Das 30 distinções atribuídas este ano no âmbito dos Prémios Científicos Universidade de Lisboa/ Caixa Geral de Depósitos, cinco foram para investigadoras do Instituto Superior Técnico.
A professora Carla Carvalho, docente do Departamento de Bioengenharia (DBE) e investigadora do Instituto de Bioengenharia e Biociências(iBB) foi distinguida com um prémio na categoria de Biologia, Engenharia Biológica e Biotecnologia, e a professora Susana Freitas, docente do Departamento de Física (DF) e investigadora do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Microsistemas e Nanotecnologias (INESC-MN) arrecadou também um prémio na Engenharia Eletrotécnica, Engenharia Aeroespacial (Aviónica). Na área de Física e Materiais a investigadora Katharina Lorenz, do Departamento de Engenharia e Ciências Nucleares (DECN) seria também contemplada com um dos prémios atribuídos pelo júri. A estes galardões estão afetos um subsídio para a investigação no valor de 6.500€.
A professora Luísa Martins, docente do Departamento de Engenharia Química(DEQ) e investigadora do Centro de Química Estrutural (CQE), e Patrícia Baptista, investigadora do IN+ Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento, arrecadaram duas das menções honrosas atribuídas, nas categorias Química e Engenharia Química, e Engenharia do Ambiente e Energia, respetivamente.
A investigadora do INESC-MN assume o seu contentamento com esta distinção, até porque já concorrera algumas vezes. “Fiquei 3 vezes em 2.º lugar. Finalmente consegui o 1.º lugar”, afirma. A docente sublinha que este prémio vem dar visibilidade às atividades de investigação na área de sensores spintrónicos do seu grupo no INESC-MN. “Temos tido uma atividade muito excitante nos últimos anos, em que encontrámos várias áreas de aplicação para as tecnologias com que trabalhamos há 20 anos”, vinca a professora Susana Freitas. “Assim, os sensores spintrónicos têm sido desenvolvidos para responderem aos requisitos das várias áreas: por exemplo, detetar campos magnéticos de pico-Tesla para aplicações biomédicas, ou instrumentação de precisão para robótica e atuadores industriais”, complementa a professora Susana Freitas.
Também Katharina Lorenz revela a felicidade que esta distinção lhe provocou, realçando que “é um reconhecimento da qualidade do meu trabalho de investigação e dos meus colegas e colaboradores”. Na sua investigação utiliza feixes de iões para a modificação e caracterização de semicondutores. “Estes materiais modificados encontram aplicações em áreas muito diversas, desde emissores de luz de alto desempenho até a eletrónica resistente à radiação para uso no espaço, passando por sensores biológicos, químicos e de radiação”, explica.
Em 2016 e 2018, a professora Carla Carvalho já tinha sido contemplada com menções honrosas deste galardão, e desta vez não deixou escapar o prémio principal. “Em 2008 recebi o Prémio “Jovens Investigadores UTL/Deloitte 2008”, atribuído pela Universidade Técnica de Lisboa em parceria com a Deloitte, na área de Biotecnologia. Em 2011, recebi uma Menção Honrosa nos “Prémios Científicos UTL/Santander Totta 2011” na área de Engenharia Biológica”, recorda.
O trabalho de investigação que a docente do DBE desenvolve “visa estudar o papel dos lípidos na adaptação bacteriana e na formação de biofilmes e usar os mecanismos de adaptação para melhorar processos biotecnológicos, incluindo sistemas biocatalíticos e de bioremediação de hidrocarbonetos”, tal como evidencia a própria. “Além disso, tenho desenvolvido bioprocessos com bactérias marinhas, ou com as suas enzimas, para a produção de novos compostos”, adiciona a professora Carla Carvalho.
As atividades de investigação de Patrícia Baptista, premiadas pela ULisboa e pela CGD, centram-se na temática da mobilidade sustentável, através do desenvolvimento de abordagens multidisciplinares e da aplicação de métodos numéricos e experimentais para uma correta quantificação de impactes energéticos e ambientais de novos produtos de mobilidade. “O meu objetivo é contribuir para o desenvolvimento e adoção de soluções de mobilidade mais sustentáveis, desde soluções de mobilidade elétrica, de mobilidade partilhada, promoção de mudanças comportamentais, desenvolvimento de novas políticas de transportes, etc.”, afirma a investigadora do IN+.
