Ciência e Tecnologia

Projeto do Técnico propõe ‘monda laser’ para combate sustentável às plantas infestantes

Visitado pela ministra da Agricultura, o projeto Robotics4Farmers visa minimizar impacto ambiental e gastos de água e combustível durante a monda.

É a primeira vez que Maria do Céu Antunes visita o Instituto Superior Técnico na qualidade de ministra da Agricultura. Na manhã de 9 de janeiro, a cave do Pavilhão de Mecânica III recebeu a sua comitiva, tendo lugar a apresentação do projeto Robotics4Farmers. Esta iniciativa propõe um novo método sem gasto de água ou combustíveis e sem a aplicação de químicos para a monda (combate às plantas infestantes de uma colheita). Em alternativa, é usada uma plataforma móvel elétrica – que poderá ser conduzida ou deslocar-se autonomamente pela plantação – equipada com um laser que concentra radiação solar e artificial, atrasando o ciclo de desenvolvimento das infestantes.

“Nós precisamos de projetos como este”, declarou a ministra com um gesto em direção ao equipamento do Robotics4Farmers. “É preciso escalar e dar[-lhes] visibilidade. Queremos contar com o Técnico para este contributo”, acrescentou, afirmando-se “particularmente satisfeita” com a apresentação. Pedro Amaral, vice-presidente do Técnico para a Interface Empresarial, Inovação e Empreendedorismo agradeceu a visita da ministra e convidou-a a continuar a acompanhar o desenvolvimento de outros projetos do Técnico. “Não vou largar o osso”, garantiu Maria do Céu Antunes.

Desenvolvida por investigadores e estudantes do Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC), unidade de investigação associada ao Técnico, a iniciativa foi financiada em cerca de 800 mil euros pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A plataforma está equipada com câmaras frontais que, no caso da condução autónoma, detetam obstáculos nas proximidades. Dotado de tração às quatro rodas, o veículo tem também uma suspensão que se adapta aos desníveis e irregularidades do terreno. A autonomia da plataforma é, nesta fase, de cerca de quatro horas.

Finda a visita da ministra, Jorge Martins, professor do Técnico e investigador do IDMEC, destacou a variedade de tecnologias e áreas da engenharia envolvidas no processo. “A tecnologia envolvida no setor agrícola exige tanta complexidade como outras áreas”, defende. O docente considera que “os jovens engenheiros subestimam o setor agrícola por não terem essa noção”. A título de exemplo, referiu que na Robotics4Farmers há investigadores de áreas tão variadas como eletrotecnia, informática, robótica, autonomia, mobilidade, recolha de dados e processamento de imagem, entre outros ramos da engenharia.

Para além do evitamento da intoxicação de terrenos e de gastos em matérias-primas, o Robotics4Farmers tem em conta uma outra preocupação ambiental – a destruição das infestantes diminui a área de solo coberta por vegetação, podendo promover a sua desertificação. Ao invés de destruir estas plantas, este método de monda térmica apenas provocará um atraso no seu desenvolvimento, permitindo que a colheita se desenvolva sem competição nos estágios mais precoces da plantação. Vencido o período de ‘dormência’ provocado pelo laser, a infestante retomará o seu crescimento usual, sem prejudicar o crescimento da colheita entretanto desenvolvida e evitando a desertificação do solo.

“O objetivo do projeto”, conta Pedro Rosa, também professor do Técnico e investigador do IDMEC, “é retirar quase todos os elementos [típicos da monda] para solucionar o problema de forma simples”. Focado numa solução híbrida de um ‘concentrador de luz solar’ (aliado a radiações geradas artificialmente para os dias mais cinzentos), pretende-se que a tecnologia o Robotics4Farmers contribua para uma agricultura mais tecnologicamente avançada, promovendo a sustentabilidade do setor a nível financeiro e ambiental.

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