O biclaR é uma ferramenta online de apoio ao planeamento de redes cicláveis que serve os 18 municípios da área metropolitana de Lisboa (AML). Este projeto, desenvolvido por Rosa Félix e Filipe Moura, investigadores do CERIS – Investigação e Inovação em Engenharia Civil para a Sustentabilidade, em colaboração com a Universidade de Leeds, foi promovido pela Transportes Metropolitanos de Lisboa.
Recorrendo ao mapa disponível na plataforma é possível conhecer a percentagem de viagens realizadas em bicicleta, com origem em cada município, bem como a rede ciclável existente e planeada, em 2022. A biclaR indica em que ruas e avenidas a construção de ciclovias poderá levar a uma maior transferência de viagens do automóvel para a bicicleta. Por ser uma ferramenta de acesso público e os resultados obtidos podem ser exportados para análise.
Assim, os decisores conseguem informação para o “planeamento e investimentos em infraestrutura ciclável, de modo a atingir as metas da Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável (ENMAC). De acordo com a ENMAC, “4% e 10% das viagens realizadas devem ser em bicicleta, transferidas diretamente de viagens em automóvel, em 2025 e 2030 respetivamente”, explicam os investigadores.
Para atingir as metas de 4% e 10% de viagens em bicicleta na área metropolitana de Lisboa, devem, “ser feitos esforços para se passar das atuais 25 mil para 212 mil e 530 mil viagens diárias em bicicleta, em 2025 e 2030 respetivamente”, acrescentam. O grande potencial estará nas viagens até 5km ou até 10km, garantem.
A utilização da bicicleta como complemento ao transporte público, nas primeira e última etapas da viagem “tem um potencial gigante de substituição de viagens em automóvel na área metropolitana de Lisboa”, com destaque para “as viagens complementadas com o comboio” (88% em comparação aos outros modos).
Uma substituição de viagens de automóvel para o combinado bicicleta mais transporte público pode traduzir-se numa redução de 14 mil toneladas de dióxido de carbono por ano. Para além disso, os benefícios sociais e ambientais estimam-se em 225 milhões de euros a 10 anos, concluem os cientistas.
Os benefícios a longo prazo, em toneladas de dióxido de carbono evitadas, anualmente, em número de viagens transferidas do automóvel e em impactes socioambientais monetizados são também um output desta ferramenta. Por outro lado, os cidadãos podem aceder a informação sobre a rede existente, planeada e fazer as análises que entenderem com a informação disponibilizada.
Para a construção da biclaR foi necessário um algoritmo de dispersão de viagens dentro de uma área, desenvolvido em parceria com Institute for Transport Studies (Universidade de Leeds). A par disto, foi preciso estabelecer um método para estimativa das viagens, em complemento com o transporte público e estimar os impactes ambientais e sociais da transferência automóvel para a bicicleta.