Os aviões são responsáveis por 3% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2), uma percentagem que se estima que aumente rapidamente até 2050, à medida que a demanda por voos – tanto de transporte de passageiros, como também de carga – aumenta em todo o mundo. Os aeroportos desempenharão um papel fulcral na transição para uma aviação neutra do ponto de vista climático. A produção e utilização sustentável de energia – tanto no ar como terra – assim como a escolha de opções de transporte multimodal mais ecológicas reduzirá não só as emissões de gases de efeito de estufa como também melhorará a qualidade do ar local nas imediações dos aeroportos.
O projeto “TULIPS – Demonstrating Lower Polluting Solutions for Sustainable Airports across Europe” nasce exatamente com o propósito de desenvolver, demonstrar e implementar soluções de redução da pegada carbónica nos aeroportos. O projeto, que conta com uma equipa de investigadores do Técnico, foi um dos selecionados pela Comissão Europeia no âmbito concurso de apoio ao European Green Deal, inserido no programa Horizonte 2020, e direcionado para projetos com maior potencial para transformar a Europa num continente mais verde. O consórcio do TULIPS reúne 29 parceiros, é liderado pelo Aeroporto de Schiphol, mas envolve também os aeroportos de Oslo, Turim e Larnaca.
O trabalho desenvolvido, ao longo dos 48 meses de duração do projeto, irá tocar numa panóplia de tópicos que vão desde a melhoria da transferência multimodal de passageiros e carga, passando pela melhoraria das infraestruturas do lado ar para futuras infraestruturas elétricas/híbridas de aeronaves, o estudo de soluções energéticas inteligentes para gerir as operações aeroportuárias, entre outros.
A professora Rosário Macário, docente do Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos (DECivil) e investigadora do CERIS – Investigação e Inovação em Engenharia Civil para a Sustentabilidade, coordenará a equipa do Técnico e também da Universidade de Antuérpia. Às duas equipas caberá: a definição de cenários de futuro (económicos e políticos) para o desenvolvimento do transporte aéreo; a avaliação de desempenho das 17 demonstrações; a análise de competitividade das 17 Demos; a análise da cadeia de valor; a transferibilidade de soluções adotadas para outros aeroportos seguidores; e ainda a definição do roadmap de implementação das soluções de descarbonização para o aeroporto de Schiphol e para os restantes.
A docente do Técnico destaca que o impacto do projeto “é enorme, razão porque o financiamento total da Comissão Europeia vai a cerca de 24 milhões”. “Espera-se que o projeto desenvolva e teste soluções que, após avaliação- que está a nosso cargo – serão transferíveis para os outros aeroportos Europeus e, provavelmente, por via da disseminação irão também influenciar outros aeroportos não Europeus”, vinca.
Prevê-se que só no aeroporto de Schiphol em Amesterdão, o TULIPS consiga realizar uma poupança estimada de 800KT/ano de CO2 até 2025. A partir de setembro de 2021, momento em que arranca oficialmente o projeto, muito mais haverá para contar dadas as potencialidades do projeto.