“O pêndulo é a experiência mais básica em mecânica e em física, no tópico da mecânica”, é assim que o professor Horácio Fernandes, docente do Departamento de Física (DF) e investigador do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN) começa por explicar a importância da World Pendulum Alliance (WPA) para a educação e o papel significativo que a inauguração do pêndulo em Timor tem para a comunidade local. Uma experiência remota que pode contribuir positivamente para o ensino da engenharia, da física, das ciências e da físico-química, naquela que é a qualificação dos docentes no ensino experimental da física.
Mas para que serve o pêndulo é porque é que ele é importante? A força da gravidade ao longo da latitude da Terra varia. “A particularidade do nosso pêndulo é que permite medir, com grande precisão, a gravidade. E, portanto, permite-nos distinguir quase em que latitude é que estamos”, esclarece o professor. “O objetivo é mostrar os princípios geofísicos que estão por trás dessa variação da gravidade que sentimos ao longo da latitude”, pode ouvir-se no vídeo explicativo, disponível no website da WPA.
Na prática, à medida em que o pêndulo está a efetuar as suas medições, há uma extração de dados, que registam a altitude do pêndulo, enquanto este oscila. É através da leitura desses dados que é possível identificar em que latitude o pêndulo está a medir a variação da latitude. “Também posso fazer outras experiências de física”, indica o professor, referindo-se às medições da conservação de energia. “Um bom professor quase que ensina toda a base da mecânica com base num pêndulo”, garante.
A altitude do pêndulo varia enquanto está a oscilar. “Sabendo a velocidade máxima e sabendo até que altura é que o pêndulo vem, quando se desloca para cima, o aluno consegue provar a conservação da energia mecânica”, explica o docente Horácio Fernandes. Questionado sobre a necessidade de ter pêndulos em diversos locais, o professor é claro e explica que essa opção está relacionada com o estudo da geofísica. “É, em certas zonas do mundo que até não são muito avançadas tecnologicamente, que o pêndulo está a servir os alunos que estão na Alemanha ou nos Estados Unidos”, clarifica.
Do ponto de vista das comunidades locais, garante o investigador, que “é muito interessante termos esta rede de escolas e de professores que se sentem, de alguma forma, úteis na formação de engenheiros, de físicos, até ao nível do ensino secundário avançado”, dado que os alunos podem usufruir destas instalações. E as escolas dotadas destes equipamentos podem ter um papel mais significativo na divulgação de uma ferramenta que, mais tarde ou mais cedo, passa sempre por aqueles que estudam determinadas disciplinas.
Maya Sampaio e Tomás Inácio são estudantes do Técnico e conhecem muito bem a Escola Portuguesa de Díli, onde o pêndulo foi instalado. Quando questionados sobre o que o pêndulo representa para a escola a resposta é simples e clara: “Devido à barreira geográfica e tecnológica existente em Timor, perseguir uma carreira na área das ciências por parecer algo distante e inalcançável para alunos e alunas timorenses com dificuldades financeiras” estas iniciativas estimulam a curiosidade e servem de elo de ligação com a comunidade científica, uma vez que permitem alcançar um maior conhecimento na área da física, que não seria facilmente obtido sem estas iniciativas entre as universidades e a escola.
Quanto a planos para o futuro desta iniciativa, o professor responsável, Horácio Fernandes, refere que a ideia seria poderem desenvolver cursos massivos online específicos na área da física para docentes locais, em e-learning e, até, b-learning, para uma maior transmissão de conhecimento científico.