Ciência e Tecnologia

Técnico integra projeto para datar sedimentos de abrigo pré-histórico no Parque Arqueológico do Vale do Côa

Único no país, o Laboratório de Datação por Luminescência do Técnico, situado no polo de Loures, permitirá definir cronologia e dinâmica de ocupação do abrigo das Lapas Cabreiras.

Milhares de anos após a sua conceção, a arte do vale do Côa é agora estudada por uma equipa que inclui elementos do Instituto Superior Técnico. A par de integrarem o Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares (C2TN), Ana Luísa Rodrigues e Dulce Russo fazem agora parte do projeto LandCRAFT, que visa estudar os contextos sócio-culturais da arte da Pré-história Recente nessa região. Para este projeto, será central a contribuição do Laboratório de Datação por Luminescência (LDL), único no país, situado no polo de Loures do Técnico.

Os trabalhos realizaram-se no abrigo das Lapas Cabreiras, na reserva da Faia Brava, no Parque Arqueológico do Vale do Côa, local classificado como Património Mundial pela UNESCO em 1998. Para além da recolha de amostras de sedimentos, foi feita dosimetria gama (medições dos níveis de radiação absorvida pelos materiais) no próprio local. Os resultados ajudarão a identificar as idades de luminescência dos materiais amostrados, assim como indicadores da sua velocidade de deposição. o que permitirá compreender melhor não só a cronologia e a dinâmica de ocupação do abrigo, como a sua relação com os restantes sítios arqueológicos do Vale do Côa.

“Os primeiros resultados surgirão no final deste ano”, informa Ana Luísa Rodrigues, investigadora responsável pelo LDL, “pois os processos laboratoriais para a datação por luminescência são morosos”. A cientista partilha que “a experiência tem sido vivida com entusiasmo e também alguma inquietação”, uma vez que “o sentido de responsabilidade eleva-se” ao tratar-se de um local “classificado pela UNESCO e dado o contexto emblemático”. “[No LDL,] somos muito solicitados para contribuir para melhor conhecer e preservar o nosso Património”, acrescenta.

Na saída de campo, a equipa contou com elementos da Universidade de Coimbra, do Laboratório de Arqueociências do Património Cultural, I.P., da Universidade de Vigo e da Fundação Côa-Parque e ainda com uma arqueóloga independente.