Ciência e Tecnologia

Tese de doutoramento de estudante do Técnico desenvolvida no CERN é galardoada pelos ATLAS Thesis Awards

Luísa Carvalho, doutorada em Física pelo Técnico, foi reconhecida pelo seu trabalho em torno do detetor ATLAS, inserido no acelerador de partículas do CERN.

“Foi um período muito importante para o meu desenvolvimento científico” – é assim que Luísa Carvalho resume os dois anos que passou na Organização Europeia para a Investigação Nuclear (comummente apelidada de CERN), desenvolvendo a sua tese de doutoramento com o Instituto Superior Técnico no seio da colaboração ATLAS. A agora alumna do Técnico foi agraciada, a 20 de fevereiro, com um ATLAS Thesis Award, prémio atribuído a estudantes no CERN que visa “reconhecer o impacto significativo da sua investigação em análises em física, avanços em detetores e desenvolvimento de software”.

A colaboração ATLAS é uma das quatro experiências do Grande Colisor de Hadrões (LHC, na sigla inglesa) do CERN, o acelerador mais energético alguma vez construído. Através da colisão controlada de partículas a velocidades próximas da da luz, o LHC procura estudar as suas propriedades e testar as teorias que explicam a origem e desenvolvimento do Universo. O ATLAS é um dos dois detetores general-purpose (i.e. dedicado à deteção de vários tipos de partículas, não especializado) do LHC, tendo estado envolvido, em 2012, na descoberta do bosão de Higgs (uma partícula cuja existência é essencial para explicar a estrutura do Universo).

O trabalho de Luísa Carvalho focou-se em medições experimentais das propriedades das partículas fundamentais para tentar perceber porque é que o Universo é largamente feito de matéria, em contraste com a sua quase ausência de antimatéria (a chamada “assimetria matéria-antimatéria”). A alumna do Técnico teve ainda um papel relevante no sistema de trigger do detetor, necessário à seleção de dados durante a experiência – com feixes de protões a cruzarem-se 40 milhões de vezes por segundo, é essencial uma curadoria destes eventos, sendo selecionadas mil colisões a cada segundo por este sistema de trigger para posterior análise.

“Extremamente grata e muito feliz”, Luísa Carvalho vê a receção deste ATLAS Thesis Award “como uma celebração de vários anos de trabalho árduo, mas principalmente como reconhecimento do apoio científico e pessoal de que benefici[ou]”. Além do Programa Doutoral em Física, a alumna também concluiu o Mestrado em Engenharia Física Tecnológica do Técnico, que realizou inserida no Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), centro de investigação associado à Escola. A experiência de estudar no Técnico foi “desafiante”, “intensa” e “indispensável para poder hoje trabalhar como investigadora na área de física de partículas experimental”, partilha.

Atualmente, a alumna prossegue o seu trabalho de investigação no Deutsches Elektronen-Synchrotron, em Hamburgo, na Alemanha.