É mais um destinatário para uma Bolsa de Iniciação do Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla inglesa) – Fernando P. Santos, mestre e doutorado pelo Instituto Superior Técnico em Engenharia Informática e de Computadores, obteve financiamento no valor de 1,5 milhões de euros para o projeto RE-LINK: Responsible Link-Recommendations in Dynamic Environment. Durante os próximos cinco anos vão analisar os algoritmos das redes sociais responsáveis pela recomendação de novas conexões aos seus utilizadores (como, por exemplo, sugestões de amizade ou de adesão a grupos). O projeto irá recrutar uma equipa de estudantes de doutoramento e pós-doutoramento para desenvolver modelos matemáticos e computacionais para estudar de que forma estes algoritmos de recomendação influenciam as conexões que os utilizadores fazem nas redes sociais e, consequentemente, a informação a que têm acesso.
“Estes algoritmos afetam a forma como as redes sociais evoluem, isto é, as pessoas específicas às quais enviamos pedidos de amizade, as contas que decidimos seguir ou os grupos aos quais nos juntamos”, explica o antigo estudante do Técnico. É desta forma que “impactam a informação à qual temos acesso e a capacidade de influenciarmos ou sermos influenciados pelos outros”, acrescenta. Neste sentido, Fernando P. Santos realça que o objetivo do projeto será “compreender os impactos que estes algoritmos têm em dinâmicas sociais tais como a propensão para propagar rumores sobre outros indivíduos ou difundir informação falsa e/ou maliciosa”.
Feita essa análise, a equipa liderada por Fernando P. Santos irá estudar como é que estes condicionamentos na partilha de informação podem influenciar a formação de opiniões e comportamentos discriminatórios ou até mesmo a decisão de ser benevolente para com outros utilizadores das redes. Munidos destas informações, os investigadores tentarão posteriormente desenvolver novos algoritmos de recomendação que, a longo prazo, procurem “promover cooperação e altruísmo entre indivíduos, mitigar a partilha de conteúdos maliciosos e reduzir discriminação entre indivíduos pertencentes a diferences grupos sociais”, realizando questionários a utilizadores dos novos algoritmos para perceber os novos efeitos que estes possam ter provocado.
Da sua passagem pelo Técnico, o agora professor auxiliar na universidade de Amsterdão conta que, para além de ter adquirido “ferramentas técnicas” ao longo do mestrado e doutoramento, foi “preparado para aprender novos temas complexos de forma eficiente e autónoma”, sendo essa “uma competência fundamental numa área científica em constante mudança como o é, hoje, a inteligência artificial”. É por este motivo que, afirma Fernando P. Santos, “o Técnico desempenhou um papel importantíssimo para a minha posição atual e para ter alcançado esta Bolsa”.