Campus e Comunidade

Um mergulho na Ciência e na Engenharia que soube a futuro

Mais de duas centenas de alunos do 8.º, 9.ºe 10.º anos invadiram o campus do Taguspark e da Alameda para absorveram toda a aprendizagem ao dispor nas múltiplas atividades realizadas.

“Não acredito que hoje já é o último dia!” –é uma frase batida por entre os vários grupos de alunos que integram mais uma semana do Verão na ULisboa no Técnico. Naquelas que são efetivamente as últimas horas de uma semana intensa e repleta de aprendizagem, o desabafo em jeito de protesto com o relógio, reflete a diversão que pautou cada momento, e não deixa dúvidas acerca do balanço positivo que todos fazem. Nas últimas oito horas da aventura já se pensa em voltar para o ano, não se esquece tudo o que se aprendeu, e destaca-se a “caixinha de surpresas” que a Engenharia e a Ciência se revelaram. À medida que o ponteiro do relógio avança – e enquanto se tenta desfrutar ao máximo das atividades que faltam – fazem-se planos para voltar, definem-se estratégias e repete-se com orgulho: “já somos todos Técnico”.

De camisola azul, extremamente jovens, com um olhar curioso e quase sempre fazendo ouvir a euforia que os domina, os vários grupos em que se dividem os mais de 200 participantes rumam às várias atividades. Sentem que já conhecem o espaço, mas há sempre mais uma sala nova e um edifício que os surpreende. “Isto é mesmo enorme”, ouve-se tantas vezes nas conversas sobre o Técnico. Orientados por um monitor – que rapidamente se tornou um melhor amigo e uma referência – os jovens alunos do 8.º, 9.º e 10.º ano tentam adivinhar o desafio que se segue. São sempre surpreendidos pela diversão impressa em cada atividade e pelo facto de em cada uma delas descobrirem mais uma aplicação da Química, da Física ou da Matemática. “Não tinha noção que a Engenharia estava presente em tanta coisa”, afirma Joana Vital, aluna do 8.º ano e uma das participantes desta uma edição do Verão na ULisboa.

A tenra idade torna esta descoberta sobre o que está por detrás de cada aplicação ainda mais fascinante. Na sua maioria incentivados pelos pais, os jovens começam a semana a medo, alguns meio contrafeitos, sem saber o que os espera. Há também quem tenha vindo por vontade própria, consciente que é na descoberta de coisas novas que está o futuro que os espera. Joana Vital, aluna do 8.ºano, foi um desses casos: “fui eu que quis vir, mas os meus pais incentivaram-me. Quero descobrir coisas novas, aprender mais”, recorda. Ao seu lado no grupo de trabalho está Miguel Aguiar, também aluno do 8º ano, e cuja inscrição teve outros contornos. “Foram os meus pais que me disseram para vir, mas agora já estou a gostar imenso”, afirma. A incentivar a pouca vontade de Miguel em relação à sua participação estavam as recordações de uma experiência passada: “já tinha participado no ano passado e não tinha aprendido nada de novo, então não achei muita piada”, recorda. “Este ano, sinto realmente que aprendi algo de novo e por isso estou a gostar muito”, assinala. Joana e Miguel chegaram com expetativas distintas, mas as atividades trataram de as igualar e isso reflete-se na entrega com que executam as tarefas que lhes são propostas.

A unanimidade não existe no que toca à escolha das atividades preferidas. Há desafios para todos os gostos, uns mais práticos, outros onde a lógica se revela essencial, e ainda aqueles em que o único truque é a entrega individual ou o trabalho em equipa. A Engenharia e a Ciência estão em todas elas, disfarçadas com muita criatividade e alguma simplicidade para que todos possam usufruir ao máximo. Curiosamente é nas atividades mais exigentes que a entrega se torna mais visível, não se querendo desperdiçar a mínima hipótese de aprender. Jogar com a matemática, investigar um homicídio, aprender a construir um rocket, fazer torres de cartas, montar e desmontar um sistema de transmissão de um carro, construir um piano com bananas ou distinguir um ovo cru e de um ovo cozido sem os partir foram apenas alguns dos muitos desafios lançados aos participantes. Também no campus do Taguspark os desafios foram imensos, embora as atividades assumam algumas diferenças. Em ambos os campi nenhum dia é igual ao anterior, os grupos rodam frequentemente entre as várias atividades e a magia da descoberta decora as mais simples vitórias com um sorriso.

