Campus e Comunidade

Uma associação que não quer deixa esquecer a importância da “cultura integral do indivíduo”

Criada há cerca de um ano, a Associação Bento de Jesus Caraça conta com vários docentes do Técnico na sua estrutura.

Bento de Jesus Caraça é um dos maiores intelectuais portugueses do século XX, e o seu legado é provavelmente desconhecido de muitos jovens. O objetivo do grupo que fundou a Associação Bento de Jesus Caraça (ABJC) é exatamente mudar isso, tornando a obra deste matemático conhecida e os seus ideais- inegavelmente sempre atuais- uma luz para a sociedade atual. “Decidimos criar esta associação porque havia a sensação entre os membros fundadores de que era muito importante continuar a transmitir toda a pujança do pensamento e das ações do professor Bento Jesus Caraça”, explica o professor António Pascoal, docente do Técnico, investigador do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR-Lisboa) e um dos elementos que integra a direção da associação. Para além de dar a conhecer “o trabalho de maneira ativa”, este grupo de trabalho tem exatamente como público alvo “as camadas mais jovens”. “Queremos divulgar a dimensão do homem como matemático, como humanista, como grande lutador”, vinca o investigador do ISR.

Pedagogo, apaixonado pela arte, Bento de Jesus Caraça fundou igualmente a Biblioteca Cosmos, em 1941, durante II Guerra Mundial, uma iniciativa que o próprio considerava como “serviço aos leitores e, através deles, a uma causa”, e através da qual lutava pela “criação de uma mentalidade livre e de tonalidade científica, entre os cidadãos portugueses”. Quando acabar a tarefa dos que descem das nuvens a despejar explosivos, começará outra – a dos homens que paciente e conscientemente, procurarão organizar-se de tal modo que não seja mais possível a obra destruidora’, escrevia Bento de Jesus Caraça, na apresentação da Biblioteca Cosmos. “Ele, no fundo, queria muito promover o conceito de que cada pessoa deve estar ciente do cosmos em que se movimenta e ao mesmo tempo de si próprio e da sua nobreza e da sua postura neste mundo, e sobretudo ter sempre presente, como força máxima, o objetivo de conseguir congregar esta postura central com uma atitude virada para fora e para o cosmos, de que faz parte integrante”, refere o professor António Pascoal.

Com esta associação, o grupo por detrás da sua criação quer “que os nossos jovens conheçam os grandes trabalhos, nomeadamente tudo o que tem a ver com a Biblioteca Cosmos que é algo de extraordinário”, sublinha o professor António Pascoal. É, aliás, este o tema central do Colóquio “Bento de Jesus Caraça e o Projeto Cosmos: sua atualidade ontem e hoje” que a associação está a organizar, e que se realizará no dia 18 de novembro, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência. “Vamos ter oradores que têm uma ligação muito próxima à Biblioteca Cosmos, provenientes de várias universidades e com isso pretendemos atrair públicos diversos”, refere o professor António Pascoal. O programa diverso promete “abrir horizontes” e inspirar a assistência.

Para depois deste colóquio, que a organização espera que seja um sucesso, já estão a planeadas novas iniciativas para continuar a prosseguir esta missão. Uma delas passará por “lançar um concurso para as escolas que incentive os jovens a fazer documentários e trabalhos sobre o Bento Jesus Caraça”, adianta o professor do Técnico.
Ainda sobre o futuro, o professor António Pascoal, em nome do grupo de trabalho, partilha o desejo de atraírem “mais pessoas e sobretudo das camadas mais jovens” para a associação que pretende disseminar o pensamento do autor de ‘A Cultura Integral do Indivíduo’, entendendo que o mesmo “é importante para a revitalização da sociedade portuguesa”.