O trabalho que tem sido desenvolvido pela Comissão para a Avaliação e Prevenção dos Riscos Psicossociais do Técnico (CARP-T) foi reconhecido pela Delegação Regional Sul da Ordem dos Psicólogos Portugueses (DRS-OPP) com a entrega do Prémio Boas Práticas em Psicologia – Sul 2020 ao projeto Working@Técnico. A DRS-OPP enalteceu “a qualidade e a proximidade” do projeto do Técnico que foi premiado ex-aequo com o projeto PsiQuaren10 do ISPA – Instituto Universitário.
O Working@Tecnico surgiu da necessidade de avaliação e intervenção ao nível dos riscos psicossociais na instituição, identificada por parte dos Representantes dos Trabalhadores para a Segurança e Saúde no Trabalho. Sensibilizado com a questão, o Conselho de Gestão da escola, criou uma Comissão de Avaliação dos Riscos Psicossociais constituída por uma equipa multidisciplinar que teria como missão melhorar o desempenho dos trabalhadores e das equipas através da otimização dos processos de trabalho e das dinâmicas entre as pessoas, bem como promover a saúde física e psicológica dos trabalhadores do Técnico. A equipa técnica da CARP-T é constituída pelos seis psicólogos com cédula profissional que trabalham no Técnico. O Protocolo de Cooperação estabelecido, em 2019, entre a instituição e a OPP permitiu a utilização de ferramentas de avaliação destes riscos e também a formação deste grupo de psicólogos.
A primeira grande ação do Working@Tecnico seria a divulgação e realização do inquérito de avaliação dos riscos psicossociais na instituição que contou com a participação de 738 trabalhadores. Esta adesão dos funcionários foi “surpreendente”, refere a coordenadora da CARP-T, Isabel Gonçalves, que aproveita a oportunidade para “agradecer a confiança depositada nesta equipa”. A ideia de concorrer a este galardão surgiria, exatamente, enquanto a equipa elaborava o relatório da avaliação dos Riscos Psicossociais (RPS). O grupo de psicólogos resolveu aproveitar a oportunidade “não só pelo prestígio acrescido que poderia trazer ao projeto Working@Tecnico, como também por uma questão de visibilidade interna”, tal como sublinha a coordenadora do grupo de trabalho. Percebendo que tinham grandes hipóteses em arrecadar o galardão, a equipa apostou forte em conquistar a vitória. “Foi muito importante contar com o apoio do NDM [Núcleo de Design e Multimédia] para a elaboração do vídeo com que nos apresentámos a esta segunda fase do concurso e, ainda mais, com a participação empenhada do professor Rogério Colaço”, destaca Isabel Gonçalves.
“Ainda que nunca tivéssemos pensado em concorrer a este prémio especificamente, numa primeira fase do projeto pensámos sempre que gostaríamos que, num futuro mais ou menos próximo, o Instituto Superior Técnico fosse reconhecido e premiado pela OPP como um local de trabalho saudável”, confessa Isabel Gonçalves. Profundamente satisfeitos com esta distinção, a equipa não tem dúvidas de que este galardão “abre caminho para outras possibilidades e que pode até influenciar de forma determinante, a atenção que as Instituições de Ensino Superior Portuguesas têm dedicado à temática dos Riscos Psicossociais, a começar pelas outras Escolas da Universidade de Lisboa”, como destaca a coordenadora da CARP-T.
Lembrando que este foi um projeto lançado pela anterior equipa de gestão do Técnico, Isabel Gonçalves destaca o facto de o atual presidente do Técnico, professor Rogério Colaço, ter demonstrado a vontade de dar continuidade ao mesmo desde o início do seu mandato. “O apoio de duas equipas de gestão a esta iniciativa inspira-nos agora a dar os próximos passos, também com o apoio e enquadramento da Professora Helena Geirinhas Ramos, vice-presidente do Técnico para a gestão administrativa, e da DRH”, vinca a coordenadora.
A próxima fase deste projeto está já a ser preparada e passará pela divulgação dos resultados do inquérito de avaliação dos riscos psicossociais, que apesar de agendada para o passado mês de fevereiro acabou por ser adiada pela pandemia. “O próximo passo é a elaboração de um conjunto de medidas que permitam melhorar a qualidade da vivência no Técnico, agora e no futuro”, adianta a coordenadora da CARP-T. Para Isabel Gonçalves, “é sobretudo do desenvolvimento desse processo de mudança institucional que depende o sucesso e a visibilidade do Working@Tecnico dentro e fora do Técnico”.
Esta construção e implementação de medidas de prevenção dos Riscos Psicossociais são, como salienta a psicóloga, “passíveis de ser aplicadas a custos reduzidos por esta equipa, e em estreita colaboração com os órgãos de gestão da Escola”. “Há, contudo, medidas mais específicas, genéricas ou a aplicar em Serviços do Técnico que apresentam resultados mais preocupantes em termos da avaliação dos Riscos Psicossociais que esta equipa propõe que sejam estudadas e implementadas por uma equipa externa, eventualmente ao abrigo de um protocolo com equipas de investigação especializadas neste tipo de temática”, acrescenta Isabel Gonçalves. A coordenadora da CARP-T adianta ainda que uma das aspirações da equipa passar por alargar “este tipo de avaliação a toda a comunidade do Técnico, não apenas aos funcionários técnicos e administrativos”.
Além de Isabel Gonçalves, integram a equipa técnica da CARP-T, os psicólogos e técnicos superiores Ana Marques, António Sol, Carolina Ferreira, Gonçalo Moura e Rita Wahl, oriundos de três serviços distintos – Núcleo de Desenvolvimento Académico (NDA), Núcleo de Apoio ao Estudante (NAPE), e Direção de Recursos Humanos (DRH).
Lançado pela Ordem dos Psicólogos Portugueses, o Prémio Boas Práticas em Psicologia – Sul pretende reconhecer e distinguir psicólogos/as e serviços de Psicologia nas mais diversas instituições e organizações da região sul do país, cujas políticas e práticas demonstram um compromisso forte e inovador com o papel assistencial da Psicologia.
Vídeo de apresentação do projeto.
O grupo de trabalho recebeu o galardão na cerimónia de comemoração do Dia Nacional do Psicólogo, na passada sexta-feira, 4 de setembro 2020.