“Nós, os mortais, conseguimos a imortalidade nas coisas que criamos em comum e que estão atrás de nós”- a frase é do próprio Albert Einstein e diz tanto sobre o mesmo e sobre a sua obra. O seu nome dispensa apresentações, a importância do seu trabalho é nitidamente indiscutível. Físico de formação, Albert Einstein é considerado por muitos como um dos maiores cientistas da história, e por outros tantos como a figura do século XX, e há exatamente 140 anos o mundo seria presenteado com o seu brilhantismo. “Lembrar esta data é uma ótima oportunidade de pensar como o seu legado foi profundo”, afirma a professora Teresa Peña, presidente do Departamento de Física (DF) do Técnico.
Pensar em Einstein é pensar em relatividade, em gravidade e, consequentemente em cosmologia, buracos negros e, claro, ondas gravitacionais. Foi exatamente a “teoria da relatividade” – apenas uma das suas muitas teses – que o popularizou e o elevou à categoria de “génio”. No entanto, são muitas as suas conceções científicas da sua autoria que revolucionaram a visão do Universo e, ao mesmo tempo, permitiram o desenvolvimento de tantas outras áreas. Prova disso mesmo é a descoberta da lei do efeito fotoelétrico , cujo modelo é crucial na mecânica quântica e com o qual Einstein ganhou o Prémio Nobel em 1921. Foram também as suas contribuições em torno da emissão estimulada que possibilitaram invenções tecnológicas como o raio laser, o scanner, a impressora, tendo a mesma inúmeras aplicações na medicina. Os seus primeiros estudos sobre o movimento browniano são precursores da teoria de Black-Scholes (prémio Nobel da economia 1997), fundamental em aplicações financeiras e usada milhares de vezes diariamente. “A obra de Einstein mudou muitos paradigmas. Interligou espaço, tempo, energia e matéria numa grande síntese que ainda define a Física cem anos depois”, comenta a docente do Técnico.
Não é preciso recuar muitos anos no tempo, nem perceber muito da área, para comprovar o impacto que o trabalho deste notável físico continua a ter nos dias de hoje. Basta recordar a primeira observação directa de ondas gravitacionais pelas colaborações internacionais Ligo e Virgo, anunciadas em 2016, e que deu origem ao Prémio Nobel de Física de 2017. “E de outras observações que se lhe seguiram que confirmaram a teoria da relatividade geral. Vive-se uma nova era da astronomia que consegue penetrar em eventos cósmicos extremos como colisões entre buracos negros e estrelas de neutrões”, denota a professora Teresa Peña. “A história dos momentos mais remotos do universo começa a ser registada. Esta informação terá consequências para outros domínios da física como física nuclear e física de partículas”, acrescenta ainda a docente do Técnico.
Um pensador nato, atento aos problemas da humanidade, acérrimo defensor dos direitos civis e da liberdade de expressão, carismático, mas discreto na sua essência, Einstein dispensava a fama que acompanhava o sucesso do seu trabalho. É fácil entender tudo isto quando lembramos uma das suas imagens mais emblemáticas: a fotografia em que de cabelo desgrenhado, o bigode grosso e de olhos bem abertos, Albert Einstein pousa para o retrato com a língua de fora. Esta fotografia – que se tornou uma das mais icónicas e celebres do Físico -, está aliás também hoje de parabéns, uma vez que foi tirada no seu 72º aniversário, em 1951, sendo apontada por muitos historiadores como o retrato mais fiel do físico. “Acho que Einstein foi uma pessoa que sempre procurou ser feliz. E se nas relações pessoais nem sempre certamente foi perfeito, percebia bem o que é preciso para a humanidade ser mais feliz. Ser cientista e ser humanista são características muito compatíveis”, refere a professora Teresa Peña. Por outro lado, e como refere e bem a presidente do DF, “o exercício do pensamento científico serve para os cientistas se abrirem ao mundo, não para se fecharem. A curiosidade é uma grande janela sobre o mundo físico e também sobre os outros seres humanos”. E Einstein cumpria à risca essa mesma ideia.
Crente do poder da ciência, acreditava igualmente no poder do ser humano, e é também por isso que Einstein deve ser lembrado e admirado. “Há uma força motriz mais poderosa que o vapor, a eletricidade e energia atómica: a vontade”, dizia.