“Nenhum evento enche o Salão Nobre como palestras sobre Espaço.” As palavras são do presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, na abertura de uma das sessões dedicadas ao tema que tiveram lugar na escola nos últimos meses de 2015.
Dava Newman, vice administradora da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), e Alice Bowman, Mission Operations Manager (MOM) da New Horizons – a missão espacial que “redescobriu” Plutão e permitiu que a NASA afirmasse que o planeta-anão tem água e um céu azulado – foram as protagonistas das duas palestras, em que o espaço faltou para a quantidade de interessados em ouvir falar sobre Marte, Plutão ou missões espaciais.
Têm várias coisas em comum, mas aquilo que as une verdadeiramente é o trabalho na NASA e o amor pela exploração espacial. A New Horizons é “o bebé” de Alice Bowman, a primeira mulher no comando operacional de uma missão da NASA; Dava Newman trabalhou durante bastante tempo na interação da engenharia biomédica com a aeronáutica, e é uma das principais promotoras do desenvolvimento de fatos para atividade espacial.
Para a vice administradora da NASA, esse é um aspeto fundamental numa futura exploração a Marte – onde a Agência Espacial Norte-Americana está a apostar. Para lá chegar, há toda uma série de desafios que têm que ser ultrapassados e o maior é garantir a total independência face à Terra, dada a distância que separa os planetas. “Eventualmente, eu acredito nisso, vamos ser uma espécie interplanetária e vamos viver em Marte.”
Para chegar a isso, o trabalho da NASA não é suficiente: “A exploração espacial é um esforço global que depende de uma rede de instituições ligadas ao espaço”, explicou Newman durante a sua palestra. “Queremos que todas as sejam missões bem-sucedidas (…). A NASA não pode explorar todas as tecnologias e opções ao mesmo tempo, e por isso devemos trabalhar em conjunto.”
Isso não impede, no entanto, que a agência tenha ao mesmo tempo várias apostas. É certo que o próximo grande objetivo é “ter pessoas em Marte” para “procurar indícios de vida”, mas ao mesmo tempo a missão New Horizons passou os últimos dez anos em rota para chegar a Plutão e, depois de ter feito a maior aproximação ao planeta-anão em julho do ano passado, continua a explorar os limites que conhecemos do sistema solar.
Em outubro, na sua visita ao Técnico, Alice Bowman explicava que uma missão tão longa como esta tem as suas particularidades. “Quando fizemos o lançamento, Plutão era um planeta com três luas; depois disso foi despromovido a planeta-anão e descobriu-se que faz parte de uma terceira parte do sistema solar. As pessoas perguntaram-me se íamos abortar a missão, e a minha resposta sempre foi «claro que não!»”.
No final das palestras, as duas cientistas, convidadas através do programa American Corner – uma parceria entre o Técnico e a Embaixada dos Estados Unidos em Portugal que pretende promover a divulgação da diplomacia, cultura e informação técnico-científica – fizeram questão de deixar alguns conselhos aos alunos presentes. “Não liguem a quem vos chama loucos e sigam a vossa paixão. Pensem no impossível e tornem-no possível”, afirmou Dava Newman; já Alice Bowman escolheu um tom mais sério para se dirigir aos estudantes: “Encorajo-vos a continuarem os vossos estudos; podem ser difíceis e desafiantes, mas vão valer a pena”.