Ciência e Tecnologia

Estudo de investigadora do Técnico coloca inteligência artificial ao serviço da deteção do cancro da pele

Método de diagnóstico por imagem utilizado no estudo pode aumentar em doze pontos percentuais a taxa de diagnósticos corretos feitos por dermatologistas.

Um projeto de investigação no domínio da inteligência artificial (IA) e dos cuidados de saúde, liderado pela investigadora Catarina Barata do Instituto Superior Técnico, foi publicado hoje na revista Nature Medicine e revela resultados promissores relacionados com o diagnóstico de cancro de pele. A utilização do método testado neste estudo aumentou a taxa de diagnósticos corretos feitos pelos dermatologistas em doze pontos percentuais.

O estudo centrou-se na utilização de um modelo de IA denominado de “aprendizagem por reforço”, que cruzou com dados de tabelas geradas por peritos, em que se atribuíam recompensas e penalizações para diferentes erros de diagnóstico. Quando comparado com o modelo aprendizagem tradicional, este modelo por reforço produziu melhorias notáveis na sensibilidade para duas doenças da pele: o melanoma e o carcinoma basocelular. A sensibilidade para o diagnóstico de melanoma subiu de 61,4% para 79,5%, enquanto que para o carcinoma basocelular, subiu de 79,4% para 87,1%.

A equipa de investigadores descobriu ainda que este modelo de IA permite reduzir o excesso de confiança no diagnóstico automatizado, mantendo a sua precisão. Este dado pode ser um importante fator de mudança no mundo da IA médica, uma vez que o excesso de confiança neste tipo de diagnósticos tem gerado preocupação.

Catarina Barata, investigadora no Instituto de Sistemas e Robótica do Técnico (ISR-Lisboa), explica que este tipo de abordagem é cada vez mais essencial. “O uso de IA deve ser ajustado às pessoas e trazer-lhes benefício. Este modelo com recompensas torna o processo mais simples e fácil de compreender para um não especialista, o que está muito alinhado com a direção que queremos tomar em relação à inteligência artificial.” A investigadora está também envolvida no projeto internacional Responsible AI, que pretende implementar uma série de práticas reflexivas e preocupações com a acessibilidade a este tipo de tecnologia.

A IA tem demonstrado capacidade de precisão em várias áreas de diagnóstico por imagem, levando ao desenvolvimento de ferramentas de apoio à decisão e criando possibilidades de melhoria da acessibilidade aos cuidados de saúde.