O professor Luís Viseu Melo, docente do Departamento de Física do Técnico foi eleito vice-presidente para o grupo de trabalho em biotecnologias, nanotecnologias e tecnologias convergentes da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE). Depois de um ano a assumir o cargo de delegado nacional, o docente do Técnico abraça agora o desafio de fazer parte do leque restrito de pessoas que toma a maioria das decisões estratégicas do grupo. “Há várias responsabilidades inerentes a este cargo, umas mais formais, outras menos”, destaca o professor Luís Viseu Melo, visivelmente satisfeito com a eleição, explicando ainda que “embora as decisões sejam formalmente tomadas no plenário há todo um trabalho de estruturação que é feito por um conjunto mais restrito de pessoas”.
O agrado que surge perante as novas funções é ainda mais percetível se tivermos em conta o interesse do docente nestas andanças: “Eu estive durante quatro anos na FCT ( Fundação para a Ciência e a Tecnologia) enquanto assessor do presidente da altura, o professor João Sentieiro, exatamente para a área das nanotecnologias e, portanto, comecei a envolver-me um bocadinho nas questões de politicas de ciência e é uma área que me cativa bastante”. “Por outro lado, e o que pessoalmente é muito motivante é a qualidade do grupo, tenho colegas extremamente competentes”, reitera de seguida.
O grupo de trabalho agora também liderado pelo docente do Técnico está debaixo da alçada do Comité de Política Científica e Tecnológica (CSTP), apareceu em 2014, e propõe-se a atingir um vasto conjunto de objetivos perfeitamente enquadrados com os objetivos gerais da OCDE, e que passam essencialmente por funcionar com um ponto de recolha, tratamento e análise de informação sobre a área em questão. O intuito central da sua ação passa por, como sublinha o professor Luís Viseu Melo, “dar informação aos países que lhes permitam elaborar políticas sobre diferentes temas”. “Fazemos a interface com os países nesta área, produzimos recomendações, manuais de boas práticas para depois fornecer aos países, dando sobretudo ferramentas aos países para responder às novas tecnologias”.
A matéria-prima deste grupo da OCDE não podia, por sua vez, ser mais interessante e atual. A biotecnologia, a nanotecnologia e as demais tecnologias convergentes são apontadas como das principais responsáveis da revolução digital, causadoras de mudanças estruturais no mundo como hoje o conhecemos. “Neste momento as tecnologias estão a aparecer a um ritmo aceleradíssimo e o tempo desde que uma tecnologia aparece no laboratório até que chega ao mercado está a diminuir a um ritmo astronómico”, veicula o docente do Técnico. “E por isso a reação internacional em termos de políticas que costuma ser muito reativa, tem que passar a ser muito pró-ativa”, frisa de seguida. Nesta corrida com a tecnologia, além da regulamentação, prévia e assertiva, é preciso também cada vez mais saber aproximar a ciência da sociedade, sendo aliás uma das principais demandas que o professor Luís Viseu Melo pretende seguir no exercício das novas funções: “as próprias agendas científicas devem ser baseadas em diálogos com a sociedade, mas tem que ser definido com quem vamos estabelecer esses diálogos”, vinca o docente do Técnico. “Para que estes diálogos sejam válidos e representativos temos que ter uma sociedade cientificamente culta”, apressa-se a acrescentar.
Acerca do posicionamento de Portugal nesta área o vice-presidente do grupo de trabalho em biotecnologias, nanotecnologias e tecnologias convergentes da OCDE é perentório a afirmar que “o nosso país está muito ativo ao nível das nanotecnologias e biotecnologias. Neste momento também estamos bem colocados do ponto de vista da investigação em algumas tecnologias convergentes como por exemplo as neurotecnologias que é algo que se vai ouvir cada vez mais falar nos próximos tempos, e que embora possa trazer inúmeros benefícios tem riscos muito grandes associados”, esclarece. Sobre o impacto do Técnico neste papel impactante o professor Luís Viseu Melo assegura que a instituição tem muita qualidade em trabalho de investigação quer em nanotecnologia quer ao nível da biotecnologia: “O Técnico do ponto de vista científico está claramente na crista da onda, não tanto em quantidade, porque somos uma escola de um país pequeno, mas sobretudo em qualidade”.