Bauhaus of the Sea é o nome do projeto europeu liderado pelo Técnico aprovado recentemente pela Comissão Europeia que vai procurar soluções para a neutralidade climática em sete cidades costeiras, juntando investigadores, artistas, arquitetos e comunidades locais. O projeto foi financiado com 5 milhões de euros e prevê a criação de demonstradores localizados em Portugal (Lisboa e Oeiras), Itália (Veneza e Genova), Suécia (Malmø), Alemanha (Hamburgo), Países Baixos e Bélgica (delta do rio Reno). Estão também previstas ações nos Açores, na Madeira e em vários países de expressão portuguesa.
O projeto conta com 18 parceiros nos seis países, incluindo Portugal que o lidera através do Instituto Superior Técnico e conta com as unidades de investigação Instituto de Tecnologias Interativas (ITI), Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento (IN+), (ambos incluídos no Laboratório Associado LARSyS) e o Centro para a Inovação em Território, Urbanismo e Arquitetura (CiTUA). O projeto conta ainda com o apoio institucional de parceiros internacionais como o Programa Carnegie Mellon Portugal (CMU Portugal). “Este projeto vai permitir criar oportunidades de interação com as comunidades para conseguirmos uma transição ambientalmente sustentável, socialmente justa e esteticamente apelativa”, de acordo com o coordenador do projeto Nuno Jardim Nunes, professor do Instituto Superior Técnico e presidente do ITI.
O oceano tem importância ecológica e a relevância habitacional, dado capturarem um terço das emissões de CO2 e 41% da população europeia habitar em zonas costeiras, foi por uma isso uma escolha natural como centro do projeto. “Os oceanos enfrentam atualmente diversos desafios como a poluição com plástico, as reduzidas reservas de peixe ou a subida do nível do mar. Com este projeto queremos promover a interdisciplinaridade entre designers, arquitetos, engenheiros, artistas, gestores e cientistas com vista à criação de soluções de design sustentável para resolver problemas ambientais nas zonas costeiras”, acrescenta o investigador.
Os demonstradores são espaços que vão acolher projetos artísticos baseados neste tema, pretendendo-se escalar estas ideias dos domínios da arte e cultura e implementá-las em bairros e zonas específicas das cidades. Em Lisboa e Oeiras o projeto estará sedeado no futuro “Hub do Mar”, em Pedrouços, onde serão desenvolvidas várias atividades demonstradoras relacionadas com a economia azul, mas também com a literacia dos oceanos, alimentação sustentável e soluções de mitigação e adaptação à subida dos oceanos. O programa “New European Bauhaus” que financia o projeto visa fazer crescer movimentos que contribuam para alcançar os objetivos do Pacto Ecológico Europeu (Green Deal) com foco na sustentabilidade e inclusão social.
“Acreditamos que só através de uma abordagem relacional e inclusiva podemos fazer face à escala e complexidade do problema central: a crise climática. O que propomos é uma mobilização inclusiva e colaborativa a partir do espaço natural global mais decisivo dos nossos tempos: a água”, finaliza Mariana Pestana, arquiteta e Investigadora Principal do projeto.