O impacto do seu trabalho não deixou indiferente os jurados tendo sido contemplada logo na primeira candidatura que fez. No entanto, Patrícia Baptista já conquistara, em 2018, uma menção honrosa em outros dos galardões atribuídos pela Universidade: os Prémios Científicos ULisboa-Santander. “Sinto-me honrada pela distinção, pois trata-se de um reconhecimento da investigação desenvolvida nos últimos anos”, afirma.
Para a professora Luísa Martins a receção desta distinção “foi uma notícia muito agradável num ano particularmente difícil”. “E o reconhecimento por parte da nossa universidade tem um gostinho especial. É claro que a distinção se estende a todos aqueles que comigo têm colaborado -colegas, alunos, bolseiros, etc. e aos quais agradeço”, refere a docente.
O trabalho da investigadora do CQE, distinguido por este prémio, centra-se no design e síntese de novos catalisadores para o estabelecimento de processos catalíticos industriais eficientes. “São desafios científicos e tecnológicos que tentamos superar e contribuir para que os produtos da indústria química, que são utilizados em todos os sectores da economia, sejam sustentáveis e garantam o bem-estar das gerações futuras”, declara a docente do DEQ.
A importância de obter o reconhecimento da própria Universidade
Sublinhado que os investigadores por si só “já estão altamente motivados pelo desejo de perceber e de contribuir para resolver os desafios que a nossa sociedade enfrenta”, Katharina Lorenz salienta que este tipo de distinção pode ser importante para dar visibilidade ao trabalho de investigação desenvolvido. “Em particular, para os investigadores mais jovens, o reconhecimento pela própria universidade pode ajudar nas candidaturas para projetos ao nível nacional ou internacional, bem como para concursos das carreiras docente e de investigação”, vinca.
A professora Carla Carvalho concorda e afirma que “estas distinções são importantes como incentivo à produção de investigação científica de qualidade, que seja publicada em revistas de elevado fator de impacto e citada. O reconhecimento por parte da instituição onde se trabalha é, sem dúvida, uma fonte importante de motivação e alegria”.
Para a professora Luísa Martins “a fórmula utilizada para a atribuição do prémio é um incentivo à produção de investigação científica de qualidade, que seja publicada em revistas de elevado fator de impacto e citada”, refere.
Frisando que o “universo Técnico tem centros de investigação que reúnem excelentes investigadores, com muito talento e iniciativa”, a professora Susana Freitas evidencia que em vários dos centros de investigação “a presença feminina é muito visível” e lembra que o INESC-MN é um bom exemplo disso, com mais de 50% de investigadoras. Sobre o facto de as cinco contempladas do Técnico serem mulheres a docente declara que isso reflete o talento feminino que, atualmente se encontra na instituição: “quando há uma forte interação destes centros de investigação com a escola, o Técnico fica muito diferente do que era há 40 anos, e a presença feminina revela-se”.
Estes prémios premeiam a atividade de investigação científica e procuram incentivar a prática de publicação em revistas internacionais de reconhecida qualidade. O júri desta edição atribuiu 15 prémios e 15 menções honrosas nas áreas já mencionadas e noutras, nomeadamente: Literaturas e Culturas; Motricidade Humana; Psicologia; Ciências Veterinárias; Arquitetura; Ciências da Educação; Economia e Gestão; Agronomia; Física e Materiais; Geografia e Território; Ciências da Computação e Engenharia Informática; Ciências Sociais.
A cerimónia de entrega dos Prémios Científicos ULisboa/Caixa Geral de Depósitos 2019 estava agendada para o passado dia 20 de outubro, na Reitoria, mas face à evolução da pandemia da COVID-19 e na sequência da resolução do Conselho de Ministros emitida, a cerimónia foi adiada.