uma honra e um privilégio poder contribuir, de maneira direta ou indireta, para que todos nós, enquanto seres humanos, possamos compreender melhor o mundo em que vivemos”. A partir de agora, poderá ser ainda maior o número de investigadores do Técnico que escreverão a sua parte nesta história.