A Sociedade Portuguesa de Robótica (SPR) atribuiu o Prémio da Melhor Tese de Doutoramento nacional em Robótica para os estudantes que tenham defendido o seu doutoramento até ao final de 2021. Filipa Correia e Pedro Vicente foram os dois alumni vencedores da edição de 2022. Este é um prémio atribuído em conjunto com a Sociedad Española para la Investigación y desarrollo en Robótica (SEIDROB). Excecionalmente, nesta edição, foram dois os premiados.
Filipa Correia fez o Doutoramento em Engenharia Informática e de Computadores. Explorou, na sua tese, “a colaboração e parceria em equipas compostas por pessoas e robots sociais. Em particular, como podemos dotar um parceiro robótico com inteligência para raciocinar sobre os aspetos sociais do grupo”, explicou. Para abordar esta temática na tese “Group Intelligence in Social Robots”, a alumna inspirou-se na literatura das ciências sociais sobre as dinâmicas de grupo desenvolvidas entre as pessoas.
“Usei a coesão para desenhar e também para avaliar as ações e os comportamentos sociais destes robôs em jogos colaborativos” como por exemplo no jogo da Sueca, o jogo For the Record e o jogo The Mind, acrescenta. “O desenho de comportamentos sociais em robots passa por criar modelos computacionais que possibilitam ao robot criar a sua própria interpretação e representação do contexto social” em que se insere. O que fez com que Filipa Correia se destacasse foi o facto de “ter explorado grupos com pelo menos três elementos” o que revelou um novo conhecimento para a comunidade científica, refere.
Já para Pedro Vicente, doutorado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, “alcançar e agarrar objetos de forma robusta são problemas importantes e ainda não resolvidos na robótica” que surgem, geralmente, devido a imprecisões dos modelos ou da deteção. Por esse motivo, um robot ser capaz de localizar as suas próprias mãos, por exemplo, é fundamental. “Quando olhamos para os humanos, as crianças aprendem a alcançar e agarrar objetos com sucesso durante a primeira infância.
Pedro Vicente explica que a pergunta de partida da sua tese se baseou justamente na questão “Como é que podemos dotar um robot humanóide desta mesma capacidade de aprendizagem e adaptação que vemos nas crianças?” e focou a sua pesquisa no uso da visão do robot (representado pelas câmaras) e no tato (os sensores nas pontas dos dedos). O que diferenciou a sua pesquisa foi o tipo de modelo utilizado, no caso, inspirado na literatura neurocientífica explorando métodos de estimação Bayesiana (métodos que exploram o teorema das probabilidades condicionadas de Bayes de modo a maximizar a aprendizagem dos parâmetros do modelo, com base nas medidas dos sensores), o que permite diminuir a percentagem de erro em cerca de 85%. Pedro Vicente acrescenta ainda que a realização de “uma tese de doutoramento, apesar de ser um processo individual, não é de todo feita sozinha”, motivo pelo qual agradece a colaboração de todos os que estiveram envolvidos no processo.
O prémio foi entregue durante a International Conference on Autonomous Robot Systems and Competitions (ICARSC) que ocorreu este ano, em Santa Maria da Feira, durante o jantar de gala da conferência.