Paola Sanjuan Alberte, investigadora do Instituto de Bioengenharia e Biociências (IBB) do Instituto Superior Técnico recebeu a 22 de março uma bolsa de pós-doutoramento Junior Leader da Fundação ”la Caixa”. O seu projeto de investigação visa desenvolver dispositivos de nanobioeletrónica multifuncional para permitir novas terapias contra o cancro.
A bioeletrónica combina biologia e engenharia eletrónica com o objetivo de criar dispositivos que possam interagir com organismos vivos ou sistemas biológicos. Estes podem ser utilizados na deteção e monitorização de sinais biológicos, tais como a atividade elétrica do coração ou do cérebro, bem como fornecer estímulos elétricos ou de outros tipos para influenciar processos biológicos.
Com muitas aplicações distintas, a bioeletrónica pode ser usada em dispositivos médicos que ajudarão indivíduos com doenças raras como doença de Parkinson, epilepsia ou doenças cardíacas, por exemplo. “A bioletrónica é um campo excitante que está a alargar os limites da biologia e da engenharia”, afirma Paola Alberte.
A atividade bioelétrica é inerente a todos os tipos de células. “Todas as células do corpo humano têm uma carga elétrica”, explicou a investigadora do IBB. Através da membrana celular, as células conseguem comunicar entre si e desempenhar as suas funções. Nas células cancerosas, esta carga elétrica pode estar perturbada e desencadear alterações no comportamento da célula.
Esta é uma área ainda pouco explorada, pelo que seria crucial estudar formas de utilizar esta atividade elétrica no desenvolvimento de novos métodos de diagnóstico e tratamento do cancro. A compreensão das propriedades elétricas únicas das células cancerosas permitirá desenvolver terapias mais direcionadas e eficazes.
Neste projeto, Paola Alberte construirá sistemas nanobioeletrónicos que podem ser estimulados remotamente – a partir do exterior do corpo. A investigadora pretende responder a duas necessidades principais: contribuir para abordagens terapêuticas orientadas não invasivas e desenvolver estratégias terapêuticas baseadas na intervenção da atividade bioelétrica endógena de células cancerosas.
O mesmo trabalho tem como principais objetivos desenvolver e caraterizar nanopartículas multifuncionais passíveis de serem controladas à distância, avaliar o seu efeito em modelos de cancro in vitro e avaliar culturas conjuntas de células cancerosas e saudáveis.
A Fundação ”la Caixa” atribuiu um total de 13 bolsas de doutoramento e pós-doutoramento, no dia 22 de março, em colaboração com o BPI, a investigadores para desenvolverem os seus projetos em universidades e centros de investigação em Portugal. As bolsas têm como objetivo apoiar talentos para que levem a cabo a sua investigação em Portugal (e Espanha) e atrair investigadores de excelência para os dois países.