“Três de uma vez” – foi a expressão com que Rogério Colaço, presidente do Instituto Superior Técnico, abriu o seu discurso na cerimónia onde foi atribuída a insígnia de Professor Emérito da Universidade de Lisboa a José Tribolet, João Pavão Martins e José Alves Marques. Os três professores do Departamento de Engenharia Informática receberam a distinção no final da tarde de 29 de outubro, no Salão Nobre do campus Alameda.
“Qualquer um deles é uma figura incontornável do Instituto Superior Técnico e da academia portuguesa”, prosseguiu o presidente da Escola, dirigindo-se a uma sala lotada por colegas e amigos dos docentes. “Juntos, fundaram departamentos e centros de investigação, criaram empresas, foram visionários em áreas de investigação que hoje são de ponta. Ao longo de décadas, como académicos que são, fizeram coisas notáveis em conjunto – não é por acaso que hoje estamos no Salão Nobre a homenagear três pessoas de uma vez”, prosseguiu, num discurso em que, destacando a colaboração do trio, comparou os professores aos ‘Três Mosqueteiros’ de Alexandre Dumas.
Arlindo Oliveira, também professor do Técnico, agradeceu a contribuição do trio para com o Técnico e a sociedade e precedeu as alocuções dos três homenageados, enumerando algumas notas biográficas sobre José Tribolet, João Pavão Martins e José Alves Marques, em particular no seu envolvimento com o Departamento de Engenharia Informática, do qual são fundadores.
Nas suas intervenções individuais, os três docentes falaram como que ‘numa só voz’ quanto à necessidade de instituir o pensamento crítico nos estudantes e na sociedade, de forma a prepará-la para os desafios trazidos por avanços na inteligência artificial.
José Tribolet invocou a importância “da engenharia para habilitar a humanidade a lidar com o mundo virtual e a tirar partido positivo dele”. No final do primeiro quarto do século XXI, “é fundamental que o Técnico tenha a capacidade de se reinventar e reconstruir”, defendeu.
João Pavão Martins analisou “o futuro da programação”, partindo da capacidade (atual) de criar programas sem escrever código, com recurso à inteligência artificial. O professor considera que, no futuro próximo, o ensino vai mudar, “tanto para o lado dos alunos como para o lado dos professores” – no entanto, ainda que o conjunto de competências esperado dos estudantes se altere, o conhecimento dos fundamentos permanecerá essencial, na opinião do docente. “Os alunos vão usar IA na vida profissional” e “o ensino tem de ser mudado para lidar com ela”, rematou.
Para José Alves Marques, esta foi uma “homenagem emocionalmente muito importante”. “O Técnico é um espaço de liberdade que permite às pessoas fazer aquilo que realmente lhes dá prazer”, afirmou. Recordou os desafios enfrentados aquando da criação do Departamento de Engenharia Informática, em 1998, e a “cultura forte da organização, que foi muito importante e permitiu esta expansão”.
A cerimónia contou ainda com uma intervenção de Cecília Rodrigues, vice-reitora da Universidade de Lisboa, que, referindo-se aos três professores homenageados, destacou “a visão, o pioneirismo, a ousadia e a inspiração” e os “inúmeros contributos para a investigação e desenvolvimento tecnológico” que impulsionam “a competitividade nacional”. “Estas ovações prolongadas que ouvimos aqui hoje inspiram o Técnico, inspiram a Universidade de Lisboa, inspiram o país”, concluiu.
Por ocasião da atribuição desta insígnia aos três docentes, o átrio do Pavilhão Central alberga, até 5 de novembro, uma exposição que interliga os percursos de José Tribolet, João Pavão Martins e José Alves Marques com a história do Departamento de Engenharia Informática.