O Instagram divulgou recentemente que este ano já foram publicadas mais de 500 milhões de histórias diárias. Esta rede social é apenas um dos muitos exemplos da utilidade do JPEG, um método usado para comprimir imagens digitais. Todos os dias, nos mais variados pontos dos dois hemisférios do globo terrestre, um grande número de imagens em formato JPEG é criado e compartilhado. Segundo um relatório recente da w3Techs, o JPEG é usado por 71,4% dos sites. Por este motivo, foram poucos os que ficaram surpreendidos por o Joint Photographic Experts Group (JPEG) ser o destinatário do Emmy de Engenharia atribuído pela US Academy of Television Arts & Sciences em 2019. O docente do Técnico e investigador do Instituto de Telecomunicações, professor Fernando Pereira, é um dos oito Chairs dos Subgrupos JPEG, e salienta que se pode dizer que este galardão é também um bocadinho da escola: “o Emmy foi atribuído ao Comité JPEG de que 2 especialistas do Técnico fazem parte, um deles liderando mesmo um dos Subgrupos do comité”, explica o docente. O outro especialista a que o docente se refere é o professor João Ascenso, também investigador do IT.
Concluído em 1992, o comité JPEG teve como motivação inicial a vontade de um grupo de cientistas de encontrar uma maneira de comprimir imagens de forma a torná-las mais acessíveis, armazenáveis e transferíveis, na qualidade da imagem necessária para a aplicação em questão. “O formato JPEG tem já 27 anos e tem tido um sucesso enorme. Mas existem outros formatos que têm sido desenvolvidos ao longo dos anos, por exemplo, o JPEG 2000 muito usado em cinema digital”, destaca o professor Fernando Pereira. A distinção foi atribuída à norma JPEG inicial pela sua longevidade e por continuar a ser um dos formatos de imagem mais usado ao longo destes anos. Perante a tendência global de uso de imagem e vídeo, a importância do JPEG e o trabalho deste comité permanecem muito importantes.
“O comité de normalização JPEG especifica soluções de codificação (formatos) de imagem que são hoje largamente usadas pela maioria da população mundial em inúmeras aplicações e serviços”, explica o professor Fernando Pereira. O IT tem participado ao longo dos anos, não só propondo tecnologia, mas também participando na liderança mundial do comité. Além disso, o IT lidera também tecnicamente, através do professor João Ascenso, uma das atividades mais recentes e excitantes do setor: a codificação de imagens baseada em técnicas de aprendizagem profunda (deep learning).
O envolvimento do IT no comité JPEG surge de forma natural, uma vez que este centro de investigação “tem um grupo na área da representação multimédia onde se integra a codificação de imagem”, sendo por isso algumas das tecnologias propostas ao comité JPEG. Acerca da atividade que o IT lidera no comité JPEG, o professor Fernando Pereira explica que “as técnicas de aprendizagem profunda são finalmente utilizadas para codificação de imagem (o mesmo que faz o formato JPEG), tendo-se alcançado resultados excecionais em pouco tempo”. “O IT tem também vindo também a desenvolver investigação na área da codificação de nuvens de pontos 3D usando estas técnicas”, acrescenta o docente, explicando ainda que “as nuvens de pontos são um tipo de representação de informação visual que se espera venha a ter uma grande importância no contexto da realidade virtual e realidade aumentada”.
Bem mais conhecido nas categorias artísticas, este Emmy é atribuído a um indivíduo, empresa ou organização pelos seus desenvolvimentos na área de Engenharia e que representem uma melhoria “significativa nos métodos existentes ou de natureza tão inovadora que afetam materialmente a transmissão, gravação ou receção de televisão”. Não há dúvidas de que o JPEG foi e continuará a ser um rasgo de inovação.