No pavilhão de minas, e com a organização do Fórum Mecânica, encontra-se uma das atividades mais exigentes e uma daquelas que mais vezes aparece nas preferências dos estudantes. O repto lançado aos jovens passava por construir um carro movido pela mola de uma ratoeira clássica, competindo depois com ele.  Fornecida uma breve explicação, e cedidos os materiais, coube a cada grupo construir e decorar o seu carro. Além da distância que cada um consegue percorrer, também o alinhamento e a componente estética de cada projeto serão avaliados. O segredo do sucesso estava exatamente nos detalhes: a alavanca, o comprimento do carro ou o raio das rodas, e como foi divertido vê-los descobrir isso mesmo.

A atividade do “carro ratoeira” foi uma das preferidas do grupo de Sara Fernandes, aluna do 9.º ano. “Considero o Verão na ULisboa como uma maneira de perceber o que é que gostamos e importante para ir tendo algumas ideias sobre o que podemos fazer no futuro”, explica. O Técnico nem foi a sua primeira opção, mas confessa que “ainda bem que acabei por entrar aqui”. “Estou a aprender imensa coisa, a ter uma ideia do que é que cada curso é, e também me tenho divertido muito”, confessa. Bruna Godinho, aluna também do 9.ºano, é do mesmo grupo de Sara, e partilha dos mesmos sentimentos. “No ano passado tinha participado, mas em outra escola e, este ano, decidi mudar de área e estou a gostar muito”, vinca. “Acho muito importante este tipo de atividades porque nos divertimos, e em vez de estarmos em casa aprendemos algo que pode ser importante para o nosso futuro”, acrescenta ainda Bruna Godinho. “Então e preferiam estar na praia ou aqui?” questionamos. A resposta vem quase em uníssono dos 7 elementos do grupo: “Aqui. Temos muito tempo para ir para a praia”, exclamam.

Chegada a hora da despedida, as t-shirts azuis são pintadas de outras cores e recheadas de palavras que contam as boas recordações. “Parceiros de crime no Técnico”, “futuros colegas de engenharia”, “seremos sempre Técnico” ou “melhor semana de sempre” podiam muito bem ser “slogans” de futuras edições, mas são apenas o resumo da aventura que estava a terminar. Sentados na escadaria da alameda do Técnico, e com muitos pais já à espera, os jovens participantes recordam os melhores momentos da semana, antecipam saudades enquanto se abraçam e pedem para voltar “um dia destes” aos monitores. O professor Arlindo Oliveira, presidente do Técnico, fez questão de estar presente para encerrar esta edição da iniciativa, agradecendo a presença dos alunos e transmitindo o seu desejo de que esta tenha sido uma semana inesquecível. “Espero que tenham aprendido muitas coisas sobre Ciência,  Tecnologia e Engenharia e que considerem voltar um dia destes como nossos alunos”, reiterava. “Ser engenheiro é umas das mais nobres profissões do mundo, e espero que esse gosto pela Engenharia e pela Ciência que domina todas as pessoas que aqui trabalham e estudam tenha passado para vocês”, transmitia, ainda, o presidente do Técnico.

Apesar de serem cada vez mais os pais à espera, ninguém arredou pé sem a entrega dos prémios às melhores equipas, a fotografia de grupo e o lançamento dos rockets. Houve até quem optasse por ir de metro só para adiar o anunciado final da maravilhosa semana. Chegava assim ao fim mais uma edição do Verão na ULisboa, organizado pela Universidade de Lisboa, e que anualmente cativa centenas de estudantes do ensino Básico e Secundário. Mais uma vez, quem escolheu o Técnico não se arrependeu e promete repetir. “Para o ano estamos cá batidos de novo”, gritavam dois jovens ao cruzar o portão da escola.